Deficientes testam cinco modelos de carros adaptados
Na maior feira de produtos para pessoas com deficiência, a Reatech, que começa nesta quinta-feira em São Paulo, os carros são a grande sensação. Afinal, simbolizam a independência de muitos deficientes físicos, como a de Cleonice Faria, 25.
“Poucos sabem as dificuldades que superamos, e o automóvel é a chave da mobilidade”, diz a deficiente, que cruza São Paulo ao volante de um Honda Fit adaptado.
Sua paralisia cerebral, no entanto, só afeta os movimentos das pernas e do braço direito, não o seu humor.
Modelo fotográfica, Cleo lembra de seu maior apuro. “Foi quando bateram na traseira do meu carro e a cadeira de rodas ficou presa no porta-malas. Ainda bem que eu sou ‘flex’ e ando também com muletas”, brinca.
Ela e mais quatro motoristas (com deficiências distintas) avaliaram, a convite da Folha, cinco automóveis com propostas bem diferentes todos com adaptações.
Na batalha, a minivan Livina (Nissan), o jipinho EcoSport (Ford), o hatch Gol (VW) e o sedã Siena (Fiat) desafiam a honra do versátil, porém caro, Honda City, eleito o melhor carro do ano para pessoas com deficiência, segundo a Revista Nacional de Reabilitação.
Mas, antes de dar seu veredito, a cadeirante Márcia Bueno explica como analisa um carro: de trás para frente.
“Primeiro olho se o bagageiro acomoda bem a cadeira de rodas. Depois, a cabine [acesso aos comando, facilidade de embarque] e, por último, desempenho e aparência”, conta a administradora.
Com 1,30 m de altura, o técnico em informática Leonardo Pinheiro, 30, diz estar acostumado a dirigir com almofada sobre o banco e prolongadores nos pedais.
“Fechar a tampa alta do bagageiro de peruas e hatches é complicado. Meu braço não a alcança”, reclama. Para ele, os sedãs são mais práticos.
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Pinheiro, Faria e Bueno se unem para apontar o City como o vencedor do teste
Apesar de ter melhor preço, além de dirigibilidade e espaço interno parecidos com os do Honda, a Livina recebe “só” a medalha de prata, pois esquece de oferecer ajustes de altura do banco e do cinto de segurança, mesmo sendo a versão SL automática, a topo de linha da Nissan.
DUELO
Quem assistiu no kartódromo da Granja Viana o pega entre o piloto Felipe Massa e o atual campeão brasileiro de parakart, Thiago Cenjor, 30, não poderia imaginar que este dirigia só com as mãos “”um tiro o deixara sem o movimento das pernas.
No carro de Cenjor, os comandos do pedal também são adaptados. Empurrando para frente uma alavanca embaixo da seta, o veículo freia; puxando-a, acelera.
A mão direita segura firme o pomo que gira o volante para contornar as curvas. A manobra, no entanto, exige um esforço extra do braço torneado do atleta. “A direção elétrica [da Livina] é mais leve e melhor que a hidráulica, para deficientes”, opina.
Com conhecimento mecânico afinado no box de autódromos, Cenjor critica também o funcionamento áspero dos câmbios automatizados do Siena 1.6 e do Gol 1.6.
O Fiat parece dar ainda mais trancos nas trocas robotizadas “”câmbios automáticos, mais sofisticados, usam conversor de torque, mas custam o dobro (R$ 5.000).
É o motor 2.0 do EcoSport, porém, que encanta o administrador Diego Lucas Madeira, 27, que se intitula um “pé de chumbo”. “Só o direito”, ironiza o amputado de perna esquerda. “Meu pai fala que Deus tinha que me convocar para um recall.”
Madeira afirma guiar qualquer carro sem nenhuma dificuldade, desde que não tenha pedal de embreagem.
DETALHES TÃO PEQUENOS
Nem sempre um item considerado de luxo pelas montadoras tem o mesmo valor para os deficientes, como o botão para dar a partida do motor (do Renault Fluence) ou o freio de mão eletrônico (da Citroën C4 Picasso).
Para quem não tem força na mão direita, por exemplo, até o sistema de destravamento da alavanca do câmbio automático tem de ser fácil de acionar. O botão atrás é melhor que o lateral.
