Comportamento dos pais diante da deficiência de um filho
Caro leitor,
O texto abaixo foi extraído do site Bengala Legal.
“Se eu não podia ser como as outras pessoas, pelo menos seria eu mesmo, da melhor maneira possível“. (Christy Brown – My Left Foot- Filme: Meu pé esquerdo)
Psicologia da Diferença
Por Renata do Carmo de Assis Trugillo
Grande parte da psicologia do deficiente está intimamente ligada à psicologia social, ou seja, da interação desse indivíduo com outras pessoas e no ambiente próprio de cada um. Dessa forma, o indivíduo portador de alguma deficiência será menos limitado pela sua deficiência que pela atitude da sociedade em relação à deficiência.
Há uma história espanhola que pode ilustrar isto. Fala a respeito de uma terra em que seus habitantes um a um passam a desenvolver caudas. Os primeiros habitantes que passam a desenvolver tal coisa, semelhante a dos macacos, fazem o que podem para escondê-la. Desajeitadamente enfiam suas caudas em calças e camisas largas a fim de ocultar sua estranheza. Mas ao descobrirem que todos estão desenvolvendo cauda, a história muda de forma drástica. Na verdade, a cauda revela-se de grande utilidade para carregar coisas, para dar maior mobilidade, para abrir portas quando os braços estiverem ocupados. Estilistas de moda começam a criar roupas para acomodar, na verdade, acentuar e libertar as recém-formadas caudas. Logo começam a usar adornos para chamar a atenção a esta novidade. Então, de repente, aqueles que não desenvolveram caudas são vistos como esquisitos e começam freneticamente a procurar formas de esconder tal fato comprando caudas postiças ou retirando-se completamente da sociedade de “cauda”. Que vergonha, não ter cauda!
Essa influência da sociedade em excluir o diferente pode ser observada no comportamento de crianças pequenas que parecem não terem sido influenciadas pelos padrões da sociedade. Brincam livremente com as crianças diferentes: somente após incorporarem os padrões culturais de perfeição e beleza é que passam a zombar da criança de olhos vesgos, do garoto chamando-o de “retardado” ou imitando a gagueira ou a deficiência física dos outros. É a atitude da sociedade, na maior parte das vezes, que definirá a deficiência como uma incapacidade e é o indivíduo portador de deficiência que sofrerá as consequências de tal definição.
A Família
Do momento em que nasce uma criança com deficiência e esta é trazida para a casa, o clima emocional da família se transforma. Grande parte da reação inicial a esta notícia será determinada pelo tipo de informação fornecida, a forma como ela é apresentada e a atitude da pessoa que faz a comunicação. Estes aspectos citados serão bastante relevantes podendo determinar a aceitação desta criança no núcleo familiar. É pouco adequada a atitude dos pais em tentar disfarçar os fatos a fim de amenizar o choque dos familiares, principalmente em relação as crianças que conhecem tão bem a “psicologia” dos pais e sentem quando estão sendo enganadas.
Todos os pais que aguardam o nascimento de um filho idealizam essa criança que está por vir ao mundo, seja nos aspectos físicos ou comportamentais deste novo ser. Nos primeiros dias após o nascimento da criança é importante que os pais possam conciliar a imagem do bebê que formaram no período da gravidez (bebê idealizado) com as impressões que elas passam a ter deste bebê real. No caso de casais que venham a ter uma criança com qualquer deficiência este momento é muito mais difícil. Assim, alguns mecanismos de defesa surgem no psiquismo destes pais e são manifestos em comportamentos tais como:
Negação
Pais negam a importância do problema. Após alta da maternidade médicos encaminham para avaliação em centro de reabilitação e os pais não realizam tal coisa.
Projeção
Pais projetam a culpa sentida por eles próprios em pessoas próximas, geralmente nos profissionais envolvidos com a criança. Em alguns casos, colocam a culpa no próprio cônjuge.
Rejeição
- Pais afastam-se do bebê, não por que não se preocupem, mas porque é doloroso demais preocupar-se tão profundamente e sentir-se ao mesmo tempo tão completamente impotentes.
- Os filhos, cujos pais apresentam esse comportamento de rejeição podem desenvolver sentimentos que interfiram em seu comportamento tais como: ansiedade, tensão, sentimentos de inferioridade, auto conceito negativo, insegurança, falta de confiança em si, falta de iniciativa.
