Falta humanização das empresas na aplicação da lei de cotas
Sem espaços e acessos adaptados, não há nem integração e nem bom rendimento
Falta humanização das empresas na aplicação da Lei de Cotas para trabalhadores com deficiência.
Esta é a opinião do economista Vinicius Gaspar Garcia, diretor da ONG Centro de Vida Independente de Campinas (CVI-Campinas), que defendeu a tese de doutorado no ano passado sobre pessoas com deficiência e mercado de trabalho no Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Verdadeira inclusão ainda está muito longe de ser atingida
Garcia afirmou que houve um crescimento de vagas oferecidas para pessoas com deficiência nos últimos cinco anos, mas ainda sobram desafios relativos à adaptação e humanização do espaço de trabalho – o que inclui superar o preconceito.
“A legislação favoreceu a alocação de pessoas com deficiência em empresas, mas poucas delas entenderam de fato a demanda dessas pessoas”, disse. “As empresas são obrigadas à contratação de deficientes para evitar a fiscalização e as punições pesadas, mas ainda não viram que não basta contratar: é preciso preparar a empresa, o ambiente, aprender a recrutar, a realizar entrevistas e principalmente a apoiar a socialização dessas pessoas”, disse.
Também segundo ele, são muito poucas as empresas que seguem as determinações da lei à risca. “A grande maioria sabe que a lei existe. Porém, entre o conhecimento da lei e o seu cumprimento efetivo existe uma grande distância. E o sistema de fiscalização é pouco eficiente”, disse.
Na opinião de Garcia, o cumprimento da lei de cotas já começou a passos lentos, pois esteve adormecido por dez anos. “A lei foi criada em 1991 e só começou realmente a ser fiscalizadas nas empresas em 2001, quando o Ministério do Trabalho e Previdência Social assumiu a responsabilidade de monitorar seu cumprimento”, disse.
E embora ele concorde que os resultados obtidos até o momento devam ser comemorados, ainda falta muito para uma verdadeira inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
“Nos últimos três anos foram preenchidas no Brasil apenas 33% das vagas exigidas pelo sistema de cotas nos setores da indústria, comércio e serviços”, informou.
Garcia destacou que das 900 mil vagas que deveriam ser ocupadas por pessoas com deficiência nas empresas do país, apenas 300 mil estão preenchidas. “Essa inclusão é quase mínima, pois estim-se que existam no Brasil mais de 6 milhões de pessoas com deficiência aptas a trabalhar. Ou seja, nem sequer as cotas exigidas por lei não estão preenchidas.
Fonte: Correio Popular de Campinas
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