Quando a mídia assumirá o assunto Deficiência como de interesse público nacional?
Jornalistas brasileiros ainda têm muitas dúvidas sobre como abordar as temáticas associadas à Deficiência em suas matérias – talvez por isso as evitem tanto. Cometem equívocos sérios, mas têm com quem dividir essa responsabilidade: suas fontes. As organizações e os especialistas habitualmente entrevistados pela mídia têm demonstrado estar tão desatualizados quanto ela, principalmente sobre as interfaces da Deficiência com as políticas públicas. Até mesmo discussões instigantes e atuais envolvendo conceitos como educação inclusiva transformam-se em pautas que reproduzem abordagens antigas, sem dialética, descontextualizadas. Idêntica falta de conhecimento é visível no depoimento das próprias pessoas com deficiência (e de seus familiares) – até bastante procuradas pelos repórteres como fonte principal. Infelizmente, a maioria ainda se vê apenas merecedora de direitos específicos como estudar e trabalhar, e não como sujeito de todo e qualquer direito – conforme prevê a Constituição Brasileira.
Esse contexto coloca algumas questões decisivas: como vai se posicionar a imprensa brasileira nos próximos anos? Assumirá o assunto Deficiência como de interesse público nacional? Decidirá contribuir de forma efetiva para a qualidade do processo de inserção das pessoas com deficiência no País?
Na verdade, é que no momento em que a imprensa tomar consciência da necessidade de evitar abordagens superficiais sobre a questão da Deficiência terá dificuldades em cumprir essa meta, porque simplesmente não sabe como fazer isso. Há necessidade de articular esforços, em nível nacional, para a capacitação de jornalistas no sentido de que não discriminem a agenda das pessoas com deficiência em suas reportagens, reconhecendo a urgência desta pauta.
Esse foi o diagnóstico final de um trabalho desenvolvido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) e Fundação Banco do Brasil (FBB), com o apoio técnico da Escola de Gente – Comunicação em Inclusão.
O objetivo da iniciativa foi realizar uma análise quanti-qualitativa do tratamento dado pela mídia impressa brasileira a questões associadas à diversidade, com foco na Deficiência. E, a partir dos resultados da análise, contribuir para a melhor qualificação dessa cobertura por meio de recomendações dirigidas tanto a jornalistas quanto a fontes de informação.
Veja abaixo, através de uma pesquisa realizada em 2003 pela ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância, os vinte jornais que mais publicaram matérias com foco em Deficiência:
- A Gazeta (ES) 6,1%
- O Liberal (PA) 5,7%
- A Tarde (BA) 5,3%
- Folha de São Paulo (SP) 5,0%
- Jornal de Brasília (DF) 5,0%
- Notícia (SC) 4,6%
- Folha de Londrina (PR) 4,6%
- O Povo (CE) 4,6%
- Jornal do Commercio (PE) 4,2%
- O Estado do Maranhão (MA) 3,4%
- O Dia (RJ) 3,1%
- A Gazeta (MT) 2,7%
- Correio da Bahia (BA) 2,7%
- Diário de Pernambuco (PE) 2,7%
- Correio Braziliense (DF) 2,3%
- Estado de Minas (MG) 2,3%
- O Estado de S. Paulo (SP) 2,3%
- A Crítica (AM) 1,8%
Fonte: Mídia e deficiência / Veet Vivarta, coordenação. – Brasília: Andi ; Fundação Banco do Brasil, 2003. 184 p. ; il. color. – (Série Diversidade)
Veja:
Minha querida, quando isso gerar muito dinheiro e ibope.
É para isso que a mídia existe, para abordar assuntos que geram interesses monetários, que levam ao consumismo e que não causam desconfortos…
Uma pena!
E quanto a não saberem como efetuar a abordagem, eu duvido muito que essa seja a questão.
Mas éssa é minha humilde opinião sem querer ofender suscetibilidades.
Se quiser escrever lá no (IN)PERCEPÇÕES é so mandar mail – maluccat@bol.com.br
Abraços
vamos ''infelizmente'' ter que esperar e muito ! a imprensa de modo geral e inclui-se aí jornalistas e claro os ''donos dos jornais'' não se interessam em publicar matérias sobre o tema ''acessibilidades'' justamente porque existe interesses ''obscuros''.
e as tais '' mídias parciais'' !
veja recentemente o que ocorreu em desfile de modelos com deficiencia em campinas…
e ''cobertura'' de importantes veículos : portal terra e revista contigo em eventos ligados a deficientes…
nenhum destes 02 veículos mencionaram presença de ''modelos com deficiência'' pois havia ''estrelas/celebridades '' da televisão presentes…então a ''presença de deficientes'' foram ''excluidas '' e ''ausentes'' pela revista contigo e portal terra !
más é assim mesmo, quando o país não é sério…as coisas caminham a passos lentos…
más tenhamos fé e lutemos sempre !
Infelizmente é isso mesmo, Malu.
Concordo que houve alguns avanços neste sentido, no entanto acredito que seja muito pouco. Erros inadmissíveis ainda são cometidos, sem contar o enfoque assistencialista que a mídia ainda tem dado as pessoas com deficiência.
Enviarei um email para você. Grata pelo comentário!
Abraços,
O que importa é fazer sensacionalismo acerca dos problemas dos outros, por isso ainda há uma visão excessivamente dramática sobre os deficientes mas quase nunca se fala no que pode ser feito para melhorar questões como acessibilidade e capacitação profissional, e acesso a serviços de saúde que possam aliviar os efeitos de algumas patologias associadas a deficiências. Se pegar um jornal e espremer só falta sair sangue, como diz o meu pai.
"Todos são iguais…" (Art. 5º, Constituição Federal)
Oi, Vera! (é bom estar aqui de novo)
A abordagem a temas e também as pessoas com deficiência é, para quem o faz, uma ação difícil e sem importância como afirmou a Malu. Até em reuniões entre deficientes de varios níveis há um excesso de pudor. A pessoa com deficiência continua a ser tratada como "coitada" e convenhamos que muitos gostam de ser tratados assim.
É necessária uma mudança de âmbito cultural.
Grande Abraço!
Olá Verinha linda,
oxalá assumam mesmo como um assunto que tem que estar na ordem do dia.
Um beijo enorme…
Vim para deixar um grande NATAL e um ANO NOVO repleto de PAZ, HARMONIA e PROSPERIDADE.
BOAS FESTAS!!!!
Agradeço os comentários dos amigos Edson, Daniel, Angelo e Amélia!
Beijos e obrigada!
Malu,
Feliz Natal e um Ano Novo maravilhoso!!
Abraços!