Crianças com Deficiência

Professor faz carro que ajuda crianças com deficiência a explorar o mundo

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Quando as montadoras de automóveis criam carros para o mercado jovem, seu público-alvo são motoristas dos 18 aos 24 anos. Já Cole Galloway busca um grupo muito, muito mais jovem: ele projeta carros para pessoas de 18 a 24 meses de idade.

Isso acontece porque Galloway, professor de fisioterapia da Universidade do Delaware em Newark, cria sistemas de mobilidade para bebês e crianças pequenas incapazes de caminhar.

Em geral, crianças pequenas com um problema físico costumam ser carregadas no colo ou em carrinhos de bebê. Mas cadeiras motorizadas, que poderiam lhes conferir alguma independência, não existem nos magazines.

Essa falta de mobilidade é uma séria preocupação porque explorar o ambiente é crucial para a interação social e o progresso cognitivo das crianças pequenas.

Galloway começou com cadeiras robotizadas de alta tecnologia, mas logo percebeu que seriam caras demais. Depois de testar algumas ideias, encontrou um substituto simples, barato e efetivo: os carros movidos a bateria vendidos nas lojas de brinquedo -como o Barbie Jeep ou o Thomas the Tank Engine-, que poderiam ser adaptados a necessidades individuais.

Cole Galloway na oficina em que constrói carrinhos para bebês que não podem andar. Foto: David Barczak/The New York Times.
Cole Galloway na oficina em que constrói carrinhos para bebês que não podem andar. Foto: David Barczak/The New York Times.

ACOLCHOADOS

Inspirados nos carros de corrida, os modelos que ele modifica têm gaiolas de proteção bem acolchoadas que cercam as crianças, cintos de segurança integrais e controles personalizados.

O laboratório de Galloway, que parece a oficina de Papai Noel em versão mecanizada, está repleta de fileiras de carros esperando trabalho e pilhas de peças: tubos de PVC, boias de espuma usadas em piscinas, porcas e parafusos.

Ele tem pistas de teste abertas e fechadas para monitorar o progresso do desenvolvimento de veículos, usando crianças como pilotos de teste. Ele até criou seminários itinerantes para ensinar às famílias de crianças deficientes físicas como converter por conta própria esses brinquedos motorizados, o que permite que bebês antes imóveis causem a bagunça usual das crianças pequenas.

O sucesso do programa, chamado GoBabyGo, inspirou Galloway e seu pessoal a criar um protótipo projetado do zero, chamado UDare2B, ou simplesmente Big Blue, por conta da galinha azul que serve de mascote à Universidade do Delaware. O carrinho tem tanta personalidade que pode causar inveja a outras crianças.

O Big Blue pode parecer simplesmente outro brinquedo, mas, por trás de seu elegante exterior há uma missão muito séria.

A carroceria em formato oval dá proteção integral e apoio físico para uma criança que não tenha desenvolvido controle muscular suficiente para dirigir.

O veículo terá rastreamento por satélite e monitoração computadorizada para registrar dados que ajudarão os pesquisadores a descobrir como as crianças o usam. Sistemas de direção adaptativos permitirão que os controles sejam ajustados às capacidades físicas do motorista.

Um raio de curva estreito tornará o carrinho muito manobrável, e somado ao seu tamanho compacto e peso leve, o tornará apropriado para uso doméstico quanto para passeios ao ar livre.

Por mais futurista que o Big Blue pareça, o projeto pode gerar modelo funcional em apenas 12 meses. Depende apenas da resposta aos pedidos de financiamento de pesquisa, feitos a agências federais.

Há também interesse comercial da parte de fabricantes de carrinhos para adultos com limitações de mobilidade, diz Galloway.

“A oportunidade de combinar financiamento de pesquisa a um parceiro comercial garante que o veículo resultante seja tanto efetivo do ponto de vista clínico quanto como uma opção real de mobilidade para as crianças e suas famílias.”

Qual é a verdadeira recompensa? Crianças com limitações físicas que dependem dos outros para se mover experimentariam o entusiasmo de se deslocarem sozinhas, conhecendo o espaço, os objetos e as demais crianças em seus próprios termos.

Nas palavras de Galloway, “o ímpeto de explorar por meio do movimento e da mobilidade é parte profunda do que nos faz plenamente humanos”.

“A mesma alegria e empolgação experimentadas por dançarinos, músicos, astronautas e atletas pode ser vista em crianças que ganham o poder de se movimentar”, ele diz.

Qualquer entusiasta dos automóveis conseguirá compreender as possibilidades ilimitadas que a estrada aberta oferece. E essa atração pode surgir ainda mais cedo, afirma Galloway. “Os bebês adoram a aceleração”, diz.

Tradução de Paulo Migliacci
Fonte: F5 Folha de São Paulo / Ingrid Steffensen, New York Times

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

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