Braille: Pessoas sem problemas visuais aprendem a ler numa semana
Hoje é o dia do nascimento de Louis Braille criador do mais famoso sistema de leitura para cegos. A matéria, abaixo, foi extraída do site “Ler para Ver” de Portugal.
Há cada vez mais pessoas sem problemas de visão a aprender Braille. Só no ano passado, a ACAPO ensinou mais de uma centena de alunos e alguns aprenderam a ler numa semana. No entanto, a maioria usa os olhos e não o tacto para o fazer.
‘Mais do que aquele pequeno fascínio de querer conhecer uma coisa nova, nota-se um interesse real da comunidade em conhecer o sistema’, disse à agência Lusa o director da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), Rodrigo Santos, a propósito do Dia Mundial do Braille, que se assinala segunda-feira.
Há cerca de cinco anos, a ACAPO começou a dar cursos para as pessoas sem qualquer deficiência visual. Só no ano passado, diz Rodrigo Santos, mais de uma centena de portugueses quis aprender o sistema de leitura criado há quase duas décadas(*) por Louis Braille.
Mas estes alunos não lêem com a ponta dos dedos, ‘a maior parte usa os olhos’, explica aquele responsável, lembrando que esta é uma ‘vantagem’, já que não é preciso ganhar sensibilidade táctil para conseguir ler.
O sistema Braille é um alfabeto cujos caracteres se indicam por pontos em relevo. A partir dos seis pontos salientes, é possível fazer 63 combinações que podem representar letras simples e acentuadas, pontuações, algarismos, sinais algébricos e notas musicais.
Depois, existe toda uma lógica que é preciso perceber. ‘Não basta decorar, é preciso perceber-se a lógica do sistema e algumas regras’, explica Rodrigo Santos.
Apesar de parecer complicado ao olhar de um leigo, uma semana pode ser suficiente para se conseguir ler na perfeição. ‘Há cursos em horário pós-laboral que demoram entre três semanas a um mês. Mas um curso intensivo demora em geral uma semana a quinze dias’.
Estes alunos querem aprender porque ‘precisam de contactar com pessoas cegas ou porque querem estar aptos para o conseguir fazer’.
Além do aumento de pedidos de formação, a ACAPO tem tido também mais pedidos de produção em Braille por parte de empresas privadas e organismos públicos. No entanto, lamenta Rodrigo Santos, ‘ainda há pouca produção’, porque ‘não há muita sensibilização’.
Em Portugal estima-se que existam cerca de 163 mil pessoas com deficiência visual, segundo os dados do Censos de 2001, mas estes números parecem não sensibilizar a sociedade para a mudança de hábitos.
‘Felizmente o panorama vem mudando, mas é uma mudança lenta’, diz o responsável, sublinhando que ainda há muita informação que não está acessível aos invisuais. ‘Ainda recebo em casa muita correspondência de organismos públicos que não vem em Braille’, critica.
Rodrigo Santos lembra que o Braille é o meio universal de leitura e escrita das pessoas com deficiência visual: ‘Representa a nossa porta para a alfabetização e para uma comunicação escrita que está omnipresente’.
Fonte: http://www.correiodominho.com/noticias.php?id=20521
Referência: http://www.lerparaver.com/
(*) O sistema Braille foi criado por volta do ano de 1825, ou seja, há quase duzentos anos e não há duas décadas.
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Ótimo texto, sabe alguns livros para quem gostaria de aprender?