Superproteção
Mãe (geralmente nota-se esse tipo de comportamento nas mães) não permite que o filho sofra o mínimo de frustração que é importante para o seu desenvolvimento. Dessa forma, ela deixa de lado sua vida e passa a dirigir toda a sua atenção a esse filho. Frequentemente essa mulher passa a ter dificuldades no seu relacionamento conjugal e com os outros filhos. Ela não se sente digna de ter um momento para si, não consegue uma descarga adequada para as suas tensões e seu conflito aumenta.
A criança que a mãe manifesta esse tipo de conduta pode desenvolver comportamentos como: possessividade e egocentrismo, baixa tolerância à frustração, revolta ou apatia. É comum observarmos nesses pais sentimentos naturais de medo, dor, desapontamento, culpa, vergonha, frustrações e uma sensação geral de incapacidade e impotência. Todos esses sentimentos são naturais, pois são raros os seres humanos que poderiam aceitar de imediato um filho portador de uma deficiência.
A Pessoa com Deficiência
No que se refere a personalidade, não existe um tipo ou tipos que definam os indivíduos com de deficiência. O único ponto em comum entre as pessoas com deficiência é a própria limitação, ou seja, todos apresentam um déficit que os discrimina da população “normal”.
A deficiência física ou sensorial será vivenciada de formas diversas de acordo com a estrutura de personalidade de cada um. Assim alguns encaram a deficiência como um DESAFIO a ser superado com novas formas de adaptação, busca de outros referenciais. Outros mostram reações negativas de acomodação à situação com momentos depressivos e de angústia.
De uma forma geral a deficiência significa limites de ação e expansão pessoais e, consequentemente, pode acabar por segregar o indivíduo do convívio social afastando-o das oportunidades normais de realização (pessoal, profissional, social, afetiva, etc.).
A pessoa com deficiência tem as mesmas necessidades de qualquer outro indivíduo. Ele necessita ser amado, valorizado e sentir-se participante do grupo familiar e social. Incentivado pode tornar-se um adulto integral e produtivo.
Veja:
Criança deficiente sempre um anjo vindo do céu em forma de gente. É uma lição de vida e um teste de força e equilibrio para quem cuida.
Nosso filho do coração tem sindrome de west. É o xodó de toda a família. É realmente especial, mas especial para nós. amamos você MARCELO HENRIQUE!
Oi… Eu realmente não sei o que fazer tenho paralisia cerebral… Minha está saindo ou tentando de um relacionamento abusivo essa paralisia cerebral resultou na mobilidade reduzida o fato é eu até consigo fazer outras coisas cozinha outras não… Só que minha mãe me acha incapaz de viver sozinha, faço faculdade, eu tentei trabalhar uma vez no restaurante, sinto que tive pouca vontade, preguiça e mexer com notas pra mim não foi fácil conviver com minha mãe é difícil a personalidade é muito forte, sempre que fiz algo na vida nunca consegui terminar, batia o desânimo, preguiça e ansiedade eu já fui em psicólogos e psiquiatras a sociedade não está preparada para a pessoa com deficiência! Pelo menos não aqui nesse país! Nós queremos estudar e trabalhar como qualquer outros já tentei reclamar sobre acessibilidade na câmara daqui, nada onde moro é preparando para a pessoa com deficiência… Mas, vou falar de mim as pessoas tem complexo de ain ela é muito inteligente, outras como no caso da minha mãe ela é muito ignorante e não sabe nada do mundo! Ela pensa no futuro em colocar alguém pra cuidar das minhas coisas! O problema é que eu não quero! Ninguém é confiável pra mim! Queria que ela parasse com essa mania e conversar com ela, tenho medo… Enquanto os brasileiros não mudaram a mentalidade de ” são anjos” ou ” crianças” ou ” presente de Deus” creio nunca irá mudar! Queria que tivessemos vidas confortáveis como na Suécia! Enfim, é isso! Eu entendo que os pais não façam por ” maldade” mas, hora isso vai limitar o seu filho a depender dos outros! E eu não dependo tanto assim! Só queria convencer minha mãe ao menos não ter ninguém como padrinho/ madrinha pra cuidar de mim o resto da vida minha deficiência é leve creio que não precisa tanto alarde! Cuidado com cuidado excessivo aos filhos deixem eles independentes!
Entendo você e concordo com suas observações. Eu também não tenho noção de como lidar com uma pessoa com deficiência e a primeira coisa que vem a cabeça é não demonstrar essa minha dificuldade, buscando os caminhos que nunca me foram ensinados para me aproximar e de alguma forma ajudar… Te ouvir falando já foi muito importante pois já é uma experiência, mesmo que pequena diante de cada caso.
Obrigado!