Blog Deficiente Ciente entrevista a advogada e escritora Alexandra Szafir
Caro leitor,
A entrevistada desse mês do Blog Deficiente Ciente é a advogada e escritora Alexandra Lebelson Szafir. Alexandra é paulista, tem mais de vinte anos de advocacia e escreveu o brilhante livro “desCasos, uma Advogada às Voltas com o Direito dos Excluídos”. Corajosa, inteligente, comprometida com a busca da justiça, bem humorada e irmã do ator e modelo Luciano Szafir, ela nos conta hoje sua história de vida. Acompanhe!
Deficiente Ciente: Há quanto tempo convive com a Esclerose Lateral Amiotrófica?
Alexandra Szafir: Os primeiros sintomas surgiram há 7 anos. Fui diagnosticada em maio de 2006.
D.C.: Conte-nos sobre sua vida antes e depois da E.L.A.
A.S.: Sem dúvida, mudou muito. Sempre fui muito independente, viajava, dançava, cozinhava…
Mas acho que tenho um mecanismo inconsciente de autoproteção, porque não fico pensando no que eu não posso fazer; simplesmente faço o que posso.
D.C.: Qual foi a reação de sua família?
A.S.: Foi de total preocupação e solidariedade.
D.C.: Você como filha de uma mãe empresária, estilista e socialite, em algum momento sofreu preconceito?
A.S.: Uma vez, num júri, um promotor imbecil disse que eu era “madame” e nunca tinha sujado o salto do sapato no chão de terra da favela. Atacar pessoalmente a advogada em vez de discutir o caso que estava sendo julgado foi uma atitude profundamente desleal e típica de quem sabe que está perdendo e não sabe lidar com isso. Caiu do cavalo: indignada, bati na mesa e disse o nome de algumas das favelas que eu já tinha visitado. Era ele que nunca tinha ido a favela nenhuma; ficou mudo! Ganhei o júri e o meu cliente foi absolvido.
D.C.: Você tem dois lindos filhos. Como é a mãe Alexandra Szafir?
A.S.: MUITO coruja. Sofro muito quando tenho que dizer não ou dar castigos. Converso muito com eles. Não posso falar por causa da ELA, mas, felizmente, temos o Messenger no computador.
D.C.: Qual sua opinião a respeito das pesquisas das células-tronco no Brasil?
A.S.: Há poucos anos, tivemos uma grande vitoria quando o Supremo Tribunal Federal declarou constitucional o uso de células-tronco embrionárias. Mas, pelo que vejo, apesar da competência e vontade dos nossos cientistas, tudo caminha muito lentamente, tanto no caso de CT adultas quanto embrionárias. Claro que esse não é um ponto de vista cientifico, mas o de uma paciente que vê outros pacientes morrerem como moscas, enquanto não há NENHUM teste clínico com humanos ocorrendo no Brasil.
D.C.: Como você vê o governo em relação aos pacientes com doença rara?
A.S.: O Poder Executivo me parece totalmente indiferente, apesar dos esforços de pessoas como os Deputados Mara Gabrilli, Romário e Mauricio Quintella. A verdade é que quem não tem recursos financeiros morre mais rápido.
D.C.: Muitas pessoas com deficiência se sentem inseguras e com baixa autoestima em relacionamentos amorosos. O que você diria a essas pessoas?
A.S.: Quer dizer que não sou só eu? Rsrsrs! Mas falando sério: eu diria para confiarem em seus parceiros.
D.C.: Conte-nos sobre o livro “DesCasos, uma advogada às voltas com o direito dos excluídos”? Como tudo começou?
A.S.: Tudo começou quando eu recebi um prêmio do Tribunal de Justiça de São Paulo, o “Advocacia solidaria”. Fiquei muito honrada e feliz porque esse prêmio me foi dado em razão do trabalho de que mais me orgulho: a advocacia criminal gratuita para quem não tem condições de pagar um advogado. Pouco depois, uma amiga me sugeriu que eu escrevesse um livro contando alguns desses casos. Escrevi, a Ed. Saraiva resolveu publicar, e assim nasceu “DesCasos”.
