Ser Professor
Ser professor não é uma tarefa fácil, pois envolve dedicação, comprometimento, responsabilidade e amor pela profissão.
O professor, Miguel G. Arroyo, em seu livro: “Ofício de Mestre”, define bem essa profissão quando diz: “Por mais que tentamos apagar esse traço vocacional, de serviço e de ideal, a figura de professor, aquele que professa uma arte, uma técnica ou ciência, um conhecimento, continuará colada à idéia de profecia, professar ou abraçar doutrinas, modo de vida, ideais, amor, dedicação. (…) são difíceis de apagar no imaginário social o pessoal sobre o ser professor, educador, docente. É a imagem do outro que carregamos em nós.”
Ser professor é algo muito mais complexo do que podemos imaginar.
Fui professora do Ensino Fundamental da Rede Pública por quatorze anos, e por várias vezes precisei abdicar de muitas coisas para poder me dedicar mais aos meus alunos. Na maior parte das salas de aula em que lecionei, havia muitos alunos carentes que apresentavam dificuldades de aprendizagem, sendo assim precisava preparar várias aulas para que pudesse atender a todos. Era um trabalho desgastante, no entanto quando via os resultados positivos, dizia para mim mesma: “Valeu a pena, essas crianças merecem uma educação digna e de qualidade!”
Há uma frase do inesquecível mestre Paulo Freire que diz: “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”
Quantos conhecimentos aprendi com os meus alunos e eles comigo. Conversávamos muito, nossa relação se baseava em clima de respeito, generosidade, solidariedade e humildade.
Tive também a fascinante experiência de trabalhar com alunos com deficiência. Imaginem a cena: na sala de aula uma professora com deficiência e mais dois alunos também deficientes. Aqueles foram momentos inesquecíveis na minha vida. Todos os alunos (trabalhei com alunos de 6 a 16 anos) me aceitaram tranquilamente e me surpreendiam a todo momento. Os alunos sem deficiência colaboravam comigo, com o colega que possuia uma deficiência e também colaboravam com os colegas que apresentavam dificuldades de aprendizagem. Foi uma experiência rica para todos, posso dizer que foi uma experiência da diferença. Impressionante como um valorizava o outro pelo que o outro era (suas dificuldades e seus talentos). Nessas salas de aula não havia espaço para discriminação, pois esses alunos não foram privados de conviver com as diferenças.
Penso que o professor não precisa ser um especialista em libras ou Braille, porque mais importante que isso tudo, é dar chance aos alunos com deficiência e sem deficiência de conviverem no mesmo espaço escolar , compartilharem experiências e conhecimentos e também dar chance aos alunos sem deficiência de vencerem seus preconceitos.
Ser professor é muito mais que transmitir conteúdos, ser professor é abraçar a causa dos mais necessitados, é respeitar a diversidade e a singularidade de cada um, é garantir a todos o direito à educação.
Enfim, ser professor é lutar por ideais, é amar a arte de ensinar e aprender.
Parabéns a todos professores que têm essa preocupação!
Vera Garcia
Olá Vera prazer…trabalho também com deficientes visuais e também defendo a bandeira da inclusão, todos temos direitos e os deficientes com certeza faz parte desse todo, com isso acredito também que ser professor é muito mais que transmitir conhecimentos, saberes, etc é abraçar a causa ultrapassar os obstáculos, correr atrás mesmo que não tenha apoio, enfim, é encarar as barreiras como oportunidades…fica com Deus…
Parabéns prof. Aristóteles!
Você disse muito bem "correr atrás mesmo que não tenha apoio". Infelizmente é verdade, pois na maioria das vezes os professores não tem condições adequadas de trabalho e remuneração.
Só de pensar que algum tempo atrás ser professor era uma profissão tão respeitada, e hoje o professor se vê com dificuldades para trabalhar e viver com dignidade.
abraços
Vera