Inclusão
Caro leitor,
O texto abaixo é da professora Simone Fiorito, do blog Letras Livres.
Políticas públicas e leis sobre os direitos à educação para as pessoas com deficiência existem no Brasil, mas como em muitos outros setores e assuntos de nossa sociedade, a existência de leis, por si só, não garantem o cumprimento e nem a similaridade entre o que é legitimo (ideal) e o que é real, quando o assunto é educação inclusiva.
Primeiramente precisamos entender a inclusão como um processo complexo e que depende de vários fatores e setores da sociedade trabalhando juntos para que seja legítima. A escola não faz inclusão, a sociedade é que faz, pois as necessidades educacionais de alunos com deficiência é apenas parte de um conjunto de atendimentos e atenções que este aluno precisa ter.
Recordo-me de que quando estava no ensino fundamental havia uma sala na minha escola que era denominada pelos alunos como “a sala dos retardados”, quando na verdade, tratava-se de alunos com necessidades educacionais especiais. Lembro-me claramente de que eu e outras crianças tínhamos medo das crianças que estudavam lá, e que os alunos daquela sala não se misturavam com os outros alunos da escola.
Como eu era muito jovem, jamais fiz nenhuma reflexão sobre aquilo, mas hoje pensando sobre isso, posso dizer que este fato reflete o vasto caminho que a educação inclusiva no país vem trilhando, e o quanto já evoluiu, apesar de caminharmos a passos tão lentos.
Acredito que só o fato de termos as leis que garantam os direitos das pessoas com deficiência, e que estejamos em um momento histórico da educação no Brasil onde há uma franca preocupação em incluir os alunos com deficiência no sistema educacional, já é um avanço, mas estamos apenas no começo de uma revolução tão necessária. Não basta inserir o aluno com deficiência no sistema de ensino e esperar que ele aprenda sem oferecer-lhe as condições necessárias para o aprendizado.
Por exemplo, não basta oferecer a um aluno surdo a oportunidade de estudar em uma sala de aula com alunos ouvintes, e acreditar que ele está incluído e aprendendo apenas pela presença do intérprete. Esta é sem dúvida uma questão que deve ser amplamente discutida e que dá margem para vários questionamentos.
O que observamos, quando se fala em educação inclusiva é um movimento da família da criança-aluno, ou da própria pessoa com deficiência a fim de buscar seus objetivos e aprender, e isto é também muito importante, mas o Estado fica sempre devendo quando cria leis que não são cumpridas, muitas vezes, pelo próprio governo.
Estamos num momento de mudanças com relação ao olhar da sociedade para as pessoas com deficiência e anos de discriminação e conceitos errôneos não serão desfeitos tão rapidamente.
A inclusão é uma via de mão dupla, quando legítima é capaz de incluir as diversidades pessoais em um único meio em que todos os envolvidos aprendem a conviver e interagir de forma natural e todos só ganham muito com isso.
Veja:
Muito bom o teu texto querida. Parabéns!
Agradeço a você querido, meu grande companheiro!
Obrigada Vera!
Parabéns e obrigada pela contribuição, Simone!