Justiça dos EUA permite execução de deficiente intelectual
Caro leitor,
A matéria abaixo foi extraída do site Conjur.
ATROCIDADE!
Na noite da última terça feira (7/8), o estado do Texas, nos Estados Unidos, executou o condenado Marvin Wilson (foto). Pouca gente, mesmo no Texas, estado que lidera no número de execuções de pena de morte no país, acreditava que isso iria acontecer. A expectativa era de que a Suprema Corte dos EUA suspendesse a execução devido a um raciocínio simples: em 2002, ela declarou que a execução de pessoa “mentalmente incapaz” é inconstitucional. Era o caso de Wilson, de 54 anos. Com o QI de uma criança no primeiro grau — o índice de Wilson era de 61, quando o padrão mínimo de uma pessoa normal é 70 —, ele tinha, comprovadamente, uma “capacidade mental diminuída”. Mas, a Suprema Corte entendeu que a ameaça ao direito à vida não estava acima da autonomia dos estados da federação, e lavou as mãos. Recusou-se a examinar o caso, declarando que cabe a cada estado definir o que é “mentalmente incapaz”.
Na quinta-feira (9/8), articulistas de diversas publicações americanas se declararam “chocados”, “perplexos” e “surpresos” não com a voracidade do Texas por execuções de pena de morte, mas com a omissão da corte mais alta do país. Afinal, na decisão de 2002, baseada em um caso notório conhecido como “Atkins vs. Virgínia”, a corte decidiu que a execução de “deficientes mentais” viola a 8ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que proíbe “punição cruel e incomum”.
Com a decisão em suas mãos, o Texas cumpriu o programado e executou a pena de morte. No entanto, a mídia americana se encarregou de levantar e relatar o histórico da deficiência mental de Wilson, que estava no corredor da morte desde 1992, por participar do assassinato de um informante da polícia:
“Ele tinha a capacidade mental de uma criança do primeiro grau, não conseguia calçar meias do mesmo par e foi despedido por um posto de serviços porque era lento demais para secar um carro. Um neuropsicólogo clínico, com 22 anos de experiência, concluiu que Wilson é intelectualmente inválido”, escreveu a CNN.
“Ele não conseguia lidar com dinheiro ou consultar uma lista telefônica. Chupava o dedo e não sabia que lado era o direito e qual o esquerdo do corpo ou das coisas. Até a idade adulta, não conseguia amarrar os sapatos ou usar roupas com botões”, acrescentou o The New York Times.
“Ele tinha dificuldades para entender o que é uma conta bancária. Quando criança, às vezes apertava seu cinto tão fortemente que cortava a circulação do sangue. Não conseguia desfrutar brinquedos tão simples como bolinha de gude e era atormentado por outras crianças que o chamavam de “burro” e de “retardado”, narrou o The American Prospect.
Com todos esses problemas, era natural que Wilson encontrasse dificuldades para ganhar a vida, dizem as publicações. Mas ganhou um “apoio” de uma organização: a dos traficantes de drogas da cidade. Transformado em “laranja”, ele foi denunciado por um informante da polícia. Os investigadores fizeram uma busca no apartamento em que vivia e encontraram 24 gramas de cocaína. Foi preso e solto logo depois de paga a fiança. De volta às ruas, Wilson aprendeu o que se faz em uma situação dessas. Ele e um “amigo” confrontaram o informante, à saída de uma loja de conveniência, e atiraram nele — sem se preocupar com detalhes, como o de tentar não ser reconhecido.
Os advogados de Wilson pediram a intervenção da Suprema Corte porque o Texas determina se uma pessoa sofre ou não de deficiência mental com base em critérios que “não têm fundamentos científicos”, de acordo com o Texas Tribune e o The New York Times. Em uma decisão de 2004, que abriu caminho para a execução de Wilson, um juiz de um tribunal estadual invocou trechos literários, em vez de texto jurídicos ou científicos, para determinar que o estabelecimento do nível de deficiência mental depende do consenso dos cidadãos do Texas sobre a possibilidade de o réu ser ou não condenado à pena de morte. O livro citado pelo juiz é o “Of Mice and Men” (Ratos e Homens), de John Steinbeck.
