Adolescentes atacam um autista porque o acham "estranho"
Em vez de exigir que agressores cumpram pena, Gavin Stone quer que aprendam sobre sua condição
O adolescente americano Gavin Stone, que foi espancado por um grupo de estudantes que o achava “estranho”, decidiu dar uma lição de moral em seus agressores: em vez de exigir uma punição, ele quer que os rapazes aprendam mais sobre sua condição, o autismo. Gavin foi diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção e uma forma branda de autismo (antigamente classificada como Síndrome de Asperger) ainda criança. Por isso, ele tem uma certa dificuldade para se relacionar com as pessoas e tem a tendência de se isolar, como contou no Facebook Susan Moffatt, uma amiga da mãe do adolescente, Cortnie. A publicação de Susan já foi compartilhada por mais de 140 mil usuários.
“Ele pode parecer grosseiro, impaciente, ‘estranho’, individualista, ou desinteressado, mas nada disso é intencional. Ele também pode ser gentil, generoso e indulgente, mas mesmo isso pode parecer estranho às vezes, porque alguns desses comportamentos ele aprendeu, mas não são sempre naturais para ele”, explicou Susan na rede.
Gavin estuda, há anos, fórmulas de como se comportar em sociedade e como se relacionar com os outros. Mas algo que parece tão instintivo para a maior parte das pessoas é um verdadeiro desafio para ele, especialmente por viver cercado de adolescentes, que costumam ter comportamentos pouco previsíveis.
Na semana passada, Gavin foi espancado por colegas que não sabiam de sua característica.
“Na quinta-feira à noite, alguns meninos estavam comentando como é ‘estranho’ que ele esteja sempre sozinho, indo aos eventos sozinho e observando as pessoas, e como é assustador que era queira ser amigo de pessoas que nem conhece. Na noite de sexta-feira, outro garoto que ouviu essa conversa decidiu fazer justiça com as próprias mãos, ser o juiz e o júri, e esse é o resultato disso. O menino não fez perguntas, não tentou conhecer Gavin, nunca o tinha visto e não deu a ele uma chance de ir embora. Um grupo disse que alguém queria encontrá-lo, então ele foi cercado por pessoas que ele não conhecia, sufocado, perfurado, e deixado na calçada para que ‘aprendesse a lição’”, relatou Susan, que publicou fotos do rosto machucado de Gavin junto com o depoimento.
Em vez de exigir uma punição tradicional para seus agressores, o rapaz com autismo achou melhor estimular uma maior compreensão sobre o transtorno que enfrenta. Ele pediu que os estudantes que armaram a emboscada prestem serviço comunitário relacionado a pessoas com transtorno, escrevam um ensaio sobre o autismo e assistam, ao lado de suas famílias, a um vídeo de 20 minutos que ele mesmo gravou “para que vejam os estragos que causaram e ouçam a história por outra perspectiva”.
Fonte: O Globo
Deve ter doido