Para especialistas, atirador Wellington Menezes parece vítima de bullying
Profissionais diferentes concordam que há elementos de vingança e pedido de atenção em massacre em escola no Rio
Uma vítima de bullying em busca de vingança e atenção. Embora ainda esperem mais dados, especialistas em violência escolar dizem que Wellington Menezes – o rapaz de 24 anos que matou 11 crianças, feriu outras 13 e morreu em uma escola no Rio de Janeiro – agiu como quem sofreu durante a vida estudantil.
O perfil social do atirador seria o primeiro indício. Segundo uma irmã, ele era “estranho” e “sem amigos”. A pedagoga Cléo Fante, autora de livros sobre bullying, vê nesta descrição uma pessoa com problemas sociais e carência. “Pode ter sido uma tentativa de sair do anonimato e chamar atenção uma única e última vez”, comentou.
Também colabora para a tese o cenário que escolheu para o massacre. Menezes se armou, escreveu uma carta, pensou em uma desculpa para passar pelo portão e voltou à escola municipal Tasso da Silveira, lugar que freqüentou como aluno. “Isso leva a hipótese de vingança”, diz o coordenador do Observatório de Violência nas Escolas da Universidade da Amazônia (Unama) em convênio com Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Reinaldo Nobre Pontes. “Ele parece ter planejado a agressão, tão grande que incluía a própria vida, como uma forma de devolver o sofrimento à sociedade. A escola devia ser para ele a maior representante desta sociedade.”
(Veja: Bullying contra alunos com deficiência)
Facilidade para se armar
O especialista afirma que o fato, por ser inédito nestas proporções no Brasil, ainda precisa de análise, mas lembra que casos similares no mundo reuniram dois componentes: pessoas revoltadas e facilidade em comprar arma. Ele conta que esteve na Alemanha e conversou com pessoas que acompanharam o caso de Winnenden, em que um aluno matou 12. “Era um jovem de classe média que tinha um pai colecionador de armas, já nos Estados Unidos, onde há mais casos, a aquisição é mais fácil”, diz.
A psicóloga com livre docência em violência da Universidade de São Paulo (USP), Sueli Damergian, também frisa o acesso às armas como parte do problema. “Todo mundo tem uma carga de agressividade dentro de si, a maioria consegue lidar, outras não, mas o meio ambiente não pode dar a oportunidade da violência, com o fácil acesso a armas.”
Escola perdeu vocação humanista
Para ela, a escola tem sido palco de atos de violência porque reflete cada vez mais uma sociedade competitiva em que há mais chances de pessoas serem ou se sentirem hostilizadas. “Não é uma coincidência que estes casos no mundo todo ocorram em ambiente escolar. É claro que para uma vítima de bullying reagir dessa maneira precisa ter um desequilíbrio, mas as agressões são cada vez mais freqüentes”, diz.
Sueli acredita que apenas a humanização do processo educativo reverteria a tendência à violência. “A escola perdeu a vocação humanista e trocou a atenção ao ser humano por uma grande competição estimulada por todos, inclusive pais. O tempo todo busca-se saber quem é o melhor, o mais bonito, etc. e quem não se adéqua é hostilizado.”
Esse cara é meu idolo mostrou como é o Brasil mesmo, e não se enganem falando que ele é um lunatico ou um doido esse homem é a cara do Brasil ele é tudo que as pessoas brasileiras são.
Ficam agora uns oportunistas falando em campanhas para desarmar o cidadão de bem, mas eu acho que deveriam era tornar menos difícil o porte de arma. Deveria ser igual carteira de habilitação, mas claro que o teste psicotécnico deve ser rigoroso o suficiente. No caso desse assassino, o que os politiqueiros anti-armas não comentam é que a arma era “fria”, e não regularizada. Mas se uma professora, por exemplo, tivesse uma arma (regularizada) e soubesse como usá-la, poderia ter abatido o atirador antes que o massacre tomasse a proporção que tomou. Armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas…