Abandonada pelo poder público, cuiabana espera há cinco anos por cadeira de rodas adaptada para filha com paralisia
Sislene Nogueira da Costa descobriu que sua filha Damaris Aparecida da Costa tinha paralisia cerebral aos nove meses de vida da menina. Ela, que na época ainda trabalhava fora, deixava a filha com uma senhora, e certo dia foi surpreendida por um telefonema. Correu para o Pronto Socorro e o médico, olhando o resultado da tomografia, explicou a situação. Hoje, quase dezoito anos depois, ela pede ajuda para comprar uma cadeira de rodas adaptada para a filha, que por não ter tratamento já está com os braços e pernas atrofiados.
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A mulher foi abandonada pelo marido logo que Damaris nasceu. Hoje, vive com um salário mínimo que recebe do benefício da filha, e de vez em quando consegue fazer um bico de doméstica. “Ele foi embora e nem paga pensão. Disse que ela já recebia o benefício, então não precisava pagar. (…) Antes eu trabalhava lavando roupas e de doméstica, mas agora não consigo mais carregar ela comigo e nem tenho condições de pagar alguém pra ficar com ela”, conta a mãe.
Durante alguns anos, Damaris recebeu um tratamento especializado no Centro de Reabilitação Dom Aquino Correa. “Ela fazia equoterapia, terapia ocupacional, fono… o pescoço dela estava até ficando durinho. Mas depois cortaram tudo. O médico chegou lá e cortou os tratamentos, a fono disse que ela não ia falar mesmo, que não adiantava mais tentar”, conta a mãe. “Depois disso ficou pior. As mãos dela atrofiaram, as pernas também”.
Atualmente, Damaris recebe tratamento fisioterápico apenas uma vez por semana, de algumas profissionais da Unic. “Ela fez fisioterapia na UNIC de um até os doze anos de idade, mas aí ela ficou muito grande, eu não consigo mais carregar. Também acabaram as vagas lá”, explica Sislene. A sessão que a garota faz, hoje, todas as sextas, só acontece porque as profissionais se dispõem a ir até a casa da paciente, no bairro Praeirinho.
A dificuldade de sair de casa para levar Damaris ao médico se deve à dificuldade de locomoção da menina. Com o intuito de solucionar o problema, Sislene criou uma cadeira de rodas improvisada, com a ajuda de um serralheiro. “Eu fui na serralheria, Seu Tomás cortou pra mim e soldou, e eu coloquei um colchonete e um papelão. Mas é horrível. Quando eu saio com ela nessa cadeira, ela volta e fica dois, três dias na cama chorando de dor”.
A cadeira de rodas adaptada para a escoliose de Damaris, segundo Sislene, custa de R$10 a R$15 mil. “Eu nunca usei minha filha para nada, eu só estou pedindo uma cadeira agora porque a situação está muito difícil”. A mãe ainda conta que sua história só veio a público porque uma das profissionais da UNIC deu para ela um telefone usado, o que permitiu a comunicação dela.
“Eu já fui no Centro de Reabilitação pedir a cadeira, estou esperando há dois anos. Toda vez que vou lá eles dão um prazo diferente. Mas eu cansei de ser humilhada, eu sou um ser humano também”, lamenta. Além do Centro, Sislene já pediu ajuda na Defensoria Pública para receber as latas de leite que Daramis tem que tomar: “Só o leite dela custa R$90 a lata. Já pedi na defensoria tem quatro meses, e nada. Com o benefício que recebo dela tenho que pagar remédio, comida, o leite. Acho que pra eu comprar a cadeira precisaria ficar dez anos sem os gastos”.
Além de todos os problemas, Sislene, hoje com 47 anos, tem dores na coluna e não consegue mais carregar a filha. “Já fiz exames e tenho bico de papagaio, hérnia de disco, tudo. Quando eu pego ela pra dar banho, carrego no colo, minhas costas incham e fico sentindo muita dor”, conta.
Quem quiser ajudar Sislene pode entrar em contato pelo telefone (65) 99226 4780 ou (65) 99661 2699 ou visitá-la no endereço Rua Beco da Manga, nº 104, bairro Praeirinho, em Cuiabá.
Fonte: Olhar Direto