Indignação
Depois de seis longos meses de muita luta e insistência, finalmente, Guilherme poderá fazer sua prova no ENEM numa data posterior em relação aos outros candidatos.
A mãe de Guilherme começou essa batalha antes mesmo da abertura das inscrições para o ENEM. Ela foi atrás dos direitos de seu filho, no entanto só ouvia um “não” como resposta. Desesperada ela procurou o Ministério Público e ingressou na justiça.
A esperança de Guilherme e de sua mãe somente foram renovadas por causa do vazamento do exame do ENEM, que aconteceria em outubro e foi remarcado para dezembro. Vejam bem, se não fosse por isso, Guilherme, um jovem brilhante, já teria perdido sua chance de fazer a prova.
Segundo informações do INEP, a decisão de liberar o computador já tinha sido tomada há quase um mês. Então, por que demoraram tanto para avisar a mãe e por que somente a três semanas da prova resolveram avisar? Imaginem o estado de apreensão e angústia de Guilherme e de sua mãe esperando todo esse tempo por uma resposta do INEP. Na minha opinião, isso é muita crueldade! Eu não consigo entender até hoje e acredito que muitas pessoas também, a atitude do INEP diante desse caso.
O INEP (Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) é responsável pelas realizações do Censo Escolar, Prova Brasil, SAEB, ENEM e outros. O nome que a instituição leva, Anísio Teixeira, é de um personagem central na história da educação no Brasil nas décadas de 1920 e 1930. Anísio Teixeira foi um dos mais destacados signatários do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova. Defendeu o ensino público, gratuito, laico e obrigatório e lutou por uma sociedade mais justa e igualitária. Para um Instituto de Educação levar um nome como esse, é preciso que suas práticas e ações correspondam aos ideais de Anísio Teixeira. No entanto, o que vemos atualmente é exatamente o contrário, atitude injusta e discriminatória diante do caso de Guilherme.
Atualmente, fala-se tanto em educação inclusiva, em projetos de sensibilização e conscientização em relação a inclusão social das pessoas com deficiência e no combate a discriminação e preconceito , porém quando surge um caso como o de Guilherme, onde o direito dele deveria ser garantido, acontece exatamente o contrário, ou seja, seu direito é cerceado.
Agora temos um outro problema, o tempo de duração da prova de Guilherme. Devido a paralisia cerebral, ele tem dificuldade na fala e sua mão não consegue abrir totalmente. Para poder se comunicar, ele usa o computador adaptado como se fosse um papel e uma caneta. Como ele é uma pessoa com deficiência, deram uma hora a mais para ele fazer a prova, no entanto uma hora a mais não será suficiente, pois é óbvio que ele demorará muito mais tempo para digitar devido a sua limitação física. O ritmo dele é diferente e precisa ser respeitado. Só entenderemos a situação, se nos colocarmos no lugar dele. Provavelmente no dia da prova, ele estará nervoso, ansioso e numa expectativa muito grande. Além de tudo precisará desenvolver uma “habilidade extra” para digitar as respostas no prazo que foi estipulado pelo INEP.
O MEC (Ministério da Educação) que apregoa tanto o respeito às diferenças e ao ritmo de cada aluno, precisa analisar muito bem esse caso.
Boa sorte, Guilherme! Sabemos que você dará o melhor que tem no dia da prova, e certamente provará que esses obstáculos que surgiram, servirão como degraus que facilitarão a sua chegada até a vitória!
Texto escrito por Vera (Deficiente Ciente)
Veja também nesse blog:
MEC autoriza jovem com paralisia cerebral a usar computador no Enem
MPF move ação para garantir que estudante com paralisia cerebral faça o Enem
Vídeo sobre a discriminação do INEP em relação ao aluno Guilherme Finotti no RS
VERA, os homens fazem as leis. Mas,a 'Justiça' é de DEUS! sem essa do INEP declarar que a decisão do Guilherme, fazer a prova já estava tomada. O vazamento da notícia e o ingresso na Justiça,é que motivaram a decisão. Abrçs Roy Lacerda.
