Mãe narra dificuldade de inclusão do filho com deficiência em escola de Araquari
Adolescente tem paralisia cerebral e enfrenta problemas para frequentar as aulas
Thaís Moreira de Mira, Joinville
A Lei de Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, de 2001, garante o direito ao deficiente de se matricular em escolas regulares e receber atendimento especializado “que complemente ou suplemente sua escolarização”, conforme o artigo 2o. No entanto, mãe de um adolescente de 14 anos, que é cadeirante e tem paralisia cerebral moderada, narra uma realidade bem diferente da ideal. A dona de casa, 34, afirma que sofreu preconceito e foi mal atendida no primeiro dia de aula do filho na Escola Almirante Boiteux, no Centro de Araquari.
Ela diz que o filho deficiente precisa ser ajudado em diversas tarefas, como na alimentação. No entanto, não recebeu qualquer atenção dos professores. Foi o irmão mais novo, de 11 anos, que está matriculado junto com o adolescente no 6o ano, quem precisou ajudá-lo. “Quando ele [irmão mais novo] chegou em casa perguntei se alguém tinha ajudado e ele, todo feliz, disse que sim, os amiguinhos. Disse ainda que quase tinha ficado sem lanche porque precisou ajudar o irmão [deficiente], eu chorei”, conta.
A mãe conta que as dificuldades começaram logo nos primeiros minutos de aula. Depois de ter apresentado o adolescente para os colegas, a coordenadora de turma disse que não poderia dar atenção especial para André, já que são mais de mil alunos na unidade. “Ela disse que a responsabilidade dela é dentro de sala, fora era com a diretoria. Foi bastante ignorante. Fui falar com o vice-diretor e ele perguntou para mim como eles faziam com o meu filho na outra escola. Ele que tinha que ligar e saber”, reclama.
Ele estudou até o 5o ano na Escola Francisco Jablonsky, no bairro Itinga, em Araquari. Lá, ele tinha um segundo professor para acompanhá-lo durante o horário de aula. Porém, a unidade não oferece a continuação do ensino fundamental. Jaqueline diz que tentou vaga na Escola Professor Higino Aguiar, que é mais próxima a sua casa, mas a direção esclareceu que não tinha estrutura física para receber um cadeirante e indicou a Almirante Boiteux.
“Eu levei [o filho] no dia 18 de fevereiro, fiquei um pouco lá e nem me olharam na cara. Não mandei mais para a escola, não é justo meu outro filho ter que ficar cuidando do irmão. De novo sofri preconceito, cadê a tal da inclusão que eles sempre falam?”
Mãe já tentou a Apae
A mãe do adolescente lembra que o filho já frequentou a Apae (Associação de Pais e Amigos do Excepcional). “Ele foi um tempo para a Apae, aí começou a mudar, só chorava. Fui lá ver o que estava acontecendo e descobri que tinha um menino com deficiência mental que na van começava a gritar alto, meu filho tem medo de barulho”, conta. De acordo com a mãe, apesar da paralisia cerebral, ele consegue entender o que acontece ao seu redor e se desenvolve melhor na escola regular. “Na escola ele se desenvolve bem melhor, fica mais esperto”, garante.
Direção já encaminhou processo para segundo professor
A direção da Escola Estadual Almirante Boiteux garante que desde o primeiro dia de aula encaminhou para a Gerência Regional de Educação o processo solicitando um segundo professor. “Precisamos do atestado de frequência dele para pedir um segundo professor, por isto não podíamos ter pedido antes de começarem as aulas”, explica Divacarla Elias, diretora.
Conforme a gerente regional de Educação, Dalila Leal, o processo já está em Florianópolis. “O aluno especial tem por lei o direito a um segundo professor acompanhando ele o tempo todo, já demos entrada no processo.” Dalila afirma que o aluno recebe atendimento da equipe pedagógica e da direção.
Na Almirante Boiteux, existem outros dois alunos com deficiência, um menino com síndrome de down e uma menina surda-muda. Ambos têm um professor de apoio. “O menino está na nossa escola desde pequeno, sabemos como lidar com ele, mas nunca tivemos um aluno como o ele, é novidade pra gente. Vamos fazer o que estiver dentro da nossa possibilidade”, completou Divacarla. Ela nega que a mãe tenha sido mal atendida na unidade e adiantou que, a partir deste ano, além de um segundo professor, os alunos especiais, caso os pais autorizem, devem ter aula em horários individuais na sala de apoio ao estudante com deficiência.
*Os nomes da mãe e do aluno foram preservados para atender às exigências do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Fonte: Notícias do Dia (NDOline.com.br)
(Se alguém puder repassar para ela minha mensagem)
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Um abraço de uma mãe que entende perfeitamente.
Olá!Sou professora e não quero defender ninguém. Mas passei por uma situação nada agradável em sala de aula. Uma aluna deficiente visual veio para a turma que eu dava aula . Isso foi há bastante tempo. Eu tinha 35 alunos e não tinha ninguém para me auxiliar. Nessa época já se falava em inclusão,mas na prática não tinha nada de concreto. Foi uma experiência constrangida e frustrada . Hoje a realidade não mudou muito. O sistema não está preparado,os professores e o Estado muito menos. Os pais têm de se mobilizar e as escolas se unirem a esses pais para cobrar do Estado . Infelizmente no nosso país educação nunca foi prioridade.