Por uma escola verdadeiramente inclusiva: solicitações de uma mãe de criança com deficiência
Caro leitor,
O relatório abaixo sobre inclusão e solicitações, foi enviado por Maria Helena Teramoto a uma Delegacia de Ensino do Bairro Butantã, na cidade de São Paulo.
Helena é mãe de uma criança com deficiência, extremamente preocupada com a verdadeira inclusão escolar de seu filho e dos demais. Quando digo verdadeira inclusão escolar, estou me referindo ao fato de que muitos alunos com deficiência estão estudando em escolas regulares, mas isso não significa que eles foram incluídos efetivamente no contexto escolar. A Declaração de Salamanca sobre inclusão escolar foi adotada em 1994, e até hoje, muitas instituições escolares estão vivendo um “faz de conta” em seu cotidiano escolar.
Helena gostaria que esse texto ecoasse para outras escolas, e que mães que enfrentam essa dificuldade no dia a dia, possam aderir a essa causa e ter voz ativa nessa questão.
Relatório sobre inclusão e solicitações
Conforme exigência legal de inclusão no espaço das Instituições Educativas regulares das crianças que necessitam de cuidados especiais seja de ordem psíquica, neuropsicológica, física, auditiva, visual entre outras; traz aos profissionais da área, pais e instituições a necessidade de conhecimentos mais específicos e apropriados em relação às possibilidades e formas que assumem a aprendizagem dessas crianças no contexto escolar.
Devemos nos orgulhar pelo avanço conquistado acerca da Inclusão como citado acima, pois no passado era impossível pensar esta possibilidade, porém, ainda há muito por fazer e caminhar neste sentido.
Partindo do pressuposto de que a Inclusão não é apenas acolhimento, necessitamos que os alunos que apresentam diversidades funcionais tenham acesso ao conhecimento, ao desenvolvimento e avanço nos conteúdos a serem trabalhados.
Diante desse desafio e da complexidade da questão, faz-se necessário a busca constante de formação e capacitação das partes envolvidas para aquisição de informações, que se transformarão em conhecimentos; e a prática desses em experiência, para que efetivamente possa se concretizar e consolidar a temática.
A Escola como um todo, desde o servente ao Diretor, necessita de formação para receber os alunos com deficiência, que por sua vez possam ampliar essas informações, cada qual com suas dificuldades para que possam ser atendidos num nível satisfatório, pois não basta apenas recebê-los em razão da lei e “exclui-los” dentro da Instituição, como por exemplo, ignorando suas necessidades e ou a presença destes, ou ainda fazendo distinção entre os seres humanos julgando-os como “anormais” ou qualquer outro termo desprezível.
A Escola inclusiva deve ser aberta, eficiente, democrática, solidária e que se organiza e se mobiliza para atender todos os alunos independente da sua condição.
Neste sentido, é fundamental que as Escolas tenham profissionais capacitados, que tenham acesso aos materiais de apoio pedagógico, auxiliares para apoio junto ao professor titular, mobiliário, equipamentos, ambiente adaptado desde banheiros e espaço de enfermaria em condições de higiene aprovável para atendimento às determinadas situações emergenciais.
As Escolas também necessitam de monitoramento, informações atualizadas, suporte, intercâmbio com o Órgão elegido para dar as diretrizes à Inclusão Escolar.
Tendo em vista as necessidades dos alunos de Inclusão, deparamo-nos com várias situações que dificultam tanto o aluno como à Escola por falta de infraestrutura; seja física, de locomoção, principalmente a capacitação e formação de educadores e toda a Equipe escolar, bem como mobiliário ou material de apoio pedagógico entre outras como já citados anteriormente.
Pois, entendemos que o fato da criança ou adolescente ir para à Escola não significa que suas necessidades estejam sendo atendidas, muito pelo contrário; por vezes, a ausência de um atendimento correto poderá desencadear processos de angústia e sofrimento ao educando, devido a falta de adequação e preparo para recebê-lo, indo na contramão da Inclusão.
É de suma importância que haja suficiente clareza e discernimento por parte do educador para verificar se o educando consegue captar e assimilar os conteúdos trabalhados, bem como se há integração, socialização com os demais educandos.
Assim como a Escola tem como dever, informar e orientar todos sem exceção, o ingresso de alunos com diversidades funcionais no sentido de serem recebidos e acolhidos de maneira solidária e humana sem distinção e; cuidando até mesmo para que não ocorram casos de bullying.
Nós, grupo de pais, ao participarmos da reunião ocorrida no CEU Butantã em outubro passado, a convite do CEFAI, tendo como tema o Programa INCLUI do Projeto Rede, onde participaram CEFAI, profissionais da área da saúde como: fisioterapeuta, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, assistente social, psicóloga, ficamos esperançosos para que o Programa efetivamente inicie em todas as Escolas o atendimento às necessidades de cada aluno de Inclusão.
