Sugestão Cultural – Filme: A Pele
Caro leitor,
Semana passada assisti o filme americano “A pele” que tem o título original “Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbusm”, recomendado por Flávinho Caldeira. Achei o filme fabuloso e a atuação de Nicole Kidman perfeita. “A pele” trabalha bastante a questão da diversidade humana e levanta a questão sobre o belo e o perfeito. Afinal, o que é perfeito? Quem é perfeito?
A personagem vivida por Nicole Kidman, Diane Arbus, cansada de sua vida monótona e a rotina do seu casamento, busca novas experiências com pessoas que fogem do padrão considerado “normal” pela sociedade.
Abaixo uma resenha crítica de Rodolfo Lima, jornalista, ator e crítico de cinema.
Diane Arbus (1923-1971) foi uma das mais importantes fotógrafas americanas. Retratista, tinha como alvo, o que a sociedade considerava fora dos padrões estéticos. Seus protagonistas viviam no gueto, àmargem, e a preocupação de Diane era justamente retratar o que havia por trás da máscara que a pessoa ostentava. Suas dores, angústias e frustrações.
Antes de romper com as obrigações domésticas, era ajudante do marido, este sim um fotógrafo de anúncios publicitários. Era uma espécie de assistente de produção e responsável pelo figurino que as modelos usavam nas fotos. Mãe de duas garotas e entediada com seu casamento decide começar a fotografar o misterioso vizinho do andar de cima.
Logo no inicio do filme o diretor Steven Shainberg (Secretária – 2003) avisa que se trata de uma história fictícia criada a partir da biografia da artista, escrita por Patrícia Bosworth. Tal informação o livra das cobranças de fazer um retrato fiel de Diane. Porém sua fantasiosa versão para o mundo da fotógrafa não agradou a crítica americana.
Creio que se você embarcar na história, poderá usufruir de um filme instigante, no meio de tanta obviedade nos cinemas. A Pele (Fur – 2006) é uma tentativa de sair da rotina, assim como sua protagonista.
Ao se envolver com o vizinho Lionel (Robert Downey Jr) que sofre de uma doença rara, que o faz ter pêlos por todo o corpo, Diane começa a ver beleza, onde normalmente não se veria. O contato dos dois, lembra o mesmo argumento do filme da Disney, A Bela e Fera. Só que o foco aqui é outro. Por trás daquele monte de pêlos, Diane ira descobrir (pasmem) uma pessoa. Não há feitiço, apenas uma doença que serve como metáfora para todos os pré-conceitos e estigmas que há na civilização.
Ver Diane tentando introduzir o amigo em seu ambiente familiar, mostra o quanto a artista ficou seduzida pelo diferente. Acostumada a beleza óbvia das fotografias do marido, Diane vai para o outro extremo e procura o conceito de beleza, em lugares onde teoricamente não há o conceito do belo.
O filme é isso, uma viagem particular do diretor pelo universo – digamos – caótico de Diane. Há beleza no filme de Shainberg, em partes pela própria Nicole Kidman ou nas metáforas construídas no filme. É para ser “lido” nas entrelinhas. O fato do marido, deixar a barba crescer, para competir com o vizinho, mostra a tentativa de salvar o casamento que se abalará com a ausência da mulher. Esta é apenas uma das sutilezas contidas no filme. Arrisque-se!
Trailer do filme
Informações Técnicas
Título no Brasil: A Pele
Título Original: Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Classificação etária: 16 anos
Tempo de Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento: 2006
Estréia no Brasil: 09/03/2007
Site Oficial: http://www.furmovie.com
Estúdio/Distrib.: Playarte Home Video
Direção: Steven Shainberg