Daniel Dias: “A felicidade é uma questão de escolha”
Por Daniel Dias (Via Linkedin)
Minha carreira como nadador começou em 2004, no sofá de casa. Isso mesmo. No sofá. Eu estava assistindo ao Jornal Nacional e uma matéria foi ao ar contando mais uma conquista do Clodoaldo Silva nas Paralimpíadas. Me deu o estalo: “eu posso praticar um esporte”.
Eu nunca fui de ficar parado, mas meu contato com as atividades físicas estava limitado à escola. Brincava na Educação Física e no futebol depois das aulas. Adorava um vôlei, um basquete. O que dava pra eu fazer, eu fazia.
A consequência disso eram as próteses que eu tanto quebrava.
Minha mãe ficava muito brava, porque a gente, que morava em Camanducaia, tinha que viajar até São Paulo para arrumar as peças. Ia para a escola e minha mãe pedia: ‘Não joga bola hoje’. Eu, claro, não aguentava.
Mas foi só vendo o Clodoaldo na televisão que eu percebi que poderia me tornar um competidor, um profissional. Eu tinha 16 anos. As pessoas falam que eu comecei tarde na natação. Para mim, tarde seria nunca. Além disso, sempre fiz as coisas no meu relógio.
Na vida eu aprendi isso: tudo tem o seu tempo. Por exemplo: eu só comecei a andar com três anos, quando comecei a usar próteses…
Deixa eu me alongar um pouco nisso. Minhas principais conquistas são 15 medalhas em Paralimpíadas (Pequim e Londres) – sendo 10 de ouro. Sou o único brasileiro a conquistar por 3 vezes o troféu Laureus, considerado o Oscar do esporte. Já participei e consegui medalhas em Parapanamericanos e Mundiais de Natação. Mas o meu maior troféu no esporte e na vida, foi a minha primeira prótese.
Quando eu olho para esta prótese, penso que foi ali que comecei a gostar de esporte. Foi quando comecei a sentir vontade de praticar esportes. E a vontade é quase tudo que precisamos.
Fé e determinação geralmente nos fazem chegar onde queremos.
Sempre me aceitei como sou. Sempre fui feliz assim. Tudo é uma questão de escolha. Eu escolhi ser feliz.