Cadeirante se levanta para dançar com noiva no dia do casamento; Conheça a história de amor e desafios
Hugo Rohling, que é cadeirante, se levantou para dançar com Cinthia Zanuni durante o casamento
Muitas pessoas ainda sonham em encontrar a alma gêmea e celebrar o amor com uma festa de casamento. Compartilhar essa alegria com amigos e familiares teve um significado mais que especial para Cinthia Zanuni, de 33 anos e Hugo Rohling, de 38.
O casal oficializou a união no dia 5 de janeiro e emocionou a todos com a valsa de casamento, após Hugo, que é cadeirante, se levantar com a ajuda de seu irmão e seu pai para dançar com Cinthia.
O vídeo viralizou na internet durante a segunda semana de janeiro.
Os dois se conheceram pela internet em 2017, três anos depois de Hugo ficar paraplégico em um acidente de moto na Estrada do Manso.
Em entrevista ao MidiaNews, o casal contou que até antes do casamento nunca haviam conseguido se abraçar como as outras pessoas.
“O Hugo não consegue me abraçar como todo mundo, de pé, de corpo inteiro. Aí um dia ele falou para mim ‘a minha visão de vida é outra, eu vejo tudo de baixo. Eu queria tanto ver nosso casamento de cima, como todo mundo’”, conta Cinthia.
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Por sua irmã e seu cunhado serem coreógrafos de casamento, Cinthia começou a pensar com eles uma maneira de deixar Hugo de pé, para que ele pudesse ter a mesma sensação das outras pessoas na festa.
Eles ensaiaram o movimento, que foi uma surpresa para os convidados, dois dias antes do casamento. O momento foi cheio de emoção e incertezas, pois eles não sabiam se daria certo. “Por ele ficar muito tempo sentado, ele tem muitos espasmos, a perna dele dobra e não fica reta”, diz Cinthia.
Além desse momento inesquecível, o casamento foi totalmente pensado para que Hugo tivesse autonomia para transitar pelo salão.
“A gente não tinha dinheiro para fazer o casamento daquele jeito, tivemos parceiros que contribuíram e que tinham a curiosidade de saber como era o casamento de um cadeirante”, conta Cinthia.
O encontro para sempre
Eles se conheceram por um aplicativo de relacionamentos. Entre conversas e curtidas nas fotos um do outro, o fato dele ser cadeirante não foi um empecilho.
A tensão e o receio, que antes preocupavam Cinthia no início do relacionamento, hoje são tratados com bom humor. “Ele lida com isso de um jeito tão leve que foi leve para mim também”, conta.
O pedido de casamento veio em abril do ano passado, durante a festa de casamento da irmã de Cinthia.
Atualmente o casal trabalha junto. Ela, maquiadora profissional, viaja para dar cursos no Brasil e no exterior. Ele cuida da parte burocrática e do atendimento aos alunos e alunas. “Se não fosse assim, a gente não conseguiria ficar junto. Teve mês que fiquei só quatro dias em Cuiabá”, finalizou.
Desafios
A parceria de Cinthia e Hugo vai para além da vida à dois. Nesse tempo juntos, eles passaram por situações desconfortáveis pelo fato de Hugo estar cadeirante.
“Eu lembro que a gente entrou em uma loja e fui olhar umas camisas. Eu ouvi ele falando ‘para, eu não quero!’, quando fui ver a mulher estava empurrando a cadeira dele no provador. Ela queria estender um lençol para ele se trocar na frente de todo mundo”, conta Cinthia.
A acessibilidade em lugares e a representatividade de pessoas com deficiência são pontos que o casal sempre aborda e discute.
“Em qual marca você vê um cadeirante no catálogo? Em qual desfile você vê o cadeirante entrando? Não tem!”, afirma Cinthia.
Essa dificuldade de achar roupas apropriadas para Hugo esteve presente até no casamento.
O terno do noivo foi feito sob medida, para que o tecido do paletó não enroscasse na roda da cadeira e que fosse confortável para ele se movimentar.
Diante de vários absurdos e falta de preparo de estabelecimentos que não disponibilizam uma acessibilidade plena para cadeirantes, até a lua de mel do casal ficou comprometida.
Eles tiveram dificuldade para encontrar hotéis e passeios em pontos turísticos que tenham uma estrutura que seja inclusiva para clientes com necessidades especiais.
A bandeira da acessibilidade e melhores condições sempre é levantada por eles.
“Nunca é para mim, eu sou o que menos precisa de tudo isso. Quem precisa dessa acessibilidade são os idosos, mulheres grávidas, mãe que tem filhos pequenos com algum tipo de lesão, é uma luta para todas essas pessoas”, afirma Hugo.
Veja o vídeo que emocionou o Brasil:
Fonte: http://www.midianews.com.br/ (Por Karina Stein)