História e conceitos

1941: Hitler denunciado por programa de extermínio de pessoas com deficiência física e intelectual

Compartilhe:
Pin Share

Caro leitor,

A matéria abaixo foi extraída do site Opera Mundi.

História: Há 78 anos, Hitler foi denunciado por programa de extermínio de pessoas com deficiência física e intelectuais. Mortes representavam uma antecipação das câmaras de gás de Auschwitz

No dia 3 de agosto de 1941, um domingo, algumas semanas após Alemanha e União Soviética entrarem em guerra, o bispo de Münster, na Renânia, denuncia publicamente o assassinato de deficientes físicos e intelectuais pelos nazistas.

O monsenhor Clemens-August von Galen, de 68 anos, exclamava: “É uma doutrina tenebrosa aquela que busca justificar a morte de inocentes, que autoriza o extermínio daqueles que não são mais capazes de trabalhar, dos enfermos, daqueles que soçobraram na senilidade… Será que temos o direito de viver só enquanto pudermos ser produtivos?”.

Ao lado, propaganda nazista em favor do extermínio: “60 000 marcos é o que essa pessoa portadora de defeitos hereditários custa ao Povo durante sua vida. Companheiro, é o seu dinheiro também”.

Pessoas com deficiência: as vítimas ‘esquecidas’ do holocausto
A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade
As pessoas com deficiência na história do mundo

No começo do século XX, parecia legítimo que os seres humanos mais frágeis desaparecessem e abrissem espaço a seres mais bem preparados para sobreviver, em nome da seleção natural. É desse modo que são editadas em determinados Estados leis que permitiam esterilizar pessoas dadas como fracas de espírito ou com deficiência.

Em 14 de julho de 1933, Hitler, por sua vez, publica uma lei sobre a esterilização de pessoas com deficiência intelectual. Protestos houve somente do clero. Um decreto datado de 1º de setembro de 1939, exatamente no dia da deflagração da Segunda Guerra Mundial, prescrevia não mais somente esterilizar mas também levar à morte pessoas com deficiência, os marginais e os que apresentavam tendência permanente para a depressão. O pretexto era de liberar os leitos hospitalares para os futuros feridos de guerra.

Hitler confia toda a operação a Karl Brandt, seu médico pessoal, e a Philip Bouhler, médico-chefe da chancelaria. Eles se instalam sob o nome de codificado “Aktion T4”. Os funcionários do T4 experimentam diferentes meios de extermínio, começando com o veneno e depois descobrindo o gás. Num primeiro momento, encerram suas vítimas num local fechado e injetam o gás do escapamento de um caminhão.

Muito rapidamente, os procedimentos são aperfeiçoados. Em janeiro de 1940, uma quinzena desses infelizes são conduzidos para uma falsa ducha de chuveiro e asfixiados com o monóxido de carbono. Os cadáveres são em seguida incinerados. Seus familiares são avisados por carta da morte acidental do parente e convidados a recuperar as cinzas. Era uma antecipação das câmaras de gás de Auschwitz.

Em torno de 70 a 100 mil pessoas com deficiência seriam dessa maneira assassinadas em menos de dois anos. Porém, malgrado todos os esforços da administração, o segredo seria descoberto. A inquietação vai crescendo. Até dentro do próprio exército cresce a preocupação quanto ao destino dos feridos de guerra. Pastores protestantes começam a reagir.

O papa Pio XII intervém na questão em 15 de dezembro de 1940, condenando firmemente a eutanásia. Por fim, em 9 de março de 1941, o bispo católico de Berlim, von Preysing, denuncia “mortes batizadas de eutanásia”. Joseph Goebbels, chefe da propaganda, convence Hitler de não determinar a execução do bispo para evitar um conflito aberto com os cristãos de Münster. Finalmente, três semanas após o golpe de efeito do monsenhor von Galen, em 24 de agosto de 1941, Hitler decide suspender a “Aktion T4”.

Os mais de cem funcionários do T4, contudo, não ficam sem funções. Algumas semanas mais tarde, Heinrich Himmler, ministro do Interior e chefe supremo da SS, usa de sua expertise para pôr de pé o plano de eliminação física dos judeus.

Compartilhe:
Pin Share

Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

3 comentários sobre “1941: Hitler denunciado por programa de extermínio de pessoas com deficiência física e intelectual

  • Vera, excelente matéria. Finalmente começaram a investigar que os nazistas exterminavam não apenas judeus…Parabéns pela postagem. Beijos

    Resposta
    • Não é de hoje que se sabe que os nazistas não exterminaram apenas judeus. Testemunhas de Jeová, homossexuais, eslavos, ciganos e outros grupos também eram covardemente assassinados pelos nazistas.

      Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: Este site faz uso de cookies para melhorar a sua experiência de navegação e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nosso site, você concorda com tal monitoramento.