Rio de Janeiro: sede das Paralímpiadas-2016 e pesadelo para os deficientes
O Brasil tem “um longo caminho a percorrer em termos de inclusão social para deficientes”, admitiu em Londres Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Com muita paciência, Viviane Macedo, pentacampeã brasileira de dança em cadeira de rodas, se prepara para enfrentar o pesadelo diário de milhares de pessoas com deficiência física no Rio de Janeiro, que em quatro anos sediará os Jogos Paralímpicos: o de se deslocar pela cidade.
Vários ônibus passam a toda velocidade e a ignoram. Outros não estão adaptados para transportá-la. E quando finalmente um é forçado a parar por um fiscal, o mecanismo para levantar a cadeira de rodas não funciona.
Os desafios são muitos: faltam calçadas ou elas estão cheias de buracos, os semáforos não têm som, faltam rampas e as que existem às vezes são tão inclinadas que exigem muita força para superá-las, muitos elevadores do metrô estão quebrados, táxis que se recusam a transportá-los …
“É quase impossível pegar um ônibus na cidade”, disse à AFP esta dançarina de 35 anos que se mudou para Copacabana, porque pode pegar o metrô, já que o Rio tem apenas duas linhas.
O sucesso dos paratletas brasileiros é o grito dos inocentes
Brasil quer 100% dos ônibus e táxis adaptados para a Copa e as Olimpíadas
Inacessibilidade nas ruas do Rio de Janeiro (Deborah Prates)
No entanto, não sabe se poderá continuar a viver no bairro por muito tempo. A Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 e o boom do petróleo têm inflacionado os preços e os custos de moradia subiram mais de 100% em um ano.
Viviane, que teve poliomielite quando criança, apesar de ter sido vacinada, não recebe qualquer ajuda do Estado e está à espera de uma prótese computadorizada que custa 30 mil reais, que seria fornecida pela Prefeitura.
Ela só esquece os problemas quando dança, especialmente samba e zouk. Mas para chegar até o salão, onde ela treina e ensina as crianças com deficiência, Viviane arrisca sua própria vida, movendo-se em sua cadeira de rodas entre carros, ônibus e motos que passam zunindo ao seu lado, porque as calçadas estão cheias de obstáculos.
A dança de cadeira de rodas não é um esporte olímpico, mas Viviane espera que os Jogos Paralímpicos, em setembro de 2016, com cerca de 4.200 atletas de mais de 150 países, deixe um legado para todos.
“No Rio, o cego é um aventureiro”
Mais da metade da frota de ônibus do Rio de Janeiro está adaptada para transportar deficientes (contra 100% dos ônibus de Londres, sede dos Jogos-2012), mas muitas vezes o mecanismo está quebrado, o motorista não encontra a chave para ligá-lo, ou, muitas vezes, nem sabe como funciona.
O sistema de transporte BRT (Bus Rapid Transit), escolhido para os Jogos de 2016, será adaptado para pessoas com deficiência, promete o prefeito. Mas onde as obras já começaram, na Barra da Tijuca, por exemplo, foram construídas rampas muito íngremes, disse à AFP Teresa Amaral, que dirige o Instituto Brasileiro de Direitos dos Deficientes (IBDD).
“O cego tem que ser um aventureiro no Rio. Uma amiga minha estava atravessando a rua do Instituto de Cegos, onde fica o único semáforo com som da cidade, e foi atropelada”, conta.
Viviane chega em Copacabana de metrô, após pedir ajuda a um funcionário para descer as escadas, pois o elevador não funciona.
No famoso calçadão da praia, o problema é a escada que leva aos banheiros. “Não há nenhum banheiro acessível aos deficientes em toda o litoral carioca. É preciso trazer penico ou segurar”, lamenta.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, prometeu na segunda-feira, ao desembarcar de Londres com a bandeira Paralímpica, que a cidade mudará.
“Vamos transformar esta cidade. Transformar esta cidade em algo acessível e amigável para os deficientes tem de ser um compromisso dos cariocas. Que a chegada desta bandeira nos inspire”, disse ele.
Da glória à dura realidade
Os atletas brasileiros estiveram entre os grandes protagonistas dos Jogos Paralímpicos de Londres-2012, onde conquistaram 43 pódios e a sétima colocação no quadro de medalhas.
Mas o retorno ao Brasil pode ser difícil para muitos, alerta Amaral.
“O atleta muitas vezes atravessa um momento de glória e volta para uma dura realidade no Brasil: não tem profissão nem emprego, ninguém respeita seus direitos”, disse, e lembra que alguns até “passam fome” após conquistar o ouro.
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