Até onde as construções residenciais estão preparadas para acessibilidade?
Muito propagado entre os projetos comerciais e espaços públicos por todo o País, o acesso de pessoas com necessidades especiais, como idosos, cadeirantes e obesos, por exemplo, ainda é bastante complicado em muitos imóveis residenciais, principalmente nas construções mais antigas.
Poucos projetos contemplam a acessibilidade como uma de suas principais premissas e, ao refletir sobre isso, todos nós em algum momento de nossas vidas passamos ou podemos passar por um período em que nossa mobilidade é comprometida. Isso sem falar nos nossos parentes com idade mais avançada. É exatamente nesta situação que percebemos como a arquitetura pode influir diretamente no bem-estar e qualidade de vida.
Reformas aparentemente simples revelam-se um grande problema se não previstas no projeto inicial da obra.
Vãos e folhas de porta mais largos, essenciais para passagem de cadeira de rodas ou para circulação de obesos, assim como corredores mais amplos, que possibilitam uma melhor circulação, facilitam muito a vida dos moradores se já incorporados às plantas.
Um espaço crucial para determinarmos o nível de acessibilidade de um imóvel são os banheiros. Boxes amplos e a instalação de barras de apoio permitem livre acesso e segurança. Enquanto torneiras com acionamento por sensor também facilitam a vida de quem já não tem a mesma firmeza para executar movimentos. As bacias precisam ser instaladas mais altas para facilitar a transição para as cadeiras de apoio e a posição também precisa ser estrategicamente pensada para permitir o livre giro da cadeira de rodas.
Nos quartos o desafio já começa com um hábito muito comum dos brasileiros de, geralmente, construí-los no andar superior das residências. Poucas casas preveem a possibilidade de um quarto no andar térreo, enquanto o ideal seria ter pelo menos um espaço que pudesse ser transformado, para o caso de uma pessoa adoentada ou impossibilitada de subir escadas. Para os cadeirantes já existe uma solução que substitui a necessidade da instalação de elevadores, um sistema que acoplado à cadeira de rodas a transporta até o andar superior.
As cozinhas são um capítulo à parte, na maioria das vezes é necessária uma reforma total para conseguir adaptar o ambiente. As pias, bancadas e pontos de torneira precisam ser mais baixos com vãos livres na parte inferior para a aproximação dos cadeirantes. Já a disposição dos móveis e outros componentes do ambiente precisam levar em consideração, não somente o trânsito, mas também o giro da cadeira de rodas.
Apesar de regulamentadas por lei, boa parte das construções recém-lançadas no País ainda não seguem os padrões de portabilidade e livre acesso para portadores de necessidades especiais ou mobilidade reduzida. O grande desafio para arquitetos e urbanistas é não só conscientizar os construtores da importância de seguir os princípios da acessibilidade, mas também encontrar soluções viáveis para adaptar imóveis já concluídos fora dos padrões.
*Renata Marques é especialista em gerenciamento de projetos para empreendimentos de grandes construtoras e também atua no desenvolvimento de plantas comerciais e residenciais.
http://www.renatamarques.com.br/
Fonte: http://www.jornow.com.br/
A casa onde morava o meu falecido avô paterno é um verdadeiro atentado à mobilidade, com um desnível perigosíssimo na cozinha que causaram algumas fraturas na minha avó por esses tempos por causa de uma queda. Eu mesmo já havia alertado a minha avó de que era necessário fazer algumas alterações por lá, rebaixar uma parte do piso da cozinha mantendo uma rampa para o quintal e outra para a edícula (um guarda-corpo já teria evitado a queda e custaria menos mas não seria tão adequado). Eu mesmo atualmente tenho um apartamento em andar térreo, e embora não tenha espaços tão amplos eu acredito que seja suficientemente acessível caso eu acabe recebendo a visita de um cadeirante, e mesmo sendo num prédio sem elevador é num andar térreo.