Cadeirante brasileiro completa backflip e sonha com Megarampa
Pedro Henrique Amorim é o primeiro a realizar o feito no Brasil, segundo no mundo. Façanha aconteceu em pista pública de skate em São Paulo.
Seja de moto, jet ski, no surfe ou sand board, o backflip é a manobra mais desafiadora dos esportes radicais e poucos atletas já se arriscaram a executar o perigoso mortal para trás. Recentemente, um brasileiro corajoso entrou para esse seleto grupo ao realizar a manobra a bordo de uma cadeira de rodas. Aos 28 anos, Pedro Henrique Amorim é o primeiro cadeirante do Brasil, segundo do mundo, a alcançar o feito e afirma que não vai parar por aí.
– Quando você acerta não tem sensação melhor. É a melhor sensação do mundo quando você consegue completar uma manobra, uma coisa que você está tentando há muito tempo. Quero chegar no topo do mundo, no máximo que der. Na Megarampa seria um esquema legal – afirmou Pedro.
A façanha de Pedro aconteceu em uma pista pública, em frente à praia, na cidade de Caraguatatuba, litoral Norte São Paulo. Antes disso, apenas o americano Aaron Wheelz havia conseguido completar a manobra, o que inspirou o brasileiro.
– Eu comecei a fazer manobras vendo o vídeo dele, com certeza ele me inspirou bastante.
Mas a trajetória do atleta até a conclusão da manobra não foi fácil. A vida de Pedro começou a mudar após um acidente de carro, em 2005, o impossibilitar de caminhar. Apesar das dificuldades, ele seguiu em frente e começou a praticar o hardcore sitting, onde adaptou o surfe e o skate para sua nova condição. Os treinos para realizar o backflip começaram há um ano e quatro meses e nesse período foram oito cadeiras quebradas, até o desenvolvimento de uma cadeira especial, como explica Pablo Abreu.
– É uma cadeira leve, pesa seis quilos, tem sistema frontal de amortecimento, que é a única forma que a gente tem para segurar os impactos, e além de tudo ela é toda travada, uma cadeira que não quebra. As rodas são reforçadas, pneu grosso, folha de BMX profissional. São rodas que saem para ter mais mobilidade e foi graças a ela que a gente conseguiu todas as manobras. Enquanto a gente não tinha uma cadeira dessa, não tinha desenvolvido, a gente ficou na mesmice – disse Pablo.
Além da tecnologia da cadeira, outras providências são essenciais para a segurança do atleta. Pedro não dispensa o capacete específico de BMX, as cotoveleiras e joelheiras. Ele também conta com a ajuda do skatista Marcelo Castilho, seu companheiro nas pistas, para conseguir melhorar cada vez mais.
– Sou companheiro dele na sessão. Todo skatista, qualquer atleta radical, tem que ter alguém do lado, porque queira ou não queira chega ser perigoso praticar sozinho. Para a cadeira de rodas, como é novo, me adaptei e estou do lado dele para ajudar a subir rampa, saber onde passar, por onde ir para pegar velocidade – afirmou Marcelo.
Antes de realizarem qualquer manobra, Marcelo e Pedro analisam os obstáculos e calculam os movimentos que farão. Isso evita que acidentes aconteçam, além de conseguirem sincronizar as manobras que farão na sessão.
– Hoje em dia a gente tem toda uma técnica de cair. A gente tem que aprender a fazer as manobras, mas antes tem todo um esquema de você aprender a cair também para não se machucar. Saio rolando, não deixo ralar o corpo no chão – explicou Pedro.
A cadeira também conta com um cinto com velcro que prende as pernas de Pedro ao assento e outro para manter os pés firmes. A rampa escolhida para realizar a manobra tem aproximadamente 1,60m de altura e Pedro precisou de apenas três tentativas para realizar o backflip completo.
– O impulso é com o pescoço. Na hora que a cadeira começa a subir na rampa, já jogo a cabeça para trás e depois, na sequência, puxar com o braço, a tendência dela é virar. Quando estou de cabeça para baixo já tenho a manha de olhar para ver como vou aterrissar.
Fonte: G1