Brasileiros na Paralimpíada já superam total de ouros olímpicos do país na Rio 2016
Por Jairo Marques
Foi quase no final das disputas desta segunda-feira (12) na Paralimpíada do Rio que a delegação brasileira conseguiu manter seu lema informal de “ouro todo dia” durante os Jogos. E mais que isso, o resultado faz os paralímpicos ultrapassarem os atletas olímpicos no total de premiações máximas conquistadas, nove, até agora, contra sete.
Os êxitos vieram da bocha, do atletismo, e mais uma vez do astro Daniel Dias, que subiu pela quinta vez no pódio e pela segunda vez no lugar mais alto. Agora ele tem 20 medalhas paralímpicas.
Ele venceu nos 50 m livre da categoria S5, para pessoas com deficiência motora.
“Foi muito emocionante. Quis muito retribuir o carinho que a torcida tem me dado. Eles merecem, eu mereço”, disse o multimedalhista, que afirma estar exausto.
Daniel ainda disputa três medalhas nos Jogos do Rio. “Estava engasgado querendo outro ouro. Sinto a cada respirada na água as pessoas me empurrando, o estádio tremendo. É incrível viver isso. O esporte paralímpico do Brasil nunca mais será o mesmo.”
Ao final do dia, o Brasil somou mais três medalhas de ouro, seis de prata e duas de bronze. Ao todo, o país possui até aqui nove de ouro, 17 de prata e nove de bronze.
Com as medalhas, o Brasil fica novamente no top 5 paraolímpico, posição que o país viu ameaçada durante todo o dia, com o avanço da Austrália, Nova Zelândia, Holanda, Usbequistão e Argélia. O país, porém, vê Ucrânia e EUA dispararem na terceira e quarta posições, respectivamente, com mais que o dobro de pódios mais altos.
As outras duas conquistas de ouro foram quase ao mesmo tempo. Na bocha foi mantida a tradição de ouro. Dessa vez, ela veio com uma dupla mista: Antonio Leme, Evani Soares e Evelyn de Oliveira, da classe BC3, para pessoas com severas restrições de movimento e que podem contar com ajuda externa.
A formação brasileira venceu a final da Coreia, por 5 a 2. O Brasil ainda tem chances de novas medalhas na modalidade nos próximos dias.
A outra premiação máxima veio do lançamento de disco, com Alessandro Rodrigo Silva, o gigante, que chegou à marca de 43.06 m na classe F11, para cegos. É a quinta vez que o país consegue um ouro na disputa do disco.
PRATA DA CASA
Uma chuva de prata paraolímpica também caiu durante todo o dia desta segunda-feira (12) sobre os atletas brasileiros envolvidos nos jogos do Rio. Foram seis premiações de segundo lugar. O número total de pratas, 17, ultrapassa as 14 premiações obtidas em Londres-2012.
As medalhas viram do atletismo, da bocha, da natação e a mais festejada delas, no tênis de mesa, que conseguiu sua primeiro pódio paraolímpico individual pelas mãos e pela raquetes do santista Israel Stroh, 30.
Depois de uma campanha irretocável em que deixou para trás vários favoritos ao título, Stroh acabou perdendo a final para o inglês Willian Bayley, número um do mundo.
“Tomara que esta medalha ajude a fazer o brasileiro a gostar mais deste esporte, a gostar mais da gente que joga o tênis de mesa”, disse Israel.
Seguindo o ritmo de modalidade que mais tem conquistado premiações na Paraolimpíada até agora, o atletismo teve três pratas: uma de Rodrigo Parreira da Silva, no salto em distância na classe T37 e outra de Fábio Bordignon, nos 200 m na classe T35. Ambos atletas têm sequelas de paralisia cerebral, com graus de acometimento diferentes.
Também ficou na segunda colocação o revezamento 4×100 m masculino, que mescla casses T42 e T47 –com deficiências em membros inferiores e superiores. A equipe brasileira, formada pelos atuais medalhistas Petrúcio Ferreira (ouro) e Yohansson Nascimento (prata), contou ainda com Alan Fonteles e Renato Nunes da Cruz.
O dia teve ainda uma prata de Joana Silva, na natação, e não um bronze, conquistado por André Brasil nos 100 m borboleta classe S10, de deficiências motoras leves.
Fonte: Folha de S. Paulo