Cão ajuda no desenvolvimento de bebê com Down
Fábio de Oliveira*
Do UOL, em São Paulo
Ter um animal de estimação traz um lista infindável de benefícios. É o que garante Hannelore Fuchs, veterinária e psicóloga de São Paulo, especializada em comportamento animal. “Tudo começa pelo lado fisiológico”, descreve ela. “O toque, a percepção da pele do animal, faz nosso organismo liberar endorfinas, as substâncias por trás da sensação de bem-estar”. O olhar também entra nesse somatório.
De acordo com um estudo realizado pela American Heart Association, criar um animal reduz fatores de risco para doenças cardíacas, como a pressão alta, colesterol ruim elevado, estresse, obesidade e ajudam, ainda, na recuperação de pacientes infartados.
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Um estudo coordenado pela especialista no Itaci (Instituto de Tratamento do Câncer Infantil), em São Paulo, mostrou que a visita dos bichos suspendia provisoriamente a dor nas crianças doentes.
Por falar em crianças, a garotada que é criada ao lado desses companheiros tem mais facilidade de se tornar responsável. Sem contar que o animal é uma presença constante que preenche carências psicossociais, afastando a solidão do idoso, divorciado, solteirão ou dos pais que veem as crias saírem de casa. E ainda não critica o dono.
“Ele assume o papel de filho, amigo, de quem quer que seja do sistema familiar. Isso é atribuído de acordo com sua necessidade”, explica Hannelore Fuchs. Não é de estranhar ver alguém se referir como o papai ou a mamãe de um cão ou gato.
Há, também, os animais que são usados como intermediários para pessoas com problemas específicos, como os cães que auxiliam pessoas com deficiência visual ou física. “É algo de valor inestimável, pois tira a dependência desse indivíduo em relação a outro ser humano”, diz Hannelore. “Faz com que ele se sinta mais inteiro e no controle da situação”.
É claro que existem histórias de sucesso e fracasso quando o assunto é animal de estimação. A compra ou adoção de um gato ou cachorro não é necessariamente sinônimo de que tudo vai melhorar no dia a dia. “Daí um dos motivos para o alto índice de abandono”, aponta Mauro Lantzman, que é veterinário e especialista em comportamento animal em São Paulo. Muitos adquirem um animal por impulso. Por isso, alguns fatores devem ser avaliados antes de decidir ter um bicho.
“Existem algumas etapas”, relata Lantzman, que também é professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Primeiro, deve-se optar pelo animal mais adequado: no seu caso, é melhor ter um cachorro ou um gato? Qual é a melhor raça?
Até dentro da ninhada, dá para ver como o animal responde aos estímulos e se comporta em relação aos outros cães ou pessoas no dia a dia: tem tendência a ser dominante, hiperativo, dócil ou medroso –e o medroso, muita vezes, se revela bastante bravo.
Outras questões que o especialista faz: é para uma casa ou um apartamento? Como é a rotina da família? Já teve um cachorro ou não? Se for um animal de maior porte, é preciso checar se o futuro dono vai ter disponibilidade para passear com ele.
Hannelore Fuchs diz que um cão grande e sossegado como um Golden Retriever pode ser bacana para uma criança, mas com ele vem o ônus de ter mais cuidados, por se tratar de um animal maior e peludo. “Na hora de escolher, pensamos mais na gente, mas também é preciso levar em conta o bem-estar do animal”, afirma Lantzman. Portanto, ao pensar em ter um bicho, lembre-se que ele viverá muitos anos e que a vida e a saúde dele dependerão de você.
*Com colaboração de Andrezza Czech