Paralimpíada 2024: A Omissão das Emissoras de TV que Exclui
A Paralimpíada de Paris 2024, assim como todas as edições anteriores, representa não apenas uma celebração do esporte, mas também uma plataforma fundamental para a inclusão social e a valorização das pessoas com deficiência. No entanto, a falta de cobertura abrangente e dedicada das emissoras de TV de canais abertos no Brasil, e até mesmo de canais pagos, revela uma incoerência gritante, especialmente em um momento em que o discurso sobre diversidade e inclusão é amplamente promovido por essas mesmas empresas.
Enquanto os Jogos Olímpicos recebem uma cobertura exaustiva, com transmissões ao vivo, análises detalhadas e destaque em programas de entretenimento, a Paralimpíada frequentemente são relegadas a segundo plano. As emissoras de TV limitam-se a exibir momentos pontuais, muitas vezes restritos a horários de menor audiência, ou sequer mencionam o evento em seus noticiários principais. Essa prática reflete uma visão retrógrada e excludente, que perpetua a invisibilidade das pessoas com deficiência na mídia.
A incoerência fica ainda mais evidente quando consideramos o apelo comercial que as emissoras tentam capitalizar com temas de inclusão em suas campanhas publicitárias. Durante o ano todo, vemos anúncios e programas que se apropriam da imagem de pessoas com deficiência para promover produtos ou construir uma imagem de empresa socialmente responsável. No entanto, quando chega o momento de apoiar e divulgar um evento que genuinamente celebra o potencial humano dessas pessoas, a atenção e os recursos parecem faltar.
Além disso, a ausência de cobertura massiva das Paralimpíadas reforça estereótipos danosos. A falta de visibilidade impede que o público em geral conheça a realidade e as conquistas extraordinárias dos atletas paralímpicos, alimentando a percepção equivocada de que o esporte praticado por pessoas com deficiência é de segunda categoria. Essa marginalização midiática não só diminui o valor esportivo do evento, como também desestimula a participação de novas gerações de atletas com deficiência, que poderiam se inspirar ao verem seus ídolos na TV.
É imprescindível que as emissoras de TV repensem sua abordagem. Oferecer uma cobertura integral e de qualidade para as Paralimpíadas é uma questão de justiça e reconhecimento. Os atletas paralímpicos dedicam suas vidas ao esporte, enfrentando desafios que vão além da competição em si, e merecem o mesmo respeito e visibilidade que seus colegas olímpicos.
A mudança começa com a conscientização de que as Paralimpíadas não são um evento de nicho, mas sim uma parte vital do movimento esportivo global. Ao dar a devida atenção às competições paralímpicas, as emissoras têm a oportunidade de contribuir para a transformação social, promovendo uma visão mais inclusiva e igualitária da sociedade.
Em suma, esconder a cobertura de uma Paralimpíada é uma incoerência que precisa ser corrigida. As emissoras de TV têm o dever de reconhecer o valor desse evento e de seus atletas, oferecendo a eles a visibilidade e o respeito que merecem. Afinal, a verdadeira inclusão só será alcançada quando todas as vozes e histórias forem contadas com o mesmo destaque.