Equipamentos doados ao Boldrini são finalmente liberados pela Anvisa
Máquinas estavam retidas pela Anvisa em Viracopos há 18 meses
Quase um ano e meio depois de receber equipamentos médicos doados pelo Rotary Internacional e Project Cure, de Denver (EUA), o Centro Infantil Boldrini finalmente conseguiu ter acesso à parte do material que estava retida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Aeroporto de Viracopos. No valor estimado de US$ 500 mil, os equipamentos incluem cadeiras de rodas eletrônicas, mamógrafo, cardioversor e material hospitalar. Para a presidente do Boldrini, Sílvia Brandalise, a posição da Anvisa é “anacrônica”. “É preciso uma releitura das práticas reguladoras para importação, de forma a tornar o processo mais ágil. É constrangedor ver na TV a liberação de máquinas caça-níqueis e de jogos de azar, enquanto equipamentos médicos ficam retidos”. Para Sílvia, a legislação impõe condições absurdas, “como querer que o doador faça manutenção dos equipamentos”.
Sílvia afirmou que é importante ter controle em cima de importações para não ocorrer fraudes. Mas lembrou que os equipamentos em questão vêm com o aval do Rotary Internacional e Project Cure, e ficarão sob a responsabilidade do Boldrini, todas instituições fidedignas e de mérito reconhecido. “O Boldrini assume a responsabilidade pelos equipamentos e materiais utilizados no hospital. Evidentemente, não vai usar um aparelho sem ter a certeza de que funciona adequadamente”, disse.
A médica citou que, atendendo solicitação da Anvisa, além dos técnicos do hospital, engenheiros da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vistoriaram os equipamentos e atestaram que 80% deles estão em bom estado, necessitando apenas de troca de bateria devido ao tempo que estão parados. Já seis aparelhos de ultrassom, que precisam de revisão e são modelos mais antigos (tela pequena e em preto e branco), não serão usados no Boldrini, mas destinados à medicina experimental (em animais) da Unicamp, ou terão as peças reaproveitadas.
Sílvia disse que, desde novembro, quando ocorreu a doação, além de não ter acesso aos equipamentos, o hospital tem que pagar mensalmente um aluguel — que hoje é de R$ 500,00, mas já chegou a ser R$ 1.000,00 —, para manter os equipamentos em um armazém da Estação de Armazenagem Direta (EAD). “Já pagamos mais de R$ 18 mil neste período. Dá para pensar se a proposta não é mesmo de atrasar a retirada, já que nesse tempo alguém ganha com isso”. Ela disse ainda que a Anvisa de Brasília liberou, mas a agência local reteve materiais hospitalares, alegando estarem com o prazo de validade vencido. “É óbvio. Eles estão retidos há um ano e meio. Mas, basta esterilizar novamente que os materiais ficam bons para uso. Não há raciocínio lógico que explique isso”.
Para a médica, a atitude da vigilância do aeroporto “é um desrespeito ao Rotary Internacional, Project Cure, ao embaixador brasileiro em Denver, ao parecer da Anvisa de Brasília, ao Centro Boldrini e, finalmente, às crianças atendidas no hospital”.
Rotary
A retenção dos equipamentos desagrada aos clubes Rotary de Campinas, que se mobilizaram pela doação. “O Rotary tem como objetivo servir as comunidades mundiais. Os 12 clubes de Campinas auxiliaram o Boldrini”, disse Celso Eduardo Moreira. O Rotary de Campinas, com ajuda da Fundação Rotária e do Clube da Alemanha, fez a doação de US$ 13.738,00 investidos na aquisição de oito oftalmoscópios, para o diagnóstico de câncer ocular.
SAIBA MAIS
Entre os equipamentos doados estão sete cadeiras de rodas eletrônicas, seis ultrassons, três cardioversores, mamógrafo, oto-oftalmoscópio, insuflador, lâmpada de fenda, kit cirurgia lararoscópia e kit cirurgia ortopédica. Exceto os ultrassons e mamógrafos, que precisam de revisão e são modelos mais antigos, os demais estão em bom estado, necessitando apenas de troca de baterias ou revisão leve.
Fonte: Correio Popular de Campinas (23/04/2010)
Obs. Coloquei algumas frases em negrito para destacar.
Essa ANVISA é impressionante! Queria saber o que eles ganham fazendo isso, pois todos os outros perdem.
Concordo com você, Eduardo!
Segundo informações da presidente do Boldrini, devido ao pagamento mensal do aluguel dos equipamentos, que por sinal é um valor absurdo, dá até para pensar que a proposta é atrasar a retirada já que alguém ganha alguma coisa com isso.
Obrigada pelo comentário!
Quando leio esse tipo de notícia, minha vontade é entrar quebrando tudo no escritório da ANVISA. Dá pra entender? Não dá. Só consigo mesmo imaginar que não apenas uma, mas muitas pessoas ganham com isso. E pra variar, só quem perde é o contribuinte. Revoltante!
É revoltante mesmo, Bianca!
Matérias como essa precisam ser amplamente divulgadas, para que o contribuinte possa ter ciência de tudo isso. Acredito que quanto maior o número de pessoas cientes de todos esses acontecimentos vergonhos, melhor.
Abraços,
Vera
A burocracia é um problema sério mesmo. Aqui no Rio Grande do Sul alguns caminhões usados doados por um grupamento de bombeiros da Alemanha para o Corpo de Bombeiros da Brigada Militar ficaram um tempo retidos no pátio do porto de Rio Grande esperando liberação da alfândega (governo tentando roubar governo é dose mesmo, só mostra a degradação moral dos administradores públicos).
Trabalho com uma comunidade carente e em uma ong onde o trabalho é voltado para area da saúde, se for possível receber-mos doação de equipamento para a ong seria de grande ajuda para comunidade.