Louise, minha filha, 4 meses, dois braços, duas pernas e um cromossomo a mais
Louise tem quatro meses e tem síndrome de Down. Desde que a menina nasceu, a sua mãe, a francesa Caroline Boudet, tem recebido uma grande quantidade de comentários ofensivos em sua página no Facebook sobre a condição da filha. Indignada com o fato, Caroline escreveu no dia 8 de junho um desabafo na rede social que viralizou.
Nela, a jornalista e mãe de dois filhos listou os comentários inoportunos e, na tentativa de fazer com que as pessoas pensem antes de escrever qualquer bobagem, deu uma “lição de moral” nos engraçadinhos. “Palavras são importantes”, disse Caroline.
Ela inicia a postagem apresentando a filha: “Aqui está a minha garotinha, Louise. Ela tem quatro meses de idade, duas pernas, dois braços e um cromossomo extra”, escreveu.
Mais abaixo ela adverte: “Não diga para a mãe dela (de Louise) ‘Ela é seu bebê, não importa’. Não, ela é meu bebê e ponto final. E mais: ‘não importa’ é um nome muito feio para um bebê. Eu prefiro chamá-la de Louise”.
Camile diz ainda que as pessoas não deveriam dizer que Louise é um “bebê Down”. “Ela é um bebê de quatro meses que, por acaso, tem síndrome de Down. Não é o que ela é, é o que ela tem. Você não diria ‘ela é um bebê câncer'”, completa.
A postagem atraiu a atenção de outros pais que têm filhos com síndrome de Down. “Eu tenho um filho de 30 anos com síndrome de Down. Eu te entendo completamente. Espero que, um dia, as pessoas tenham um melhor entendimento sobre as nossas vidas. Meu filho Jean Robert Boucher é maravilhoso, sociável, terno, cheio de vida e de talento. Nós não o trocaríamos por nada neste mundo”, disse Diane Lord ao comentar a postagem.
Caroline afirmou estar muito emocionada com a reação das pessoas à sua postagem e que escreveu tudo aquilo como uma forma de “libertação”.
Leia o desabafo de Caroline na íntegra:
“Esta é minha filha, Louise. Ela tem quatro meses, duas pernas, dois braços e um cromossomo a mais. Por favor, quando encontrar alguma Louise, não pergunte à mãe dela: ‘Como isso não foi detectado durante a gravidez?’. Provavelmente foi, e os pais tomaram a decisão de ficar com o bebê. Ou se não foi, a surpresa foi grande o bastante para que eles não precisem ser lembrados sobre isso. Tenha em mente que as mães têm uma tendência de se sentirem culpadas por qualquer coisa, então, um cromossomo extra não previsto… Eu não preciso explicar.
Não diga à mãe dela: ‘É sua filha, da maneira que for’. Não, é minha filha, ponto. Mais: ‘damaneiraquefor’ é quase uma palavrão, prefiro chamá-la de Louise.
Não diga à mãe dela: ‘Como ela é um bebê com Down, ela vai…’. Não. Ela é um bebê de quatro meses que, por acaso, tem Síndrome de Down. Não é o que ela É, mas o que ela TEM. Você nunca diria ‘Ela é uma criança cancerígena’.
Não diga: ‘Eles são assim ou assado’. Cada um ‘deles’ têm suas características, personalidade, gostos, vida. ‘Eles’ são tão diferentes entre si quanto você é de seu vizinho.
Eu sei que se você nunca passou por isso, que não pensa a respeito, mas as palavras importam. Elas podem tanto confortar quanto machucar. Então, apenas pense um pouco, especialmente se você é um médico ou enfermeira de qualquer tipo.
Normalmente, não deixo meu status ‘público’ no Facebook, mas esse post vai ser. Você pode ler e compartilhar, se quiser. Porque, a cada ano (na França), há 500 novas ‘mães de Louise’ que podem ter seu dia arruinado por esse tipo de palavras. Eu sei que você não quer ser magoar. Mas você precisa saber disso.”
Fonte: UOL