A família de John Steinbeck, já morto, se declarou “ultrajada” com a decisão do juiz de usar uma obra de grande sucesso do escritor, prêmio Nobel de literatura, para justificar a condenação de Wilson à pena de morte, segundo o The Atlantic Wire. O filho do autor Thomas Steinbeck escreveu: “Considero que toda a premissa [engendrada pelo juiz] é insultante, ultrajante, ridícula e profundamente trágica. Estou certo de que, se meu pai estivesse vivo, ele teria ficado furioso e envergonhado por ver sua obra usada dessa maneira. E a última coisa que alguém gostaria de fazer é provocar a ira de John Steinbeck”.
“A execução de um homem negro, pobre, intelectualmente incapaz, mostra mais uma vez a natureza arbitrária da pena de morte. Há 40 anos, a Suprema Corte proibiu a condenação à pena de morte no país. Mas, quatro anos depois, voltou a aprová-la, com a recomendação de que só poderia ser aplicada ao ‘pior dos piores’. O caso de Wilson dificilmente exemplifica esse princípio”, declara a CNN em artigo.
De acordo com o Huffington Post, os Estados Unidos estão entre os países que mais executam pena de morte no mundo. O país compartilha essa “primazia” com Somália, Síria, Malásia, Irã, Arábia Saudita, Iêmen, China, Coreia do Norte e Sudão.
Veja:
AAAAAAAAAAAIII, CHEGOU DOER MEU CORACAO, CONDENAR UMA PESSOA QUE JÁ É CONDENADO PELA VIDA É MUITO TRISTE, QUANTOS CORRUPTOS, ESTRUPADORES, ASSASSINOS SOLTOS, FICO INDIGNADA COM A DIFERENÇA SOCIAL.
Eu discordo da Sra. Neida Benício, pois esse senhor Marvin Wilson era um assassino. Acrescento que a polêmica é desconsiderar que ele não conseguia executar qualquer atividade que fosse produtiva para a sociedade (como foi citado o exemplo do trabalho que ele foi demitido por não conseguir secar um carro) além do fato dele não conseguir ao menos amarrar os próprios cadarços! Mas cometer crime ele é capaz sim e por isso tem que pagar. Se a pena foi justa ou não, eu não posso entrar no mérito, mas acredito que esse senhor não conseguiria ser um cidadão responsável e no máximo ficaria internado em algum asilo às custas dos contribuintes, pois jamais poderia ser reintegrado à sociedade.
Sabrina, todos têm o direito de expressar sua opinião, respeito isso. Entretanto se ele tivesse uma deficiência física concordo que ele deveria pagar pelo seu crime como qualquer outra pessoa, mas jamais com a vida! No entanto foi provado que ele tinha deficiência intelectual. Além de ter essa deficiência ele era negro e pobre. Como você acha que a sociedade preconceituosa enxerga uma pessoa assim? Na verdade eles não enxergam, pois um ser humano como esse é invisível aos olhos da sociedade, infelizmente.
De acordo com a reportagem ele foi criado na periferia e os vizinhos eram traficantes. Se uma pessoa como ele que não conseguia vestir as próprias calças, amarrar os sapatos, usar roupas com botões, não conseguia brincar com bolinhas de gude, chupava o dedo e agia como uma criança… como esperar o discernimento de uma pessoa como essa? Como esperar que ele respeite os valores sociais, morais e éticos da sociedade?
Quem garante que foi ele que atirou no policial? Assim como ele foi transformado em “laranja”, quem pode garantir que não jogaram a culpa nas costas dele? Ele era negro, pobre e deficiente intelectual!
Alguém levou em consideração os valores sociais, éticos e morais da sociedade antes de matá-lo?
Veja esse link, por favor: http://www.deficienteciente.com.br/2012/08/agosto-de-1941-hitler-foi-denunciado-por-programa-de-exterminio-de-deficientes-fisicos-e-mentais.html
Eu não sou perita em direito americano, mas partindo do pressuposto legal que só se pode aplicar esse tipo de pena quando já está com pena transitada em julgado, acredito que todas as questões devem ter sido avaliadas por juízes renomados e a possibilidade dele ser um “laranja” foi descartada durante o processo.
E mais, não entrei no mérito do tipo de pena porque no Brasil temos uma realidade bem diferente, mas a impunidade gera mais crime, sendo o criminoso deficiente ou não.
Da mesma forma que no Brasil se usa crianças para o tráfico de drogas devido ao fato de serem inimputáveis, com certeza os problemas não se resolvem com pena de morte, mas sim com o fim da impunidade.
É um caso polêmico e muita gente terá opniões diferentes.
Agradeço pelo espaço.