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Cadeirante usa Instagram para mostrar via-crúcis na universidade

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Perfil foi criado para denunciar falta de acessibilidade no campus da Ufal, problema visível até em evento da SBPC

Lucas Rocha do Nascimento, de 16 anos, é estudante do curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de Alagoas. Cadeirante, o jovem relata que sua necessidade especial é uma má formação de nascença.

Uma nota de repúdio e a criação de um perfil no Instagram foram os meios encontrados pelos alunos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para retratar a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência em toda a instituição de ensino. Até o maior evento científico da América Latina, a SBPC, realizada na última semana na universidade, não passou despercebido pelas críticas dos universitários.

A nota de repúdio foi escrita por alunos do curso de Serviço Social da Ufal e divulgada neste final de semana. Ela denuncia a falta de acessibilidade e estrutura do evento científico para atender ao público que tem algum tipo de deficiência, em especial, os cadeirantes. Além disso, o grupo de estudantes afirma que o problema se estende a todo o campus. E, para ilustrar a situação, os universitários citaram a ocasião, ocorrida no dia 20 de julho de 2018, em que uma estudante cadeirante, cuja identidade foi preservada, foi impedida de participar de uma mesa-redonda no auditório do bloco de Serviço Social, porque não havia rampas de acesso e ela não pode subir às escadas.

“Os colegas foram até a organização da mesa para informar sobre o que estava acontecendo e
aconselhando a organização a mudar a mesa para parte térrea do bloco, na sala multieventos que estava vazia no mesmo horário. A organização respondeu que isso não seria possível pois o evento estava previsto para acontecer no Cedu e por ‘falta de comunicação’ mudaram para o auditório da FSSO e que um casos semelhantes aconteceram, de até mesmo professores portadores de deficiência física passar por transtornos durante uma mesa que iria compor”, relatam os alunos em nota.

Com relação ao evento SBPC, os alunos relatam que não houve planejamento e lamentam a falta de rampas, sinalizações ou até mesmo de elevadores nos prédios da universidade. “É inaceitável que a organização da SBPC não se planeje de forma inclusiva aos eventos e que casos assim continuem sendo recorrentes durante e depois do evento. Pessoas portadoras de deficiência física lidam com casos constrangedores e excludentes cotidianamente e dentro da universidade tem que ser diferente, seja durante eventos ou não. Olhar para as diferenças das pessoas é entender e incluir essas pessoas aos espaços da universidade. Reivindicamos respostas da organização do evento e a retratação para com o fato acontecido com a aluna”, finalizam os alunos.

Um Cadeirante na Ufal – a aposta nas redes sociais para chamar atenção para o problema

A falta de estrutura e de acessibilidade para pessoas com deficiência na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) levou o estudante do curso de Ciências Sociais da instituição e cadeirante Lucas Nascimento a criar um perfil no Instagram para denunciar as dificuldades enfrentadas diariamente por ele na rotina acadêmica. Os obstáculos surgem já na parada de ônibus, em frente ao campus. Ele alega que chega a esperar cerca de uma hora para conseguir ajuda e atravessar a via para chegar à entrada da universidade.

Com o nome Um Cadeirante na Ufal, o perfil no Instagram mostra banheiros sem espaço para os cadeirantes, sem barras fixas, ausência de bancadas para apoio do deficiente e instalação de pias em altura acima do alcance deste público. A estrutura existente na Ufal, para Lucas Nascimento, não foi pensada para um deficiente.

Para chegar à Ufal utilizando a rampa é preciso um esforço grande do estudante, que não consegue fazer o trajeto sozinho. Na entrada da universidade, a única catraca existente destinada aos deficientes estava bloqueada por lixeiras. Além disso, devido aos buracos existentes nas calçadas, ele é obrigado a andar pela rua de paralelepípedo, por onde passam os carros, o que dificulta ainda mais a locomoção. O problema já fez o universitário se desequilibrar. “A cadeira se desequilibrou para a frente e eu quase caio no chão. Se eu não me seguro eu tinha caído realmente com o rosto no chão”, conta o jovem.

No Centro de Interesse Comunitário, onde funcionam a editora da Ufal e outras 12 salas que ofertam de serviços diversificados, como restaurantes e papelarias, não há piso tátil e rampas de acessibilidade. Para chegar ao prédio, o estudante precisa utilizar a rampa de carga e descarga. A realidade fez com que o universitário criasse o perfil no Instagram. “Deficientes visuais, pessoas tetraplégicas que precisam de mais ajuda e também pessoas que não têm nenhuma deficiência já me relataram tropeços, quebras de alguma parte do corpo,como o pé, e torções. É muito complicado para todo mundo”, diz o estudante.

 

A Universidade Federal de Alagoas conta com o apoio de um núcleo conhecido como Mobiufal, responsável por auxiliar a comunidade que possui algum tipo de deficiência na instituição. O centro é recente e composto por voluntários e estudantes da própria universidade. De acordo com o servidor Jean Bernardo, que faz parte do Mobiufal, a verba do governo federal destinada ao programa diminuiu e isso tem dificultado o avanço de políticas públicas voltadas para essas pessoas.

“Infelizmente, no decorrer dos últimos meses particularmente, a nossa verba diminuiu muito e, mesmo assim, nós temos o apoio da reitoria para a compra daquilo que é possível. No entanto, não é nem um terço do que realmente é necessário se o governo repassasse realmente a verba que a Ufal precisa”, explica o servidor.

Questionada sobre qual o planejamento da instituição para atender seus alunos e quais os problemas enfrentados pela unidade de ensino para conseguir dar maior estrutura aos universitário, a Universidade Federal de Alagoas ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Confira reportagem de Ludmila Calheiros, da TV Ponta Verde, uma emissora do Sistema Opinião.

Fonte: https://www.op9.com.br/

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

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