9 Termos Errados sobre Deficiência e o Que Dizer no Lugar
Muitas pessoas acreditam que mudar as palavras não faz diferença se a pessoa com deficiência não for tratada com respeito e igualdade. Concordo que o respeito é essencial. No entanto, o consultor de inclusão social Romeu Sassaki explica que algumas palavras e conceitos carregam preconceitos, estigmas e estereótipos que precisam ser deixados para trás.
Sassaki destaca que o maior problema de usar termos inadequados é que ideias ultrapassadas e informações erradas acabam sendo reforçadas e perpetuadas sem intenção. Por isso, ele propõe que adotemos uma linguagem correta como forma de combater discriminações e construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva.
Abaixo, veja 9 exemplos de termos errados sobre deficiência e o que dizer no lugar:
1. Palavras inadequadas: aleijado, defeituoso, incapacitado, inválido
Essas palavras eram comuns até o final dos anos 70, mas hoje são consideradas ofensivas e desrespeitosas.
Termo correto: Pessoa com deficiência ou pessoa deficiente
Essas expressões são neutras e respeitam a dignidade da pessoa.
2. Palavras inadequadas: retardo mental, retardamento mental, retardado
Esses termos são considerados pejorativos e carregam um histórico de discriminação, preconceito e desrespeito. Além disso, expressões como “mongolóide”, “mongol” e “portador de retardamento mental” também são ofensivas e devem ser evitadas.
Termos corretos: deficiência intelectual ou deficiência mental
Essas expressões são neutras, respeitosas e alinhadas com uma visão inclusiva. Elas reconhecem a condição sem estigmatizar a pessoa, promovendo uma abordagem mais humana e adequada.
3. Termos inadequados: pessoa presa, confinada ou condenada a uma cadeira de rodas
Essas expressões transmitem uma ideia de sofrimento e piedade, como se a pessoa fosse limitada por sua condição.
Termos corretos: pessoa em cadeira de rodas; pessoa que anda em cadeira de rodas; pessoa que usa cadeira de rodas
Essas opções são mais respeitosas e neutras, destacando o uso da cadeira de rodas como uma ferramenta de mobilidade. No dia a dia, o termo “cadeirante” também é amplamente aceito.
4. Termo inadequado: “ela sofre de paraplegia” (ou paralisia cerebral, sequela de poliomielite)
A palavra “sofre” reforça a ideia de que a pessoa é uma vítima, provocando sentimentos de piedade desnecessários.
Frase correta: “Ela tem paraplegia” (ou paralisia cerebral, sequela de poliomielite)
Essa forma é mais objetiva e respeitosa, tratando a condição como parte da identidade da pessoa, sem carregá-la de conotações negativas.
5. Termo inadequado: criança excepcional
Esse termo foi usado até as décadas de 70 para pessoas com deficiência intelectual, mas hoje é considerado desatualizado. Com os avanços nos estudos educacionais, o termo “excepcional” passou a ser usado tanto para pessoas superdotadas quanto para pessoas com deficiência intelectual, gerando confusão.
Termos corretos: criança com deficiência intelectual; criança com deficiência mental
Essas expressões são claras e neutras, destacando a condição sem estigmatizar. Elas estão em linha com as práticas atuais de respeito e inclusão.
6. Termos inadequados: mongolóide; mongol
Essas palavras são consideradas ofensivas, pois refletem o preconceito racial da comunidade científica do século 19, quando se acreditava erroneamente que pessoas com síndrome de Down tinham características físicas semelhantes aos povos mongóis.
Termos corretos: pessoa com síndrome de Down; criança com Down; uma criança Down
Esses termos são respeitosos e neutros. O nome “síndrome de Down” vem do médico inglês John Langdon Down, que identificou a condição em 1866. Hoje, sabemos que a síndrome de Down é causada por uma alteração genética e está longe de qualquer associação racial.
7. Termo inadequado: “paralisia cerebral é uma doença”
Essa frase reflete uma compreensão equivocada, já que “doença” implica algo curável ou temporário.
Frase correta: “Paralisia cerebral é uma condição”
A paralisia cerebral é uma condição permanente que resulta de uma lesão ou malformação no cérebro durante o desenvolvimento. Reconhecer isso ajuda a evitar preconceitos e desinformação.
8. Termo inadequado: “pessoa normal”
Essa expressão cria um contraste prejudicial e sugere que pessoas com deficiência são “anormais”, reforçando estigmas e preconceitos.
Termos corretos: pessoa sem deficiência; pessoa não-deficiente
Esses termos são inclusivos e eliminam a ideia de “normalidade” como padrão, reconhecendo a diversidade humana.
9. Termo inadequado: cadeira de rodas elétrica
Embora amplamente usado, esse termo não é o mais preciso.
Termo correto: cadeira de rodas motorizada
Essa expressão é mais técnica e reflete corretamente o funcionamento do equipamento, que utiliza um motor para facilitar a locomoção.
A linguagem que usamos para nos referir às pessoas com deficiência tem um impacto profundo na forma como a sociedade as vê e as trata. Termos inadequados ou antiquados podem reforçar preconceitos e estigmas, enquanto o uso de palavras corretas e respeitosas promove inclusão e igualdade. Adotar uma terminologia atualizada e consciente é um passo essencial para a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva. Afinal, as palavras moldam atitudes, e atitudes transformam o mundo.
O último forçou a barra. Já pensou “cadeira elétrica de rodas”?