Cadeirante fica ferida em ônibus
Mogi das Cruzes se gaba de ter uma frota de ônibus 100% adaptada para o transporte de cadeirantes. O que não dá muito orgulho é o volume de reclamações geradas justamente por causa do mau funcionamento desse equipamento. Um dos episódios mais recentes envolveu a dona de casa Rosemeire Cícera de Oliveira Benedito, de 39 anos.
Ela caiu do alto da base elevatória no último sábado e fraturou parte da rótula. E este não foi o primeiro problema enfrentado por ela em ônibus da CS Brasil, responsável pela linha 106 – Vila Brasileira/Terminal Central. Em abril, ela precisou viajar do Bairro onde mora até o Centro da Cidade em um coletivo que não fechava a porta.
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Quem precisa do serviço todos os dias já viu ou já ouviu falar sobre travamento ou inoperância das bases elevatórias. “São tantos problemas que dá até medo de pegar ônibus novamente”, reclama Rosemeire.
O veículo parou no ponto, o motorista desceu para auxiliar a cadeirante, abaixou a plataforma e, quando apenas as rodas de apoio já estavam no equipamento, a base elevatória se ergueu sozinha.
“Minha cadeira ficou pendurada. O motorista ainda conseguiu evitar que ela caísse nas minhas costas, porque senão o estrago seria maior, já que ela tem duas baterias pesadas. Mas fui direto para o chão”, diz a passageira.
Não bastasse a queda, houve também – segundo a passageira – irresponsabilidade por parte da CS Brasil durante o socorro. “O motorista estava nervoso, sem saber o que fazer, e ligou para a empresa para avisar que chamaria o resgate. Durante a ligação, ele foi orientado a não fazer nada, porque outro funcionário seria enviado para me levar até o hospital”, relata.
Quarenta minutos após o acidente, a dona de casa chegou à Santa Casa de Mogi, em um veículo comum da CS Brasil, mas não conseguiu atendimento.
“Disseram que estavam sem ortopedista no momento”, lembra. Foram ao Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, que os encaminhou ao Doutor Osiris Florindo Coelho, em Ferraz de Vasconcelos.
O acidente representa um retrocesso no tratamento de Rosemeire. “Precisei faltar na fisioterapia. Antes, em casa, conseguia me apoiar para fazer algumas coisas andando. Agora, para tomar um banho, preciso atravessar arrastando a sala, a cozinha, até chegar ao banheiro”, afirma.
Ela diz que a empresa tem ajudado apenas com os deslocamentos aos hospitais e ao Distrito Policial, onde foi registrado o Boletim de Ocorrência (B.O).
“O remédio que precisei tomar custou R$ 31,00 e saiu do bolso do próprio motorista”, finaliza ela, ressaltando que agora seria imprescindível uma cadeira de banho, para que possa, aos poucos, retomar a rotina.
O secretário municipal de Transportes, Nobuo Aoki Xiol, informa que após o acidente “a empresa realizou o atendimento à vítima e o veículo foi retirado de operação”.
“Foi realizada uma perícia no ônibus, que não apresentou problema no funcionamento do elevador”, disse, acrescentando que o mesmo veículo tinha passado por vistoria na última semana, mas, outra vez, nenhum problema foi encontrado.
Questionada, a CS Brasil esclareceu que o caso envolvendo Rosemeire foi um “incidente pontual”. “A empresa prestou toda a assistência à passageira e disponibilizou um funcionário para acompanhá-la ao hospital na realização de exames. O veículo foi retirado de operação e submetido a novos testes, não sendo constatadas falhas técnicas”, informou em nota.
A CS Brasil também reforçou que vistoria diariamente todos os ônibus ao serem recolhidos à garagem, além de realizar revisões preventivas a cada 5 mil km rodados, conforme a especificação do fabricante dos ônibus. “A empresa conta com oficina de manutenção própria para garantir um serviço de qualidade em tempo hábil”, finalizou o e-mail enviado a O Diário. (Danilo Sans)
Fonte: http://www.odiariodemogi.inf.br/