Mineiro é o primeiro tetraplégico do Brasil a voltar a andar com técnica de R$ 600 mil
Bruno Medeiros, de 32 anos, ficou tetraplégico em um acidente de carro há oito anos
Há cerca de um mês, o engenheiro Bruno Medeiros, de 32 anos, viveu um dos momentos mais marcantes da sua vida e entrou para a história da medicina no País. O mineiro de Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas, deu seus primeiros passos após passar oito anos em uma cadeira de rodas. Ele ficou tetraplégico ao sofrer um grave acidente de carro que afetou a sexta vértebra da coluna cervical. Em seguida, passou para um estado de tetraparesia, considerada uma lesão incompleta da vértebra. Graças a um tratamento inovador desenvolvido na França aliado à força de vontade que manteve inabalável nos últimos anos, Medeiros realizou o sonho de andar novamente.
— Foi muito emocionante, foi uma sensação única para mim, amigos, família e todos que acompanham a minha luta.
A técnica, avaliada em R$ 600 mil, já entrou para a lista de procedimentos da ANS (Agência Nacional da Saúde) e foi trazida pelo médico Lucélio Ramos, da Escola Paulista de Medicina. O tratamento consiste na implantação de um neuroestimulador que envia sinais elétricos leves através de eletrodos. O aparelho foi desenvolvido para auxiliar cadeirantes na recuperação do controle da bexiga e do intestino, mas, em alguns casos, a expectativa é de que ajude as pessoas a recuperarem os movimentos dos membros inferiores. A reação inédita de Medeiros, no entanto, surpreendeu os especialistas: 24 horas após a cirurgia, ele já conseguia mover as pernas.
O trajeto para alcançar o sonho de voltar a andar não foi fácil, mas o engenheiro garante que nunca perdeu as esperanças. Dedicado, ele não se deixou abater pelos diagnósticos desanimadores e mergulhou fundo nas sessões de fisioterapia. A insistência deu frutos e, contrariando os mais pessimistas, Medeiros conseguiu recuperar boa parte dos movimentos dos membros superiores. Para ele, a certeza de que voltaria a caminhar o fez manter a força durante todos esses anos.
— Eu vinha me preparando para isso, para encontrar um tratamento que me fizesse voltar a andar. Me preparei fazendo fisioterapia para recuperar alguns movimentos, conseguir um bom controle do meu corpo e ter mais independência. Enfrentei muitos diagnósticos, pouquíssimos estavam certos e, menos ainda, eram esperançosos.
Como o tratamento ainda não é oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde) ou garantido por seu plano de saúde, ele precisou entrar na Justiça para obrigar o convênio a arcar com os custos. Em maio, passou pela cirurgia e, agora, se esforça diariamente para conseguir ainda mais progressos.
— É um resultado fora do comum e, por isso, as sessões de fisioterapia estão extremamente pesadas nessa fase de recuperação. Queremos esforçar o aparelho e me fazer ganhar condicionamento e força muscular para conquistar minha independência. É assustador a velocidade com que as coisas estão acontecendo.
Fonte: R7