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Todos têm de aprender a lidar com as diferenças

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Utilizar as habilidades e não ficar preso as suas dificuldades. Além do estranhamento, os portadores de síndrome de Asperger querem mostrar um lado fascinante do ser humano. Aprender a lidar com as diferenças é a principal lição

É preciso colocar um escorregador que leve as crianças até a piscina, brinquedos aquáticos, piso emborrachado, um chuveirão próximo da área de lazer e uma porta que se abra como a de um castelo. O pequeno Mateus Oliveira Gonçalves, 9, está empolgado com os seus planos de fazer da Casa da Esperança um grande parque de diversão. “Algo parecido como a Disney ou o Beach Park“, explica com um linguajar formal. O garoto passa boa parte do tempo traçando planos, elaborando sistemas e tentando convencer os profissionais de que um grandioso parque de diversões iria ajudar no tratamento das crianças e jovens.

Há uns três anos, ele participa das atividades na fundação que cuida de pessoas com espectro de autismo. “Mas eu entendo mais do que eles, claro“, diferencia-se em relação aos outros colegas. Mateus sabe que possui a síndrome de Asperger & considerado um tipo mais leve de autismo. “Estou aprendendo a me comportar e a respeitar os outros“, diz, eloquente. Entretanto, ele está bem mais interessado em contar sobre o seu projeto. “Já estou ficando preocupado, precisamos desse parque urgentemente“, reitera.

A fixação por determinado assunto e a comunicação rebuscada são características da síndrome. Os pais chegam a ficar impressionados com algumas palavras que ele cita e com a quantidade de informação sobre determinada temática. “Ele também gosta muito de navios e trens. Já assistiu ao filme Titanic várias vezes e desenhou a sequência das cenas com uma riqueza de detalhes impressionante“, comenta o pai João Batista, 49. Foi ele o primeiro a perceber que o filho era “diferente“.

“Ele não atendia ao nosso chamado e estava sempre distante. Tinha medo de barulho de liquidificador e da partida do carro. Costumava também sair correndo sem direção“, lembra. No início, a mãe tentava negar, dizia que ele era igual às outras crianças. Mesmo assim, para João Batista, que tem um irmão autista, os sinais que Mateus passava inconscientemente chamavam a atenção.

A jornada pelos consultórios pediátricos começou quando o menino ainda era bebê. “Um neuropediatra chegou a me dizer que o Mateus não tinha nada, que eu estava impressionado e vendo coisas onde não existia“, conta. O que poderia ser alívio para alguns pais, não foi para João Batista. Era apenas o início da saga pela busca de um diagnóstico preciso. “Foi impactante saber que ele tinha a síndrome de Asperger“, reconhece. O maior temor é sobre a possibilidade do menino não conseguir administrar a própria vida. “As pessoas podem não perceber que ele é diferente no primeiro contato, mas depois vão perceber. Esconder o problema é alimentar o preconceito. Todos têm de aprender a lidar com as diferenças“, acredita.

Entre descidas no escorregador e balanços no pequeno parque montado na fundação, o pequeno Mateus segue planejando estratégias para realizar seus sonhos e brincando, como qualquer outra criança com nove anos de idade.

PENSE NISSO!
“O mundo precisa saber que existem enormes diferenças de comportamento humano. As pessoas estão muito dispostas a descartar alguém que não responde como elas gostariam”
John Elder Robinson

Fonte: http://opovo.uol.com.br/
Imagem retirada do Google Imagens

Veja também nesse blog:
Síndrome de Asperger – Parte 1
Síndrome de Asperger – Parte 2
Síndrome de Asperger – Parte 3
Sindrome de Asperger – Parte 4

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

4 comentários sobre “Todos têm de aprender a lidar com as diferenças

  • Oi Vera,
    tenho uma amiga que tem um filhinho lindo de 4 anos, que apresenta algumas caracteristicas da sindrome. Há muito tempo venho falando com ela sobre essas diferenças e a necessidade de procurar um especialista na área. Ela nunca aceitou e eu compreendo o sofrimento de mãe que ela expressa sempre quando conversamos. Dói saber que nosso filho não é "igual" aos outros e como mãe sofre de verdade, a gente já fica imaginando toda sorte de rejeição que ele poderá sofrer.
    Como o pediatra do menino tb não ajuda muito resolvi indicar seu blog para ela dar uma olhadinha, nem falei que vc estava fazendo uma série sobre a sindrome, e olha que legal, depois de ler a parte dois, ela resolveu marcar um neuropediatra pra ele e a consulta foi ontem. O menino ainda vai fazer alguns exames, mas o médico já entregou um material sobre a sindrome para minha amiga se informar.
    Achei que vc gostaria de saber.
    Bjs.

    Resposta
  • Querida Fátima,

    Você não imagina o quanto essa notícia me deixou feliz! Ganhei o dia hoje!
    É muito difícil para os pais aceitarem uma realidade que não foi prevista e ainda mais por ser uma realidade em que a mídia pouco divulga. Que bom que sua amiga foi procurar um neuropediatra.
    Fátima, essa sua sinalização para a suspeita da síndrome, demonstrou o grande carinho que você tem por ela e pela criança.
    O blog Deficiente Ciente estará sempre a sua disposição, ok?

    Beijos!
    Vera

    Resposta

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