Aposentadoria

Recusa do governo em votar fim do fator previdenciário provoca insatisfação

Compartilhe:
Pin Share

São Paulo – A votação do Projeto de Lei 3299, de 2008, que propõe o fim do fator previdenciário, deve ficar para o ano que vem. Essa é a perspectiva do gabinete do deputado federal e líder do governo na Câmarados Deputados, Arlindo Chinaglia (SP). Esta semana, mais uma vez, as expectativas de se colocar o projeto na pauta de votação do plenário se frustraram.

Na terça-feira (27/11), Arlindo Chinaglia justificou a pouca vontade do governo em relação ao projeto pelo potencial problema jurídico que, segundo ele, o texto pode enfrentar no Judiciário, provocando um rombo nas contas do Tesouro. Para o parlamentar, “o Tesouro Nacional teria de viabilizar uma eventual devolução de R$ 70 bilhões [para quem se sente prejudicado pelo fator], porque somando-se todas as aposentadorias a partir de 2000, levando-se em conta até 2013, esse é o valor. Há, portanto, uma preocupação com uma avalanche de ações na Justiça”. Sem apoio do governo, a votação do projeto deve seguir sem definição, como está desde 2008.

Os sucessivos adiamentos da votação do PL provocam indignação no movimento sindical e associações de aposentados. Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, a postura do governo é um grave desrespeito com os trabalhadores. “E não é só o fator previdenciário, é a jornada de 40 horas, a não discussão do Imposto de Renda sobre Participação nos Lucros ou Resultados. Ao mesmo tempo, o governo federal anuncia mais isenções fiscais para o empresariado. Esse impedimento demonstra o absoluto desrespeito com que as pautas importantes para os trabalhadores têm sido tratadas pelo governo”, avalia Freitas.

Em declaração postada na internet na noite de ontem, o senador Paulo Paim (PT-RS) disse que a postura do governo revela “falta de coragem” de deputados que, segundo ele, fazem discurso em defesa do fim do fator e depois não votam o projeto. “No Senado, votamos o fim do fator previdenciário. Só falta a Câmara. Não entendo que medo é esse que os deputados têm de votar uma matéria que é unanimidade no Brasil. Não há ninguém no país que defenda este fator. Essa é uma questão de justiça”, disse Paim.

Herança de Fernando Henrique

O fator previdenciário é uma fórmula, criada em 1998, na gestão de Fernando Henrique Cardoso, que calcula o valor da aposentadoria proporcional ao tempo em que o trabalhador contribuiu em relação à expectativa de vida da população. O trabalhador mais velho que tenha contribuído por mais tempo terá aposentadoria maior. Quanto mais jovem o trabalhador tenha se aposentado e, portanto, maior for a expectativa de vida, menor será sua aposentadoria.

Na época, justificou-se que a fórmula estimularia um tempo maior de contribuição. Atualmente, a preocupação dos trabalhadores é que quem se aposenta por tempo de serviço ou antes da idade mínima sofre uma redução severa nos seus rendimentos, estimada em valores que variam de 30% a 50% do valor que o profissional ganhava quando na ativa.

Entre as propostas anexas ao fim do fator previdenciário está a regra do 85/95. Pela fórmula, no caso dos homens, quando a soma do tempo de contribuição e da idade der 95, o trabalhador tem direito à aposentadoria integral. Para as mulheres, a soma deve atingir 85.

Em entrevista a Agência Brasil, o líder do governo se comprometeu a discutir a questão com o Executivo. “Me comprometi a buscar a ministra [de Relações Institucionais, Ideli Salvatti] para que se estabeleça algum grau de contato com os demais líderes. Estou trabalhando para que a reunião seja na próxima terça-feira (4)”, disse Chinaglia.

Vágner Freitas argumenta que o fim do fator previdenciário poderia contribuir para o aumento do poder de compra dos trabalhadores aposentados e que a preocupação com possíveis processos não é justificativa. “Se há a preocupação em estimular a economia, em fortalecer o mercado interno, o governo tem de preparar seu orçamento para possíveis consequências dessa mudança. O aumento do rendimento dos aposentados estimularia o consumo, fortaleceria o mercado interno e a nossa indústria o que é mais importante”, explica o presidente da CUT.

Fonte: Rede Brasil Atual

Compartilhe:
Pin Share

Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

2 comentários sobre “Recusa do governo em votar fim do fator previdenciário provoca insatisfação

  • A prorrogação da votação do PL que trata do fim do fator previdenciário e o descaso dos parlamentares em tratar a matéria com a importância que ela merece, certamente deixará sequelas nas próximas eleições.

    Resposta
  • Bom dia!

    Gostaria de saber qual a utilidade dos politicos no brasil, pois se tudo o que for feito pode ser vetado pela Dilma, do que nos valem os politicos…Precisamos repensar nosso voto…

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: Este site faz uso de cookies para melhorar a sua experiência de navegação e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nosso site, você concorda com tal monitoramento.