Mulheres com deficiência física contam como encararam o preconceito
Ser mulher, por si só, é bastante trabalhoso, afinal é preciso se desdobrar em diversas funções no trabalho, em casa, com os filhos, nos estudos, entre outras atividades. Para as mulheres que possuem algum tipo de deficiência, a rotina é ainda mais desafiadora, já que, além de dar conta de tudo o que uma mulher costuma fazer, ainda precisam lidar diariamente com dificuldades de acessibilidade e com manifestações de preconceito.
Quem enfrenta estes problemas, mas mesmo assim não deixa de ter uma vida ativa é a atleta paralímpica de esgrima e diretora de esportes da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP), Janaína Aguilera, 25. Paraplégica há oito anos, após um acidente de carro que provocou uma lesão em sua medula, ela precisou se adaptar às limitações do seu corpo para poder voltar às atividades que uma jovem faz diariamente. “Eu era adolescente na época do acidente e por ter tido um excelente suporte durante minha reabilitação, consegui ter uma juventude normal. Mas isto infelizmente, não acontece com todas as pessoas”, avalia.
A jovem trabalha, faz faculdade e ainda mantêm suas atividades sociais – como sair com os amigos, frequentar shows, barzinhos e eventos culturais, mas conta que apesar de bem resolvida, ainda sofre em algumas situações. “Já passei por problemas como dificuldade de acessibilidade em vários locais, preconceito e também enfrentei situações constrangedoras relacionadas à falta de preparo de algumas pessoas que trabalham com o público, como alguns cobradores e motoristas que ainda não são capacitados no trato com a pessoa com deficiência e no manejo do elevador instalado nos ônibus da cidade”, lamenta.
Para ela, o que falta é humanização. “As pessoas olham o tempo todo para a pessoa com deficiência, elas não estão acostumadas com quem é diferente. Por isso, não desisto de estar nos lugares, para naturalizar a questão e tentar de alguma forma, deixar um mundo melhor para quem está por vir”.
Defensora de seus direitos
Protagonista de uma história parecida com a de Janaína, a Secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Curitiba, Mirella Prosdocimo, é um exemplo de luta em prol das pessoas com deficiência. Ela também sofreu um acidente de carro aos 17 anos, mas no seu caso, a lesão na altura do pescoço paralisou os movimentos de pernas e braços, deixando Mirella tetraplégica.
Ela conta que antes do acidente não tinha nenhum contato com pessoas com deficiência e sua visão sobre a situação era igual a de muita gente que só acompanha o assunto à distância. “Eu achava que quem tinha alguma deficiência era uma “pessoa coitadinha”, totalmente incapacitada. Era uma visão errada e preconceituosa, que ainda é comum entre as pessoas”, diz.
Desde o acidente, há 23 anos, Mirella passou por diversas situações que envolveram isolamento social, dependência da família, aceitação e reabilitação, a redescoberta de seus potenciais e de sua autoestima na época da faculdade, até chegar a condição atual de mulher bem sucedida e defensora de seus direitos. “Levei cerca de 10 anos para voltar a ser protagonista da minha vida. Quando voltei a estudar percebi que era capaz de produzir, fazer amigos e namorar”.
Ela acredita que o preconceito e falta de informação ainda são as piores barreiras enfrentadas por deficientes físicos, cegos, surdos ou com outros tipos de problema. “As pessoas geralmente não sabem como lidar com o deficiente. Ainda é comum alguém estender as mãos para me cumprimentar. Mas ao invés de ficar constrangida a pessoa poderia simplesmente pedir desculpas e me dar um beijo no rosto, lidando com a situação com normalidade”, explica.
De acordo com Mirella, uma saída para melhorar a convivência entre as pessoas é ensinar as crianças a lidar com os deficientes com naturalidade, chegando perto, perguntando e conhecendo. “Ter esta preocupação é importante, afinal, todos, ao envelhecer, poderão enfrentar algum tipo de dificuldade e limitação”, diz.
Especialista em inclusão, Mirella assumiu a Secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência em janeiro do ano passado e trabalha para promover ações educativas e de conscientização, com objetivo de trazer mais inclusão para os deficientes e capacitação para os agentes públicos. “Temos projetos em andamento em relação ao transporte de deficientes como o Ônibus Acesso, aumento da frota de táxis adaptados, adaptação dos espaços culturais da cidade e ações que melhorem as condições de empregabilidade dos deficientes, entre outros projetos”, apresenta.
Prática de esportes
Para ajudar outras pessoas com deficiência física durante o processo de reabilitação, o departamento de esportes da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP) oferece práticas de fisioterapia e de modalidades esportivas, entre elas o tênis de mesa, que possui vários atletas premiados e a esgrima em cadeira de rodas, esporte em que Janaína Aguilera é a número 1 no ranking brasileiro. Atualmente a ADFP conta com 50 atletas em cinco modalidades esportivas. “Para quem está em fase de reabilitação, o esporte é muito importante. Ele fortalece o corpo e faz com que a pessoa tenha capacidade de superar obstáculos, para enfrentar as atividades diárias, além de promover a socialização e a troca entre as pessoas”, explica Janaína.
Fonte: Paraná Online
sou pcd desde a minha infância tenho uma perna mais curta D do que a outra, não sinto nada graças a Deus, hoje faço tratamento pelo Hospital Sarha em São luis do maranhão onde moro atualmente. sou filha de Tutoia Ma. uso uma órtese. e Graças a Jesus Cristo minha mente esta mais aberta e limpa desse tal preconceito. sou muito feliz por ser Evangélica. obs: a culpa do preconceito não esta em ninguém e sim em mim mesmo. mas consegui superar e tirar esse vilao da minha vida. tenho 46 anos. te amo Jesus me AMO. Amo a todos. amem.
“O que falta é humanização”. Esse é ponto!
Gostei do texto!