Coronavírus: Quais os cuidados as pessoas com deficiência devem tomar para evitarem o contágio?
Brasil possui cerca de 22% da sua população com algum tipo de deficiência. Quais os riscos que elas correm e que cuidados podem ter?
No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 22% da população (45 milhões) têm algum tipo de deficiência. Izabel Maior, especialista em medicina física e reabilitação e ex-secretária nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, explica que as deficiência são classificadas como leve, moderada ou severa e que os riscos e os cuidados variam de acordo com o grau de dependência.
“Pessoas com deficiência mais severas, que dependem de outro para a sobrevivência, têm mais risco de contaminação por coronavírus. Não é só a pessoa com deficiência que tem que receber os cuidados, como lavar as mãos, o cuidador também tem que praticar estas ações”, explicou.
A médica destaca que, no Brasil, as cuidadoras em sua maioria são mães e irmãs das pessoas com deficiência. “Essas pessoas têm que lembrar que elas podem ser acometidos pela virose, por isso, é importante ter outra pessoa para assumir esse cuidado. Caso o cuidado seja familiar é importante haver um treinamento para que outra pessoa possa assumir”.
Ela afirma que mais de 60% das pessoas com deficiência estão acima dos 50 anos, se encaixando também, nesse grupo de risco. Segundo Maior, as políticas públicas devem ser mais eficientes, pois cerca de 70% das pessoas com algum tipo de deficiência estão em uma situação social de pobreza, com poucas condições de se manterem.
Maior alerta ainda que um dos pontos mais complicados para as pessoas com deficiência é a comunicação que vem sendo feita, muitas delas, excluído essa população.
Grupo vulnerável
Izabel Maior, alerta que muitas das deficiências no Brasil são causadas por alguma outra comorbidade, como a diabetes ou a hipertensão, que só por este fato já coloca essas pessoas em um grupo de riscos. Mas além destes fatores, as pessoas com deficiência enfrentam outras dificuldades.
Izabel Maior afirma que no início da pandemia, maior parte das informações eram passadas de maneira visual, seja por cartaz, seja por vídeos. Segundo a médica é muito importante os materiais de informações sejam diversos, para atender a diferentes públicos.
Segundo ela, considerar as diversas deficiências é também uma forma de controlar a transmissão do vírus. “As pessoas cegas, precisam de materiais com audiodescrição ou em braile; pessoas surdas, de materiais visuais, e pessoas com de deficiência intelectual, que não sabem expressar diretamente o que estão sentindo, precisam de uma comunicação cuidadosa e com uma linguagem simples”.
Recomendações de medidas temporárias e emergenciais de prevenção de contágio pelo coronavírus para pessoas com deficiência
Ser uma pessoa com deficiência, não significa por si só, que ela apresente maior vulnerabilidade ao Coronavírus.
Há entre essas pessoas um grupo de risco que compreende as que apresentam sequelas graves, principalmente com restrições respiratórias, dificuldades na comunicação e cuidados pessoais, aquelas com condições autoimunes, as pessoas idosas (acima de 60 anos), as que apresentam doenças associadas como diabetes, hipertensão arterial, doenças do coração, pulmão e rim, doenças neurológicas e aquelas em tratamento de câncer.
Para o grupo de risco, algumas medidas como o distanciamento social e isolamento pessoal podem ser impossíveis para quem requer apoio para comer, vestir-se e tomar banho. Neste grupo alguns cuidados e medidas devem ser reforçados, tais como:
- Higienização frequente das mãos com água e sabonete (durante 30s) ou álcool gel a 70%;
- Seguir a “Etiqueta respiratória” quando possível;
- Cobrir a boca e nariz com um lenço de papel quando tossir ou espirrar e descartar o lenço usado no lixo;
- Caso não tenha disponível lenço descartável, tossir ou espirrar no antebraço e não em suas mãos, que são importantes veículos de contaminação;
- Higienizar as mãos com frequência e sempre após tossir ou espirrar;
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca sem ter higienizado as mãos;
- Usar máscara cirúrgica se estiver com coriza ou tosse.
- Restrição de contato social (exceto cuidadores e profissionais de saúde, quando necessário);
- Evitar aglomerações e viagens;
- Evitar atividades em grupo;
- Atenção redobrada aos cuidados com a higiene pessoal (em especial às pessoas com deficiência intelectual e motora com alto grau de dependência)
- Com relação à higienização de cadeiras de rodas, bengalas, andadores e outros meios de locomoção, promover a limpeza com água e sabão ou álcool líquido a 70% uma vez ao dia e sempre após deslocamento externo;
Cuidados Especiais
Pessoas com deficiência com quadro neurológico e idosos podem apresentar sintomas específicos associados à infecção pelo coronavírus tais como: piora brusca no quadro geral de saúde, perda de memória e/ou confusão mental, perda de mobilidade e força, fadiga repentina. Nestes casos procurar serviço de saúde mais próximo do local de residência.
Nas pessoas com deficiência do grupo de risco em uso de medicamentos, não interromper o uso regular dos remédios a não ser por ordem médica.
O uso de medicamentos imunossupressores pode elevar o risco da pessoa com deficiência contrair a infecção. Nestes indivíduos, as medidas de prevenção devem ser redobradas.
Com relação aos cuidadores e profissionais de saúde
Se apresentarem sintomas de gripe, evitar contato com a pessoa com deficiência.
Utilizar EPI (equipamento de proteção individual) para proteção de gotículas e contato durante o atendimento a pacientes com sintomas respiratórios.
Fontes: G1; Secretária de Estado de Saúde de SP