Ciência e TecnologiaCrianças com DeficiênciaSíndromes

Mães descobrem o poder das mídias sociais como forma de mobilizar e transformar

Compartilhe:
Pin Share

Elas se unem para compartilhar dores e alegrias na internet. Mineira encontra forças para enfrentar autismo dos filhos

Débora com os filhos autistas Samuel e Davi: na web, ela encontrou uma rede de apoio.
Débora com os filhos autistas Samuel e Davi: na web, ela encontrou uma rede de apoio.

Quando a mãe dos gêmeos Davi e Samuel, prestes a completar 3 anos ,no próximo dia 11, chamava por eles em casa, os meninos não apareciam, mas bastava colocar um DVD que eles iam correndo para a sala em busca de diversão. Débora Vieira Gomes, pedagoga de 33 anos, saía para o trabalho e os filhos não choravam com sua ausência. Davi nunca a olhava nos olhos. Esses indícios, combinados ao fato de os gêmeos – então com um ano de idade – ainda não falarem, fez a mãe suspeitar que havia algo diferente. Moradora de Passabém – cidade mineira a 160 quilômetros de Belo Horizonte, com cerca de 1,7 mil habitantes – , a pedagoga veio para a capital em busca de diagnóstico. A resposta veio rápido: os gêmeos têm autismo, doença que atinge principalmente a comunicação, a socialização e o comportamento.

Diante do diagnóstico e da falta de conhecimento em relação ao problema, a pedagoga mergulhou em pesquisas na internet. A maioria das informações que conseguia eram de blogs pessoais. “Descobri uma rede de apoio na web e participo de grupos no Facebook para trocar informações. Um sempre ajuda o outro”, conta Débora. No início, ela coletava conteúdo e salvava em um blog para ler em qualquer lugar em que estivesse. Com o tempo, resolveu tornar a página pública. O Diário: mãe de uma autista (diariomaedeumautista.blogspot.com) recebe em média 200 visualizações diárias.

A comunidade do autismo tem presença forte na internet. Por meio da mobilização on-line, as mães conseguiram coletar assinaturas no Avazz e pressionar o governo para garantir mais direitos aos autistas. Em dezembro foi aprovada uma lei que reconhece o autismo como deficiência e dá amparo à criança na inclusão educacional. Hoje, já existe um abaixo-assinado com 2,1 mil assinaturas contra a aprovação de artigos que foram vetados pela presidente Dilma e permitiriam a cobrança de um valor à parte pelo monitoramento das crianças nas escolas (para participar acesse: http://bit.ly/11T2Ozu).

Débora conta que acabou virando referência sobre o assunto na região onde mora, que inclui outros pequenos municípios como Ferros, Santa Maria de Itabira e São Sebastião do Rio Preto. Em 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, ela divulgou a causa em Passabém. Segundo Débora, muitos pais, por vergonha de se expor, negam a doença, escondem os filhos e não oferecem a eles a oportunidade de um tratamento adequado.

No blog há postagens sobre diversos males que podem acometer a criança autista, como déficit de atenção, hiperatividade e problemas gástricos. Há uma coluna para download de artigos sobre o tema, sugestões de livros e filmes sobre autismo, indicação de cursos on-line e tutoriais de brinquedos e técnicas de apoio pedagógico. Débora diz, contente, que comprou um iPad para fazer intervenções educativas com os gêmeos: “Há mais de mil aplicativos para trabalhar com autistas”, diz.

A pedagoga explica que na internet há muitas informações, mas é preciso buscar referências para não criar falsas expectativas com promessas de curas milagrosas. “Tem muita gente agindo de má-fé. Já vi site vendendo remédio com ômega 3 que dizia estimular a fala da criança e custava R$ 500 o pote. Autismo não tem cura. Ele pode ser amenizado”, destaca.

Assim como Débora, outras mães compartilham experiências de vida na internet como forma de buscar uma vida melhor para a família ou trocar informações sobre patologias raras dos filhos. Outras descobrem o poder das redes sociais para mobilizar mais guerreiras em busca de justiça e têm atraído a atenção da comunidade digital. É o caso do grupo Padecendo no Paraíso, que organizou ontem na capital uma passeata por melhorias no sistema de saúde. Pelo Facebook, as mães trocam informações e se mobilizam.

Para celebrar o Dia das Mães, o Informátic@ entrevistou mulheres que veem a internet como ferramenta oportuna para atuar em rede. Conheça as histórias de Mariana, Luciana, Fernanda, Débora e Ana Maria.

Fonte: Shirley Pacelli, em.com.br

Compartilhe:
Pin Share

Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

2 comentários sobre “Mães descobrem o poder das mídias sociais como forma de mobilizar e transformar

  • Gostei da matéria, e até queria pedir que fossem sugeridos grupos de mães que participam desses tipos de grupos para melhor me informar com pessoas que passam por esses problemas.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: Este site faz uso de cookies para melhorar a sua experiência de navegação e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nosso site, você concorda com tal monitoramento.