Portadores de deficiência ocupam áreas estratégicas no serviço público
No STJ, portadores de Síndrome de Down mudaram a recepção a funcionários e visitantes. Surdos e mudos são os responsáveis pelo projeto de acabar com o papel e arquivam pilhas e pilhas de processos.
O aviso de “silêncio” é para descontrair. Todos têm um grau de deficiência na audição. É o primeiro trabalho de Patrícia e ela não esconde a felicidade. Júnior ganhou vida nova. O emprego aumentou sua autoestima. Hoje ele tem carteira assinada e mais assunto com a namorada. Rodrigo fez novos amigos.
Patrícia, Júnior e Rodrigo fazem parte de um grupo de 160 surdos que trabalham no setor de digitalização do Superior Tribunal de Justiça (STJ). E apesar da conversa paralela não fazer barulho no local, ela também é fiscalizada como em qualquer ambiente de trabalho.
Carlos é o supervisor. A surdez não impediu o crescimento profissional. A promoção veio em seis meses. “O mais difícil é o conselho. Quando você tem que chamar a pessoa pra aconselhar, falar o que está errado e pedir pra melhorar”, conta o supervisor setor de digitalização Carlos Graça.
Eles passam seis horas por dia concentrados, em frente aos computadores. Processos em papel são desmontados, copiados e digitalizados. Com o trabalho desses jovens, 250 mil processos tramitam eletronicamente. Quem criou as vagas no lugar certo conta que o projeto já virou referência.
“O STJ é o primeiro tribunal nacional do mundo a acabar com o processo de papel. Isso é um dado histórico. E isso tem sido possível graças à participação efetiva de todos esses companheiros que trabalham conosco. Pela dedicação, aplicação, seriedade e responsabilidade com que eles desenvolvem os trabalhos”, destaca o ministro César Asfor Rocha.
No gabinete do presidente, a reportagem do Bom Dia DF encontrou Renan. Portador de Síndrome de Down, ele ganhou a chance de cuidar da porta mais importante. Nas portarias eles vigiam tudo direitinho, mas não perdem o jeito de menino. Fernando, por exemplo, adora ajudar os seguranças.
“Gosto de pegar o rádio, de ficar com o rádio na cintura. Sem crachá eu não deixo entrar. Não pode deixar. O segurança pede pra voltar e passar pela catraca”, conta Fernando Filho, 25 anos.
Dentro desta Justiça preocupada com o papel social é possível encontrar jovens que souberam usar a deficiência a favor deles. No serviço de digitalização a falta do barulho ajuda a concentrar, o que acelera o trabalho. Na recepção, quem teria coragem de destratar um recepcionista especial?
“Eles são muito apegados com as pessoas, muito meigos, né? Então, chama muita atenção. Eu acho muito bom trabalhar com eles. Dão exemplo de como é a vida e trazem esse exemplo de amor para com o próximo”, elogia o vigilante Francisco Arruda.
Serviço:
Quem quiser se candidatar a uma vaga deve se cadastrar no Centro de Treinamento em Educação Física Especial (Cetefe). O telefone para contato é (61) 2020-3434. Também é possível encaminhar o currículo para o Setor de Recursos Humanos do STJ.
Fonte: http://dftv.globo.com (14/05/10)
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