'Só pensamos em cuidar dela', diz pai adotivo de garota com paralisia cerebral
Iara Biderman, de São Paulo
A aposentada Maria Rosa, 59, e o representante jurídico Márcio Mesquita, 56, planejaram seguir à risca a recomendação da psicóloga: contar à Patrícia que ela era adotiva depois dos seus 12 anos.
O aniversário chegou, mas a psicóloga estava de férias. Os pais decidiram esperar. “Queria o acompanhamento de alguém preparado, temia a reação dela”, diz a mãe.
Patrícia, então, chamou a mãe para uma conversa: “Mamãe, por favor, sente aqui e me diga a verdade”. A menina já sabia havia dois anos, a empregada tinha lhe contado que ela fora adotada.
“Nós estávamos tão nervosos, a Pati nos acalmou, foi um alívio. A cabeça dela é muito boa”, conta o pai.
O casal encarou naturalmente a adoção de uma criança com necessidades especiais. Patrícia, 15, tem paralisia cerebral, provavelmente por falta de oxigenação na hora do parto.
Como qualquer mãe, Maria Rosa temia ter um filho com deficiência. “Mas ela tem e eu aceitei numa boa e a amo do mesmo jeito.”
Quando foram buscá-la numa maternidade no interior de Santa Catarina, os médicos não souberam explicar direito a gravidade da coisa.
O problema afeta o sistema neuromotor e obriga Pati a usar cadeira de rodas e muletas para se locomover.
“Meses depois, quando tivemos o diagnóstico de paralisia cerebral, só pensamos em cuidar dela”, disse o pai.
Pati,15, tem sessões semanais com fisioterapeuta, fonoaudióloga e psicóloga. Frequenta escola regular, está na oitava série e é ótima aluna.
“Não sei se dá mais trabalho que outra criança, não tive outros filhos. Para mim, Pati é tudo”, diz a mãe.
Fonte: Folha de São Paulo