Gastronomia inclusiva: projeto abre as portas para jovem com síndrome de Down atuar como garçom
Para uns, falta destreza na hora de segurar a bandeja cheia de utensílios. Para outros, conhecimento sobre pratos e bebidas. Ser garçom não é para qualquer um. Porém, com um treinamento intensivo, jovens com síndrome de Down derrubam barreiras e dão o primeiro passo em direção ao mercado de trabalho por meio do projeto “Gastronomia Inclusiva”, em Belo Horizonte.
Iniciada em 8 de julho, a iniciativa busca a inserção de pessoas com deficiência no universo gastronômico. Atualmente, oito alunos com síndrome de Down recebem acompanhamento diário e gratuito com um time de profissionais de todas as áreas.
Os futuros garçons têm aulas de manejo da bandeja, cerimonial e vinhos, além de acompanhamento com fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta e musicoterapeuta. As atividades trabalham fala, autoestima, autoconfiança, equilíbrio, resistência, desenvolvimento motor, dentre outras questões.
“Queremos dar visibilidade para eles no mercado de trabalho, mostrar que a inclusão é possível nos restaurantes”, afirma a chef de cozinha Débora Cabral, idealizadora do projeto.
“Adoro cozinhar e atender às pessoas. Na minha casa, faço um macarrão ao pesto muito bom. Quero fazer curso de culinária e acho que esse projeto vai ser um sucesso” (Luan Mogis Cândido Silva, de 22 anos)
Destreza
Com tão pouco tempo de treinamento, os meninos já mostram que qualquer dificuldade é vencida com força de vontade. “No início, alguns não decoravam os pratos, não tinham força para carregar as bandejas, por exemplo. Mas eles evoluíram tão rápido e estão com uma capacidade técnica que me surpreendeu”, comemora o instrutor da formação dos garçons, Kleverthon Silva.
Por enquanto, os jovens estão treinando em um happy hour, realizado nas sextas-feiras no Alto Barroca, Oeste da capital. Mas a prova de fogo será na feira Morar Mais por Menos, com coquetel de estreia no próximo dia 22. “Quando fui convidada para trabalhar na ala gastronômica, nesta edição, logo pensei em fazer de forma inclusiva, levando os meninos comigo”, diz Débora.
“Estou gostando muito de participar do projeto. É meu sonho (ser garçom). Quero trabalhar com isso” (Raphael Pereira Lima, de 24 anos)
Expansão
A chef de cozinha revela que pretende ampliar o projeto ofertando aulas de culinária. Para isso, ela tenta patrocínios que permitam aumentar o número de beneficiários da iniciativa.
Raphael Pereira Lima, de 24 anos, comemora. Desde criança, o jovem almeja trabalhar em um restaurante. “Esse projeto trouxe a esperança de que ele pode conquistar esse sonho e está no caminho certo”, conta a mãe do rapaz, Marilene Aparecida Pereira Lima.
“Estou me divertindo muito. Encontrei o que quero fazer. Quero muito trabalhar como garçonete” (Thamiris do Nascimento, de 19 anos)
O que ela constatou na prática, a medicina assina embaixo. “As pessoas com síndrome de Down têm duas características em comum, que são a hipotonia (fraqueza muscular) e a deficiência intelectual. Mas elas podem fazer absolutamente tudo desde que tenham o estímulo adequado no momento certo”, explica a médica Janaína Miranda Rocha, referência no assunto.
Ela acredita que projetos como esse servem de estímulo para os jovens e tornam mais próxima a inclusão deles no mercado de trabalho.
Fonte: http://hojeemdia.com.br/