Mineira aprende a não esconder deficiência e chefia equipe
HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO
Rosângela Maria Fonseca, mineira, tinha apenas dez anos quando perdeu todos os dedos e metade da mão direita em um acidente com uma máquina de moer carne, quando ajudava o patrão dono de um açougue. Até os 16 anos manteve uma certeza: sua vida havia acabado. Só saia de casa para ir à escola com a mão no bolso ou enfaixada, mas sempre escondida. Atualmente Rosângela chefia uma equipe de 20 pessoas e é chefe de prevenção do Grupo Pão de Açúcar.
Ela se orgulha da capacidade de digitação com as duas mãos. Concluiu a faculdade de administração com ênfase em recursos humanos, paga pela empresa, e fez pós-graduação em gestão empresarial. Decidida a nunca se acomodar, ela agora sonha com a segunda faculdade. “Quero fazer estudos sociais. As oportunidades vão surgindo no Pão de Açúcar e quero estar preparada para agarrar a próxima”, diz ela.
Com 17 anos Rosângela resolveu sair de Minas Gerais e buscar um lugar ao sol. Passou por várias casas de família onde fez faxina. Aos 25 anos, conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada no grupo varejista, em 1994, então como segurança de loja. Aquilo lhe abriu a cabeça, explica a chefe de prevenção agora com 41 anos: “conheci muita gente, ampliei minha visão de mundo. Fui aprendendo e, ao mesmo tempo, sendo valorizada. Hoje não escondo mais a mão, o que gera curiosidade.”
Segundo ela, é muito comum as pessoas lhe perguntaram como perdeu os dedos ou se surpreenderem com sua agilidade com o computador. “Eu não cato milho, não”. Seu maior sonho, no momento, é se tornar gerente de loja e para isso ela vai concorrer com todos os demais funcionários na seleção interma, sem qualquer diferenciação. “Pensando que comecei como segurança, posso dizer que tudo que consegui foi trabalhando”, diz. Rosângela comprou um apartamento e faz auto escola para poder dirigir. Nada de acomodar.
Ela, porém, ainda sofre de ver pessoas com deficiência trancadas em casa ou por vergonha de si mesmas, ou por familiares que preferem as esconderem a enfrentar o preconceito ainda existente. “Conheço uma senhora que não sai com o filho deficiente de casa nem para tomar sol. É triste”. Mas, em sua opinião, a realidade está mudando. Já se vê mais pessoas com deficiência saindo às ruas, fazendo compras e trabalhando.
Fonte: Portal Terra (08/06/11)
Bom exemplo o dela, que sem depender de cotas está indo com a cara e a coragem. Tudo bem que não é assim tão complicada a questão da acessibilidade nesse caso como seria para um cadeirante. Mas o importante é, além daquela questão de se incentivar a escolaridade, a assistência técnica (médica, fisioterápica e psicológica) para que alguns talentos não sejam desperdiçados.