Atleta fica tetraplégico em luta, volta a andar e emociona rival em encontro
Quando pisaram no tatame, Jonathan Souza e Isaque Bahiense não sabiam que, o que estava por vir, seria lembrado para sempre. E não pelo resultado da luta na Copa Cyclone de Jiu-Jítsu, disputada no Leblon, no Rio de Janeiro. Durante o duelo, Jonathan sofreu um golpe duro (assista ao vídeo), teve a conexão entre a quarta e quinta vértebras da coluna cervical interrompida, devido a uma luxação, e chegou ao hospital tetraplégico. Após dois procedimentos técnicos, o jovem de 21 anos passou por uma cirurgia e voltou a andar, no início de outubro. Semanas depois, ele teve um reencontro emocionante com o adversário.
Foram seis horas de cirurgia para recolocar a coluna no lugar. Naquele momento, ainda não era possível saber se Jonathan recuperaria os movimentos.
– A cirurgia não visa uma recuperação imediata. O que ela visa é reconstituir a anatomia da coluna, descomprimir a medula para dar chance de recuperação. Então, na verdade, a gente só vai saber se o paciente vai recuperar ou não no pós-operatório – explicou o neurocirurgião Rui Monteiro.
Quando acordou, o atleta ouviu um pedido do médico que, no primeiro instante, causou espanto. Mesmo assim, Jonathan obedeceu, como ele mesmo conta.
– Dá o seu jeito aí, fica sentado e anda. Peguei, forcei lá na cama, fiquei sentado e comecei a andar. A perna ficou um poquinho trêmula, até fiquei um pouquinho receoso, mas firmei e comecei a andar lá no hospital. Deu uma alegria poder colocar o pé no chão e ter certeza que não ia ficar na cadeira de rodas. Foi a melhor coisa do mundo.
Ana, amiga de Jonathan, acompanhou tudo. Ela estava filmando a luta no momento da lesão. Ele recebeu um golpe inesperado e, sem poder apoiar as mãos, foi com a cabeça direto no tatame. A amiga viu que ele havia machucado o pescoço e temeu que ele não sobreviveria.
– Na hora, a gente achou que ele pudesse ter morrido porque pescoço é sério. Dava pra ver que ele tinha machucado sério o pescoço – relembra.
O professor Eduardo Brigadeiro chegou ao hospital e foi informado de que Jonathan ficaria tetraplégico. Ao instrutor Magno Mota, o próprio Jonathan havia dito que não sentia o braço e as pernas. A recuperação, após a cirurgia, animou os amigos e surpreendeu até mesmo uma enfermeira.
– Ela disse: menino, o que você tá fazendo andando? Na sua ficha ficha tava dizendo tetraplégico – contou Ana.
Para o Isaque, o adversário da luta, a felicidade veio acompanhada de outros sentimentos, como o alívio. No reencontro, acompanhado pelo “SporTV News”, ele quis deixar claro que não houve intenção de machucar Jonathan e demonstrou ainda estar preocupado. Um abraço selou o pedido de desculpas.
– Graças a Deus! Agora me sinto bem, vendo você bem. Quero te pedir desculpas de coração mesmo. Vou torcer muito para você ficar bem – disse Isaque.
Jonathan pediu para ele relaxar. Se tudo der certo, o próximo encontro pode acontecer no tatame, embora o assunto ainda seja tratado com cautela. O atleta, que será reavaliado em quatro meses, ainda tem limitações nos movimentos do pescoço e do braço direito. Ele tem chances de voltar a treinar, mas não sabe se poderá competir – seu maior desejo. Mas a principal luta ele já venceu.
Fonte: SportTV News