Cianorte não tem ônibus adaptados para cadeirantes
Portadores de deficiências físicas em Cianorte, Paraná, têm enfrentado dificuldades no transporte público. A empresa responsável pelo serviço na cidade não tem nenhum ônibus adaptado para cadeirantes ou pessoas com limitação física. Nem há planos de disponibilizar o serviço, no curto prazo. A cidade conta com cerca de 3 mil portadores de deficiência.
O presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Cianorte (Adefic), Antonio Bueno, lembra que segundo o IBGE a cidade possuía, em 2007, exatos 2.923 portadores de deficiência física. “Hoje, esse número passa de 3 mil”, afirma. “Esse público merece mais atenção, pois o transporte público é um direito”.
Bueno recebeu a reportagem da Tribuna na sede da associação, no Centro Social Urbano. Além de faltar ônibus adaptados, ele disse que alguns motoristas desrespeitam pessoas que exigem atenção especial. “Chegou a hora de ter pelo menos um ônibus na cidade adaptado para cadeirantes. Precisamos nos locomover pela cidade e temos o mesmo direito dos outros passageiros. Muitos associados reclamam quando precisam de transporte, e que motoristas faltam com educação além de dirigirem bruscamente”, reclama.
Já houve, segundo a entidade, conversações sobre o assunto com representantes da empresa que explora o transporte público em Cianorte. “Eles se comprometeram a providenciar uma circular adaptada, mas que até hoje isso não aconteceu. Vemos propagandas falando que todo mundo é igual, da inclusão social do deficiente físico, mas na prática é bem diferente”, frisa.
SOLUÇÃO
O presidente da Adefic destacou que Cianorte precisa de pelo menos um ônibus adaptado e mostrou o exemplo de Toledo. “Lá há 3 circulares adaptadas. Quando algum deficiente precisa do serviço, basta ligar para um 0800 que a empresa agenda o horário e o bairro que vai precisar do serviço. Assim a empresa não precisa manter os ônibus na rua o tempo todo. O sistema funciona muito bem. Propondo soluções para o impasse”, comenta Antônio Bueno. “O sistema poderia ser adotado em Cianorte, caso a empresa tivesse pelo menos um ônibus adaptado”, emenda.
A Adefic existe em Cianorte desde 1996 e atualmente conta com 138 associados cadastrados. A entidade se compromete a ajudar os associados com o que for necessário. “Eecebemos doações de cadeiras e repassamos para quem precisa, além de remédios e cestas básicas. A verba é repassada pela prefeitura”, conta.
Não há previsão para solução no curto prazo
O responsável pela empresa de transporte coletivo Viação Cianorte, Milton Luiz Gurginski, disse que a discussão sobre ônibus adaptados existe há anos e nunca houve um consenso. Para ele, o problema vai além do transporte coletivo. “Primeiro o cadeirante deve ter condições de chegar até o ponto de ônibus. A cidade deve oferecer estrutura ao deficiente físico. Outro ponto crítico é a linha do ônibus. De que adianta colocarmos o ônibus especial em uma linha e as outras continuarem sem? Então esta é uma questão que deve ser analisada de todos os ângulos”, comentou.
Gurginski destacou o tempo que leva para o embarque de cadeirante. “Um cadeirante demora cerca de 5 minutos para embarcar. Se o ônibus ‘pega’ dois na mesma linha, por exemplo, o tempo de chegada da circular no terminal atrasa bastante, prejudicando quem depende da integração. Nos ônibus adaptados, existe uma engrenagem que se ficar uma semana sem usar já estraga, fica travada, e pode acontecer de não aparecer nenhum cadeirante neste tempo”, destacou. Segundo ele, dentro de seis meses “pode ser que a cidade receba pelo menos um carro adaptado para cadeirantes”, encerrou.
ALTERNATIVA
O presidente da Adefic, Antônio Bueno, acrescenta que além do problema dos ônibus a entidade também convive com a falta de um veículo próprio para a realização dos atendimentos aos associados. “Gostaria que o empresariado de Cianorte se solidarizasse com nossa causa e nos ajudasse com a doação de um veículo, como uma Kombi adaptada, para que possamos prestar nosso serviço cada vez mais com qualidade”, ressalta.
Os interessados em ajudar podem entrar em contato com a Adefic, pelo telefone 3631-8072 e falar com Maria Odete, a secretária da associação.
Fonte: http://www.tribunadecianorte.com.br/ (24/08/09)
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