D.C.: Atualmente em qual (ais) projeto(s) está envolvida?
A.S.: Continuo trabalhando. Também tenho uma coluna chamada “Descasos” no boletim do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. Além disso, pretendo criar duas ONGs, para oficializar e, mais importante, ampliar trabalhos que eu já faço informalmente. Uma, para reverter condenações de réus inocentes e outra para fazer campanhas de arrecadação de fundos para pacientes de ELA sem condição de arcar com os custos da doença.
D.C.: Seu irmão Luciano Szafir, fez um vídeo muito reflexivo e conscientizador sobre a Esclerose Lateral Amiotrófica. Que mensagem você deixa para ele.
A.S.: Muito obrigada!
Assista o emocionante vídeo em que Luciano Szafir explica sobre a doença rara Esclerose Lateral Amiotrófica:
Essa mulher é uma guerreira.
Sou profissional de enfermagem e um dos meus objetivos é o cuidados com os pacientes acamados e principalmente daqueles que não têm família e nem poder aquisitivo para cuidar dos seus familiares.Sei que o descaso é grande, pouca atenção da sociedade e dos governantes.Agradeça a Deus por terem uma família presente para dar atenção, cuidados e Amor..
Boa tarde Alexandra.
Fico muito feliz em saber que existem pessoas como vc engajada nesse assunto sobre (ELA).
Tenho essa doença ,e só depois de 4 anos e de precisar entrar no tribunal causas especiais é que consegui receber da previdência pois como eu disse fiquei 4 anos sem receber 1 real da previdência Ah tem mais como essa doença é degenerativa eu necessito de um representante, passei a procuração p/ minha esposa, só que a previdência agora quer uma curatela, e o juiz na audiência não me concedeu e agora o que faço ..
Conheci Alexandra através de Alberto Toron. Alexandra começou a trabalhar com Toron em seu escritório de advocacia, um dos principáis do País, e depois tornou-se sócia. Alexandra jamais se deixou levar pelo lado privilegiado de ter nascido numa família de alta sociedade e de pais e irmãos bem sucedidos. Ela defendia os que não tinham dinheiro, encarou policiais violentos, uma Justiça morosa em defesa dos menos favorecidos. É dela porque não havia necessidade. Poderia muito bem cuidar apenas dos casos que rendem bons honorários. Quando trabalhava no jornal o Estado de S.Paulo – fui repórter por 27 anos -, escrevi muitas reportagens com as informações do trabalho de Alexandra junto aos pobres e menos favorecidos. Fico feliz em saber que apesar de tudo sua cabeça continua brilhante. Parabéns!!!!
Alê, não sabia que vc tinha qualquer problema. A minha admiração nasceu,quando lia sua coluna no Boletim, do IBCCRIM.A sua forma de abordar os assuntos relacionados com pessoas acusadas,da prática de delitos,era humana e lia tudo,até porque trabalho com apenados, pela função que exerço.
.Resolvi mandar um email e,depois nasceu uma amizade. Amiga querida, minha filha é que me disse que tinha lido que vc era portadora de ELA.Eu nunca ouvi algo a respeito.A partir daquele dia fui ler a respeito e,vi como vc é maravilhosa. Vc ajuda a quem precisa e eu que choro por dores de cabeça. Senti vergonha de mim,de ser tão frágil. Aprendi a amar vc,não porque tem ELA,mas pelo exemplo de dignidade,coragem e bravura que tem incrustado em seu ser.Seu corpo físico pode estar debilitado mas seu espírito forte,faz que todos que como eu,a amam,sintam-se fortes por ser vc determinada. Alê,vc é um Anjo do bem Deus a ilumine.
