Deficiência: reaprendendo a viver – Parte 2
Novo centro amplia os serviços de reabilitação
Quando estiver em operação plena, unidade vai atender 500 pacientes/dia
Um avanço na assistência a pessoas com deficiência foi a inauguração, em março, do Centro de Reabilitação da Rede Lucy Montoro, uma unidade que integra o Programa de Reabilitação instituído pelo governo do Estado de São Paulo e que vai atender toda a macrorregião de Campinas. A unidade é gerenciada pelo Centro Infantil Boldrini, em parceria com a Unicamp. A expectativa é de atender 250 mil pessoas com deficiência na região. “O centro veio suprir uma carência de assistência qualificada em reabilitação”, afirmou a presidente do Boldrini, Sílvia Brandalise.
São beneficiadas pelo atendimento crianças e adultos com deficiências físicas provocadas por acidentes, doenças congênitas e crônicas que resultem em comprometimento da mobilidade. O serviço oferece reabilitação integral, com procedimentos de alta complexidade e tecnologia de ponta.
A unidade, que ainda não está funcionando em sua totalidade, tem capacidade para atender até 500 pacientes por dia, e vem ampliando seu leque gradativamente.
“Trata-se de um grande avanço. É uma forma das pessoas conhecerem tecnologia de ponta em reabilitação. E a centralização do serviço facilita o acesso da pessoa com deficiência que será atendida por equipe multidisciplinar”, disse a vice-presidente do Centro de Vida Independente (CVI) de Campinas, Ida Célia Palermo, deficiente física em decorrência de sequela de poliomielite. A unidade campineira é a terceira a ser instalada no Estado. (DM/AAN)
Identificar necessidades é o ponto de partida
A recuperação de alguém que adquire uma deficiência envolve a força de vontade própria pessoa, mas também de um atendimento clínico ampliado, diz a coordenadora do Programa Municipal de Reabilitação, Maria Luiza Brollo. “É preciso ver onde e como a pessoa vive, seu ambiente de trabalho, suas necessidades”, afirma, destacando que o acompanhamento psicológico é fundamental nesse processo. “Não basta, por exemplo, fornecer uma prótese a uma pessoa que teve um membro amputado. É preciso avaliar seu local de trabalho, sua locomoção, superar as barreiras arquitetônicas e as invisíveis, que são as maiores”, diz Maria Luiza.
Segundo a coordenadora, o serviço de saúde tem papel importante na reabilitação do paciente e a tarefa não se restringe ao centro de referência, mas também ao suporte da unidade básica de saúde. “Aqui, construímos, junto com o paciente, um plano terapêutico específico para cada um. O paciente é o sujeito do processo e precisa ser ouvido”, afirma.
A neurologista explica que a adaptação para quem adquire deficiência é diferente de quando se nasce com ela (congênita). Neste caso, a pessoa vai lenta e progressivamente aprendendo a viver com as mudanças. “Todos vivenciam o luto ao se conscientizar da diferença. Mas é diferente para os dois grupos, e mais penoso para quem fica deficiente ao longo da vida”, diz Maria Luiza.
Na rede municipal, o serviço de referência é o Centro de Reabilitação, onde 90 pacientes são atendidos nos programas contínuos e cerca de 2 mil pessoas por mês recebem acompanhamento por período curto, como recuperação de uma cirurgia ortopédica, por exemplo. O serviço conta com 60 funcionários e equipe multidisciplinar, com neurologista adulto e pediátrico, ortopedista, fisiatra, reumatologista, homeopata, acupunturista, clínico geral, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista, assistente social e equipe de enfermagem, além de voluntários.
Mas a assistência envolve todas as unidades da rede básica, parcerias com diversas instituições e apoio de outros órgãos municipais, como a Secretaria de Transportes, com o Programa de Acessibilidade Integral (PAI). Esse serviço auxilia pessoas com deficiência física severa e tinha 1.227 pessoas inscritas em junho. O PAI conta com dois ônibus e 28 vans. Realizou 54.970 viagens em 2008, número que saltou para 62.069 no ano passado.
Fonte: Correio Popular de Campinas (01/08/2010)
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