“Nossas cidades ainda precisam evoluir muito em acessibilidade”, defende Lais Souza
Palestrante do Casa Vogue Experience 2019, a ex-atleta olímpica compartilha alguns dos desafios da rotina de uma cadeirante e os desejos por uma casa 100% acessível
“Aos 25 anos tetraplégica, nunca imaginaria que aprenderia duas coisas. 1) Eu seria independente. Deus me deu a oportunidade de continuar a trabalhar e me sustentar, realizar, sonhar. 2) Eu seria dependente igual todos são, ninguém cresce e vive sozinho.” É com essa frase que Lais Souza – Lalika, para os mais chegados – recebeu cerca 133 mil curtidas em seu Instagram, no último dia 10 de outubro, ao postar uma foto em pé. Lais foi ginasta da seleção brasileira, conquistando quatro olimpíadas e mais de cinco mundiais. Anos depois, ela foi se aventurar como atleta de ski aéreo, mas sofreu um grave acidente em 2014 que resultou na tetraplegia.
Aos 30 anos, voltar a andar é um de seus sonhos, e um aparelho chamado OrthoWalk permite que ela fique em pé e vivencie novamente essa experiência. “Com ele eu resgato a minha autoestima. Tenho essa memória, de ter o olho no olho, que eu acabo perdendo ao ficar na cadeira”, conta a ex-atleta em entrevista exclusiva à Casa Vogue. Desde o acidente, Lais continua batalhando por resultados, faz inúmeras fisioterapias e vive em Vila Velha, no Espírito Santo, em uma casa alugada.
“Fiz algumas adaptações na casa, mas não muitas. Retirei o box do banheiro para facilitar meu acesso, mudei a altura do balcão para conseguir encaixar a minha cadeira-de-rodas e comprei uma cama de casal regulável, que me permite levantar um pouco os pés”, conta a jovem. Mudanças mais específicas serão no futuro, quando realizar o sonho de comprar um lar só para ela e para a noiva Paula Alencar, com quem se casará em janeiro do ano que vem.
Ter uma casa acessível e equipamentos tecnológicos e com design são elementos essenciais para quem, assim como Lais, tem nenhuma ou pouca locomoção e necessita de ajuda diária. Esses quesitos, no entanto, também pesam no bolso. “Um dos grandes problemas desse nosso Brasil maluco é que você não encontra, por exemplo, um carro grande pra receber a sua cadeira lá dentro, com espaço. Ou é muito caro ou você tem que fazer uma adaptação que custa de 30 a 50 mil reais”, explica.
A forma como as cidades foram projetadas também não são gentis aos cadeirantes e chegar até o ponto de ônibus é sempre uma surpresa. “O caminho até lá, você ter que andar pela rua, entre os carros.. É complicado. Porque normalmente as calçadas tem muitos buracos e você acaba correndo esse perigo. Nossas cidades precisam evoluir muito ainda em acessibilidade. A nossa cadeira também quebra muito facilmente. Além de pagarmos caro no conserto, ela demora para ficar pronta. A sorte é que eu tenho mais oportunidade que a maioria dos brasileiros”, acrescenta.
A jovem, que atualmente está cursando História, conta que há tempos vêm “namorando” uma cadeira que só é fabricada nos Estados Unidos e que lembra muito os patinetes elétricos usados por seguranças em shoppings. “Por mais que eu não tenha movimento nos braços, consigo fazer leves movimento de tronco, então poderia dirigi-la”. O preço, no entanto, é salgado: custa em média U$ 18 mil – equivalente a quase R$ 75 mil. Além do valor, outra dificuldade está em chegar até o país, já que a passagem e um cuidador em tempo integral sairiam caros.
“Cada dia é uma barreira que a gente vai encarando, não só eu, mas todos os brasileiros. Você tem que passar por cima do psicológico, há julgamentos. Mas a gente vai seguindo pra não deixar a peteca cair e continuar sorrindo.”, revela Lais.
Fonte: Casa Vogue
Se você pai de Cadeirante ou é Cadeirante, ou tem um amigo, parente ou até mesmo só conhece alguém, você precisa compartilhar esse vídeo ! ???
Desse Jeito simples, você pode garantir mais acessibilidade para essas pessoas.???????
Veja esse vídeo e entenda o porque pode ajudar
https://youtu.be/lseKxe–PJ8
Qualquer pessoa pode fazer na sua casa e dar mais acessibilidade á todos.???????
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