Teoricamente o programa é encantador, pois traz possibilidades diversas, principalmente da criança interagir e se desenvolver no seu aprendizado, como um todo, ainda que dentro das suas limitações. Ressaltamos e enaltecemos a extrema importância do trabalho, do comprometimento e responsabilidade de todos os profissionais envolvidos, pois possibilitarão alterar o rumo de vidas quando bem conduzidos.
Porém, a realidade do momento nos coloca distante dessa expectativa, uma vez em que ainda não há efetivamente a execução do Programa, pois nenhum dos pais presentes havia sido atendido até então; e alguns desconheciam a existência de um cuidador (AVE).
Na ocasião, foi alegado que por ser um programa recente (1 ano de existência), ainda estavam “engatinhando” e experimentando o Projeto. Bem como havia dificuldades no sentido de recrutar profissionais e outras dificuldades burocráticas que dependem de órgãos superiores e também pela morosidade na aprovação, elaboração e execução propriamente dita.
Deste modo, solicitamos ao Setor responsável, aos profissionais envolvidos cada qual em sua área de competência, que possam ser mapeados e identificados os alunos que necessitam de cuidados especiais e que possibilitem aos educadores e profissionais envolvidos a formação continuada para adequá-los às necessidades desses alunos.
Salientamos ainda a existência de diferentes tipos e níveis de comprometimento por parte das famílias em relação às crianças que necessitam de cuidado e atenção especial. Assim, há que se observar e diferenciar as limitações da capacidade de compreensão de cada uma das pessoas ou famílias em questão.
Deste modo, faz-se necessário a troca de informações em forma de palestras, reuniões ou outra forma de comunicação aplicável caso a caso para o “despertar” da importância e das responsabilidades que envolvem uma criança especial, onde a premissa parte da aceitação no seio da família a qual pertence.
A partir daí, viabiliza-se o desenvolvimento da relação: Família – Escola –Comunidade, possibilitando todos os envolvidos a exercerem seus direitos e deveres.
Pensamos e defendemos que somos seres em formação e que somos dotados da capacidade de aprender diariamente; neste sentido, possibilitar que um aluno com deficiência possa interagir com os demais e vice versa é viabilizar aprendizado em todos os sentidos e, principalmente lidar com a diversidade funcional, é possibilitar crescimento e amadurecimento mútuo.
Conforme as dificuldades e necessidades já expostas anteriormente, nós, grupo de pais reiteramos as solicitações à esta Secretaria Municipal de Educação os seguintes tópicos, a saber:
– Formação e capacitação de educadores e Equipe Escolar
– Salas de Apoio (SAAI)
– Auxiliares/ estagiárias em Pedagogia ou Magistério para auxiliarem junto ao professor
– Auxiliar de vida escolar
– Materiais de apoio pedagógico diversos para atender de acordo com as necessidades de cada educando
– Formação em Libras ou outro tipo de comunicação alternativa, inclusive Braile
– Mobiliário específico (carteira, cadeira, etc)
– Enfermaria com maca e degrau e equipado com kit de primeiros socorros
– Banheiro adaptado com ducha higiênica
– Cobertura contra chuva do local de embarque e desembarque de cadeirantes, estendendo-se à rampa de acesso até o hall de entrada.
– Manutenção contínua do elevador para uso dos cadeirantes
– Equipamentos contra incêndio
– Rota de fuga fixada em murais em casos de incêndio
– Manutenção e renovação de equipamentos contra incêndio
– Simulação contra incêndio com toda a Escola
– Parcerias com especialistas e outras Instituições
Sem mais para o momento, no aguardo da compreensão dos senhores,
Atenciosamente,
Maria Helena H. Honma Teramoto
Email: mhhhonma@uol.com.br
Veja:
Helena, meus parabéns pela matéria! Com certeza é de grande contribuição para as Autoridades envolvidas e também chamar atenção das Familias que passam por estas situações:participarem nestas cobranças, fazendo que os Governantes e Ministério da Educação cumpram estes Direitos. Parabéns a Vera Garcia por abrir este espaço, abraço!
Deoclécio e Vera Garcia, muito obrigada pelo apoio, incentivo e por ceder espaço em seu blog. Um gde abraço!
Deoclécio e Helena,
Agradeço aos dois pela grande contribuição!
Espero que aumente cada vez mais o número de pais conscientes sobre o direito de ver seu filho incluído e não integrado na escola. Precisamos de inclusão total e incondicional desses alunos nas instituições escolares.
Abraços!
Mais uma vez muito obrigada por abrir espaço na divulgação do texto em seu blog Vera!
Tb vai minha gratidão ao amigo Deoclécio por patrocinar e incentivar a divulgação.
Com isso, tbém espero que cada vez mais as pessoas se conscientizem da importância da participação ativa acerca da Inclusão.
Juntos, somos mais!
Um forte abraço,
Helena