Comentário em Destaque
Caros leitores,
Quando publiquei o texto Indignação, fazendo referência ao garoto Guilherme, portador de paralisia cerebral, a leitora Francinelle fez um comentário e ao mesmo tempo uma denúncia. Como considerei relevante seu relato, pedi a autorização a Francinelle para publicá-lo. Vejam o texto abaixo:
“Olá Vera,meu nome é Francinelle,conheci seu blog por intermédio da Fabi que comentou e colocou o link no blog que escreve. Sou PC* tbm e lendo essa máteria sobre o caso de guilherme,além de me indignar me deixou muito apreensiva,visto que,assim como Guilherme, tenho muita dificuldade na escrita e na fala.
Irei prestar vestibular no dia 10 de janeiro pela UFPA (resido no estado do Pará), para a 3ª etapa e tive problemas com a etapa anterior pois mesmo ficando um certo tempo além do periodo estabelecido para as pessoas com deficiência que é de 1 hora a mais, não tive como terminar dentro desse prazo e ai houve uma certa pressão por parte dos funcionários da instituição, que queriam sair, para que eu entregasse a prova logo, resultado; perdi algumas questões importantes e que irá fazer falta na somatória das notas.Imagino como vai ser agora na 3ª etapa, já que além das questões das matérias, vai entrar tbm a redação.Resumindo,tô em pânico”
*PC (Paralisia Cerebral)
Penso que o MEC (Ministério da Educação) precisa urgentemente rever o tempo extra (1 hora a mais), que é destinado as pessoas com deficiência, para fazer provas de vestibulares, haja vista a necessidade de respeitar o ritmo e os limites de cada aluno. Cobra-se tanto isso no dia a dia do professor em sala de aula, por que tem que ser diferente com o Ministério da Educação e com o Instituto Nacional de Educação? Acredito que o exemplo deveria partir justamente desses órgãos. No entanto, de acordo com a leitora Francinelle e o caso de Guilherme, não é isso que vem ocorrendo.
Cada deficiência tem sua especificidade e singularidade, então é fundamental verificar qual das deficiências irá exigir mais tempo do que a outra. No caso de paralisia cerebral, uma hora é insuficiente, Francinelle relatou sobre isso e a mãe de Guilherme disse na reportagem que está preocupada com esse tempo. Partindo desse pressuposto, se os órgaos da educação começarem a pensar dessa forma, estarão pensando em uma educação inclusiva, àquela que respeita o ritmo e os limites do aluno com deficiência.
Se cada ser humano pelo menos tentasse colocar-se no lugar do outro, para imaginar como se sentem as outras pessoas, certamente teríamos seres humanos mais conscientes e solidários.
Segundo os últimos dados do Censo Escolar, o número de deficientes matriculados no Ensino Superior está aumentando a cada ano que passa. Só para termos uma idéia, entre os anos de 2001 e 2006 teve um aumento de 140% nas matrículas de pessoas com deficiência.
Agora o que não entendo, é que os órgãos da educação têm ciência disso, mas ao que tudo indica ainda não estão efetivamente preparados para receber as pessoas com deficiência, seja na realização das provas de vestibulares ou mesmo em Universidades.
Sinceramente espero que as autoridades da educação brasileira, possam rever essa situação o quanto antes, para que outros alunos com deficiência não possam ser prejudicados.
Como já disse a Francinelle e ao Guilherme, esse será somente mais um obstáculo que eles vencerão com muito orgulho.
Vera (Deficiente Ciente)
Olá Vera!
Já tentei comentar o teu blog quando li o relato do teu acidente, mas não consegui…, deu um erro!
Agora, a minha indignação é tanta que tenho que te dizer…, os deficientes não são vocês…, são sim quem se julga superior a vós!
Quando li o relato do teu acidente e da lição de vida que tu és…, sabes o comentário que eu queria deixar é que…, depois de te ler, quem se sentia deficiente era eu!
Tenho uma grande admiração por ti!
Um beijo!
Olá querida!
Muito obrigada! Quem dera se houvesse mais pessoas como você nesse mundo: solidárias e humanas.
beijos
Vera
Vera, querida…
Há tanto que nosso governo discursa sobre educação inclusiva, porém, não dá suporte, nem estrutura para que tal ocorra de forma decente e digna…
Os professores tentam fazer a sua parte, mas perante os obstáculos que os próprios "idealizadores" do projeto impõem, a situação acaba se tornando bastante difícil…
Só o amor pelas pessoas e o sentimento de humanidade que as pessoas envolvidas com a educação têm, é que fazem com que não desistamos…
Amor… é o que temos que ter sempre no coração…
Beijo, tenha um lindo fim de semana!
Querida Regina,
Não tem como deixar de ficar perplexa e indignada diante de uma situação como essa, não é?
beijos
Vera
Vera
Não tenho dúvidas de que tanto o Guilherme quanto a Francinelle vencerão seus obstáculos. eles são guerreiros e os guerreiros não se abatem nunca!
Maravilha estar aqui e aprender contigo e com os post que nos presenteia, Vera!
Lindo e lindo e lindo, sempre!
Tenhas um domingo maravilhoso!
Vera, parabéns pelo blog. Não sou deficiente, mas como ser humano tenho interesse pro todo tipo de inclusão e combate ao preconceito. A falta de acessibilidade, bom senso, respeito ao próximo e até mesmo a insensibilidade pro aqueles que não tem o problema e para os quais portanto não faz falta são as grandes causas… É divulgando, dialogando e deixando bem claro que todo cidadão merece respeito que mudanças virão.
abraços, Thomaz
Estudei na UFPA (sou originário de Belém), e nunca notei a falta de acessibilidade quer seja do processo seletivo quanto da estrutura geral da universidade (e treinamento docente). O relato da Francielle, de vcs (e do blog Sem barreiras da RBS), assim como a presença de um docente paraplégico no corpo docente do meu curso que me sensibilizaram quanto a isso.
Abraço, Thomaz
Obrigada, Gilberto!
Quero agradecê-lo também pelas lindas poesias e poemas que nos proporciona em Nel mezzo del cammim!
abraços!
Vera
Muito obrigada, Thomaz!
Entendo a sua preocupação enquanto ex-aluno da UFPA, é difícil acreditar que tenha acontecido isso, não é? Também entendo a preocupação da Francinelle, pois também sou deficiente e já vivenciei situações parecidas com a que ela passou.
Aparentemente a inclusão escolar parece ser uma realidade no Brasil, mas posso garantir que ainda estamos um pouco longe de chegar até lá…
Existe um artesanal de legislação referente a inclusão escolar, no entanto não são efetivamente cumpridas. Com sua ajuda e de outros, fazendo um trabalho de conscientização junto a sociedade, chegaremos a essa tão sonhada inclusão.
Abraços
Vera