“Regulagem de inclinação boa para o encosto do banco é aquela que você não precisa ficar girando, girando… A do Siena é melhor para colocar a cadeira de rodas no assento do carona”, avalia Cenjor.
Fonte: Folha de S. Paulo (10/04/2011)
Veja:
Direitos e isenções de impostos para pessoas com deficiência na aquisição de veículos
Honda City eleito o melhor carro para pessoas com deficiência
Veja os programas das montadoras Fiat, Nissan e Toyota
Teste Drive: C4 Pallas e C4 Hatch
Vera,
Obrigada por esse post.
Fiquei feliz com essa matéria. Nosso amigo, Jairo Marques, indicou agência para fazer essa pauta. Amei ver os modelos, na capa do caderno Veículos. Tenhos as fotos de m. of, depois te mando.
Beijos, Kica
Que bacana, Kica! O Jairo é nota mil!
Aguardo as fotos.
Beijos!
Olá….sou um dos modelos que participou dessa materia, modelo da Agencia Kica de Castro, que por sinal materia essa que ficou muito boa e de extrema utilidade e e muito conhecimento não só para as pessoas com deficiencia como eu e também para pessoas que gostam de saber como as coisas funcionam para a gente.
Olá Thiago!
Com certeza é uma matéria de grande utilidade para as pessoas com deficiência. Parabéns pela participação! Muito bacana!
Sou modelo fotográfiico da agência Kica de Castro, fiquei feliz por recebr o convite para fazer essa pauta, pois utilizo meu carro para ir em todos os lugares que preciso. O assunto desta matéria é extremamente importante para quem possui dificuldades de locomoção. Nosso país tem melhorado a passos pequenos o aspecto da acessibilidade e ainda não podemos dizer que temos um bom transporte publico adaptado para deficientes. Como não dá pra depender do governo para termos mobilidade, o jeito mesmo é adquirir um carro. As dicas e esse teste contribuem muito para as escolhas de quem possui as mais variadas limitações fisicas!
Parabens a todos que contribuiram para a matéria!!!!
Abraços
Cleonice Terra Faria
Parabéns pela participação nessa reportagem, Cleo!
Transporte adaptado no Brasil é ainda precário. Sabendo que 80% dos deficiente residem nos países mais pobres, segundo relatório da OMS e onde o Brasil está incluido, o governo deveria investir muito mais nesse tipo de transporte.
Abraços!
Pelo que li não me apercebi de nenhum modelo para quem tem mais dependência. Pena nós tetraplégicos termos tão poucas alternativas…
Fica bem
No caso de um tetraplégico ainda seria mais adequado um monovolume, como a Nissan Livina, que eu não sei se é disponível em Portugal, ou a Opel Zafira, levando em consideração a altura interna impor menos restrições à cadeira de rodas. Modelos maiores como o Opel Movano poderiam ainda ser mais adequados por permitir a instalação de plataformas elevatórias mais pesadas sem demandar tantas alterações estruturais, e eventualmente ainda permitir que se possa guiar o veículo sem sair da cadeira de rodas.
Ótima sugestão, Daniel!
É verdade, Eduardo. Nessa reportagem não teve mesmo.
Se ainda não viu, dê uma olhada nesse link:http://www.deficienteciente.com.br/2011/04/cavenaghi-lanca-comando-de-voz-para-motoristas-tetraplegicos.html
Abraços!
Existem poucas opções no mercado brasileiro que realmente poderiam ser adequadas para motoristas com alguma deficiência, e o (des)governo ainda dá um jeito de piorar tudo com a burocracia.
Com certeza, Daniel.
Olá, também sou um dos modelos da Agência Kica de Castro que participou do test Drive.
Foi interessante ver os diferentes pontos de vistas sobre o que alguém, de diferentes características esperam de um carro; Mais legal ainda foi saber que as montadoras e as lojas estão se “atinando” para essa nova ralidade do mercado 🙂
beijão
o/
É isso mesmo, Diego. Parabéns pela participação na matéria!
Beijo,
Desde os três meses uso aparelho de marcha acompanhado de muletas canadenses. adorei ver estes carros adaptados, pois o meu sonho é ter um. tenho mt dificuldade de me locomover é mt cansativo andar de ônibus.
Sou amputada dos membros inferiores gostaria de saber se existe e como faço para adquirir um