A coisa é muito mais séria e mais terrível do que se pensa. Estou realmente muito comovido e chocado… Não foi à toa que tive uma crise violenta de chôro assim que terminei de ler o livro de Alexandra ! Eu a conheci por acaso no Facebook. Foi um choque quando descobri o seu problema. Levei noites sem dormir … Ela tem a mesma doença do Dr. Stephen W. Hawking a quem eu devoto uma admiração incondicional… E ainda por cima ela é judia como eu. Um grande beijo Alexandra, que o Eterno D’us de Abraão, Itzhak e Yaakov prolongue seus dias sobre a Terra e lhe que vc tenha uma vida cheia de Prosperidade. Obrigado pelo belíssimo livro que me enviou. Chega a ser um solecismo verbal dizer isto , mas você é realmente linda !
P. S. : Espero que ainda continuemos nos falando durante muito tempo ainda.
I love you , ok?
Resolví escrever pra você, Alexandra para registrar meu orgulho de ver uma mulher com tanto brilho, com tanta contribuição linda à nossa infeliz sociedade. Sinto uma frustração imensa de não chegar sequer aos seus pés embora conte com todos os meus sentidos, com saude e membros funcionando… Voce foi abençoada e esse é o fundamento da vida.. uma contribuição que doamos todos os dias. Parabéns Alexandra. Continue sua luta que do lado de fora da sua casa ainda tem muita gente torcendo pelo seu sucesso !!! Obrigada pela garra, pela decência e pelo orgulho que voce nos faz sentir. Espero que Deus lhe abençoe com muito mais sucesso em sua vida. Com todo o meu carinho, Rosinha Gomes – Administradora de Empresas – Fortaleza- Ce
Todos vcs que falam e lutam pela conscientização de toda uma população e lutam para que estas pessoas tenham o que merecem; uma qualidade de vida melhor ; pois são SERES HUMANOS MARAVILHOSOS,GUERREIROS FORTES, ILUMINADOS e estão VIVOS.
Parabéns a todos vcs e a vc Luciano Szafir pela forma digna, humana e pelo seu empenho nesta causa e outras que só faz de vc além de um homem lindo externamente; é um homem especial, iluminado, consciente e que passei a admirar ainda mais .
Quero deixar mais uma vez meus parabéns a todos os envolvidos no projeto e a essas pessoas que lutam com tanta dignidade, vcs são guerreiros , abençoados por Deus . NÃO DESISTAM NUNCA DA VIDA , A VIDA PODE SER BELA BASTA OBSERVAR COM OUTROS OLHOS.
EU SOU PSICÓLOGA E PORTADORA DE DEFICIÊNCIA FÍSICA NO BRAÇO ESQUERDO; DIFICULDADE MOTORA E ME COLOCA Á DIPOSIÇÃO PARA AJUDAR NO QUE FOR POSSÍVEL ATÉ COMO VOLUNTÁRIA SE PRECISAREM .
ABRAÇOS A TODOS
Margareth
DesCasos me foi presenteado pelo então Promotor de Justiça Criminal João Luiz P. Miniccelli, amigo e admirador do trabalho da Autora.
Sua leitura nos enche de orgulho e honra, pois mostra que fazer o que se acredita sempre faz a vida valer a pena.
Seu exemplo de coragem e luta é absolutamente inspirador dra Alexandra.
Força e ânimo.
Abraços,
Celso.
Fico emocionada com tudo o que acontece com as pessoas portadoras de esclerose lateral amiotrófica, ou popularmente ELA. Tivemos em nossa família uma pessoa maravilhosa, que em menos de seis meses veio a óbito, não tínhamos conhecimento desta doença,víamos ela partindo a cada minuto sem nada podermos fazer , que frustante,a dor em nós era terrível pois não tínhamos nada a fazer .começamos fazer pesquisas com amigos e meu sobrinho que dois meses depois se formou médico, tudo o que foi tentado e estava ao alcance de meu cunhado foi feito, mas em quatorze de janeiro ela nos deixou. A saudade é muito grande,mas estamos torcendo para que encontre a cura ou talvez com que os pacientes tenham um pouco mais de dignidade e poder estar junto aos seus entes queridos por muito tempo.
Alexandra Szafir foi uma guerreira!