Olá Vera,meu nomme é Francinelle,conheci seu blog por intermédio da Fabi que comentou e colocou o link no blog que escreve.Sou PC tbm e lendo essa máteria sobre o caso de guilherme,além de me indignar me deixou muito apreensiva,visto que,assim como Guilherme,tenho muita dificuldade na escrita e na fala.Irei prestar vestibular no dia 10 de janeiro pela UFPA (resido no estado do Pará), para a 3 etapa e tive problemas com a etapa anterior pois mesmo ficando um certo tempo além do periodo estabelecido para as pessoas com deficiência que é de 1 hora a mais,não tive como terminar dentro desse prazo e ai houve uma certa pressão por parte dos funcionários da instituição, que queriam sair,para que eu entregasse a prova logo,resultado;perdi algumas questões importante e que ira fazer falta na somatória das notas.Imagino como vai ser agora na 3 etapa,já que além das questões das materias,vai entrar tbm a redação.Resumido,to em pânico.
Querido Roy,
Como sempre, tem toda razão.
Fico muito feliz de ter amigos como você, solidário e parceiro!
Obrigada, amigo!
abraços
Vera
OLÁ AMADA VERA,MIGA ESCRIBA E GUERREIRA NOSSA,MISSÃO SUA ,ÍMPAR É!
TE ABRAÇO,EMOCIONADO,BLOG MEU,ABERTO ESTARÁ SIEMPRE PARA CAUSAS E LUTAS SUAS!
vIVA a vIDA!
Querida Vera,
Li a história de Guilherme e é, sem dúvida, um caso brilhante de superação, força de vontade e que demonstra que não há obstáculos que vençam um ser humano quando há vontade e determinação…
Qto às leis, em nosso país, elas só ficam no âmbito do papel… As LDBs são lindas, já reparou?! Precisão nas palavras, português polidíssimo, impecável… porém, o que acontece na prática, não é o que realmente está escrito lá…
Precisamos de mais pessoas como essa mãe que luta por seus direitos e fazem valer as leis… Parabéns à esta grande guerreira!
Parabéns à você, pelo blog, tão conscientizador…
Tenha um excelente fim de semana!! Vou pegar meu selinho, muito obrigada por ter se lembrado de mim!!
Beijo!!!
Querido amigo Ricardo,
Agradeço sua visita, sua solidariedade e também sua luta em defesa aos direitos das pessoas com deficiência.
abraços
Vera
Querida Regina,
Seus comentários sempre enriquecem o blog Deficiente Ciente. Seja sempre bem-vinda!
Realmente as leis no Brasil só ficam no âmbito do papel, como você disse. Não só em relação a educação, mas em outras áreas também.
Eunice, mãe de Guilherme, é um exemplo de coragem e sabedoria!
Beijos amiga!!
Vera
Querida Francinelle!
Obrigada pela visita! A Fabi é um doce de pessoa!
Em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-la por dar continuidade aos seus estudos, isso prova que você é uma pessoa determinada e estudiosa!
Em relação ao vestibular, nunca se esqueça que Deus sempre estará ao seu lado, aconteça o que acontecer. Imagino o que deve ter passado na 2ª fase do seu vestibular, no entanto considere-se uma vencedora, pois já conseguiu ultrapassar as fases anteriores e chegou na fase final.
Acalme-se, tenho certeza que assim como o Guilherme, esse será somente mais um obstáculo na sua vida que você conseguirá ultrapassar. Não desanime nunca, ok?
Gostaria muito de publicar o seu comentário no blog Deficiente Ciente, com sua permissão, para que sirva como uma forma de denúncia e conscientização, porque muitas pessoas desconhecem o que de fato acontece em vestibulares, concurso público em relação às pessoas com deficiência.
beijos
Vera
Vera, faço minhas as palavras do Roy. Infelizmente, foi necessário ingressar com uma ação para assegurar um direito que deveria ter sido reconhecido de imediato.
Notícia publicada e devidamente linkada.
Abraços,
Luciano Mourilhe
Com certeza, Luciano!
Obrigada pela visita e comentário, meu amigo!
abraços
Vera
Obrigada por permitir, Francinelle! Amanhã estarei publicando.
beijos
Vera