Como seria a vida sem paralisia cerebral?
Por Luiz Alexandre Souza Ventura (Jornalista/Estadão)
Daniel de Castro Gonçalves é jornalista e documentarista, tem 30 anos e nasceu com paralisia cerebral. Após descobrir sua vocação, decidiu combinar as duas experiências, profissional e pessoal.
“Certa vez, um amigo me perguntou se eu já tinha imaginado a minha vida sem a paralisia cerebral. Respondi que era impossível dizer como seria e que provavelmente não teria sido tão divertido”.
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Quando entrou na faculdade de Comunicação Social da PUC-Rio, Daniel queria ser jornalista esportivo, mas um estágio, no meio do curso, mudou suas metas. “Na TV PUC-Rio editei pela primeira vez. Achava que era impossível ser repórter, que jamais me escolheriam e por isso optei pela vaga de editor. Descobri que levava jeito pra essa coisa de cortar e colar imagens e texto”.
No mesmo ano, ele montou o programa ‘Do seu próprio jeito’ e afirma ter percebido que tinha facilidade para ouvir e extrair boas histórias das pessoas. “Se não me enquadrava no ‘padrão’ de repórter, ainda sem saber, dava meus primeiros passos como documentarista”.
Atualmente, Daniel é sócio em uma produtora audiovisual, a SeuFilme, e prepara o primeiro longa metragem, ‘Como Seria?’.
Neste trabalho, ele responde a pergunta do título. “Teria sido mais fácil começar a andar. Poderia ter sido goleiro. Correria. Saltaria. Subiria em árvores. Andaria de skate. Faria um monte de outras coisas que toda criança faz. Mas não seria eu. Não teria feito papel de minhoca numa peça teatral no colégio. Não teria sido o centro das atenções quando cheguei com uma máquina de escrever elétrica em sala de aula. Não conheceria meus terapeutas. Não saberia como é gostosa a sensação de fazer determinado movimento pela primeira vez. Possivelmente não escalaria. Não seria jornalista, editor, cinéfilo e nem documentarista”.
Ainda em produção, o filme deve ficar pronto em 2016. “Estamos terminando de escrever o projeto para podermos ir atrás de possíveis patrocinadores”, diz Daniel.
Fonte: Estadão
Eu fico comovido em ver pessoas tão otimistas mesmo sendo deficientes, enquanto vejo pessoas totalmente perfeitas fisicamente, e não se importam com ninguém.