Nova caneta e régua-guia deverão facilitar escrita de pessoas com deficiência visual
Protótipos de caneta e régua-guia para escrita em braile deverão auxiliar as pessoas com deficiência visual (de qualquer idade) a produzirem textos com mais facilidade e a baixo custo. Essas são as vantagens do modelo idealizado pela bióloga Aline Picolli Otalara, que atua na Tecnologia e Ciência Educacional (Tece), empresa especializada em desenvolver produtos para a área da educação. A Tece está instalada na Incubadora de Base Tecnológica da Unesp (Incunesp), em Rio Claro, interior do Estado.
A pesquisadora tem apoio científico da docente Deisy Piedade Munhoz Lopes, do Departamento de Física do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), da Unesp de Rio Claro, e conta com a consultoria especializada da professora de braile Marly Rodrigues Milanezi e do docente aposentado do Instituto de Biociências da Unesp, Manuel Carlos Carnahyba, portador de problemas de visão desde a infância.
Além dos quatro pesquisadores, outros profissionais participam do trabalho: fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, dois pedagogos, pessoal de design e engenharia industrial. A bióloga destaca a colaboração dos deficientes visuais, de 10 a 70 anos, que testam as novas canetas desde o início do projeto, há um ano: “Sem a ajuda deles não teríamos conquistado nem a metade dos resultados, porque são os principais interessados e dão suas opiniões sobre o produto”.
Escrita inversa – O código braile é composto de seis pontos em alto-relevo que, combinados, formam os 63 caracteres utilizados para a produção textual. Para a leitura do texto em braile, o portador de deficiência visual utiliza a sensibilidade dos dedos das mãos, que percorre os pontos impressos no sentido da escrita ocidental, ou seja, da esquerda para a direita. O problema é que a produção do texto com a reglete, instrumento mais comum para a escrita em braile, deve ser no sentido inverso, da direita para a esquerda, e a letra também deve ser escrita do fim para o começo. A reglete é uma espécie de prancheta do tamanho de uma folha de papel sulfite, com orifícios em baixo-relevo.
Com uma peça pontiaguda, chamada punção, que funciona como uma caneta, o usuário marca os pontos na reglete para compor as palavras. “Neste caso, o modo de escrever, em forma contrária ao sentido da leitura, dificulta a alfabetização”, destaca Aline. A reglete custa entre R$ 30 e R$ 80. A máquina de escrever em braile, outro instrumento disponível, propicia a produção de texto no mesmo sentido da leitura, mas tem alto custo (cerca de US$ 1.500) e de difícil transporte. Tem apenas seis teclas e uma barra de espaço, cuja combinação dos pontos forma os caracteres do código.
Patenteamento – Na criação da bióloga Aline, a escrita e a leitura podem ser feitas da esquerda para a direita. Além da facilidade de transporte, por seu tamanho (apenas um pouco maior que uma caneta comum), e do baixo custo, o novo instrumento facilitará a alfabetização, em braile, de crianças e de adultos que perderam a visão. “Com a caneta e a régua-guia, o procedimento da escrita braile será normal”, diz. O protótipo está em processo de patenteamento. “A idéia da Tece não é fabricar e vender o produto, e sim transferir tecnologia. Estamos procurando empresas para negociar, com exclusividade ou não, de acordo com a proposta”, destaca a idealizadora. Ela disse que um dos objetivos é que a instituição aceite vender o produto por um custo menor do que os disponíveis.
Para terminar a fase de testes, a pesquisadora informa que precisa de parceiros ou fundações de pesquisa dispostos a investir R$ 100 mil.
Fonte: Agência Imprensa Oficial
Referência: Instituto Muito Especial