Esporte Adaptado

Conheça dez curiosidades sobre as Paralimpíadas

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Jogos ParalímpicosAté sua última edição, em 2008, as Paralimpíadas, jogos esportivos envolvendo pessoas com algum tipo de deficiência, eram chamadas no Brasil de Paraolimpíadas. No entanto, em novembro de 2016, durante o lançamento da logomarca dos Jogos Paralímpicos, no Rio, o nome dos jogos perdeu a letra “o” e passou a ser chamado de Paralimpíadas a pedido do Comitê Paralímpico Internacional.

A intenção foi igualar o nome ao uso de todos os outros países de língua portuguesa: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, onde já se usava o termo Paralimpíadas. Além disso, a palavra “olimpíadas” é referente à outra organização esportiva, o Comitê Olímpico Internacional.

A palavra vem do inglês “paralympic”, que mistura o início do termo “paraplegic” e com o final de “olympics” para designar o atleta paralímpico. (Fonte: G1)

Os Jogos Olímpicos de Londres atraíram a atenção internacional e foram considerados um sucesso.

A BBC Brasil preparou um guia com dez curiosidades e as principais diferenças entre os dois eventos.

1- Anéis olímpicos

Apesar de soar parecido, e a palavra Paralímpico terminar em “olímpico”, estes jogos não são Olímpicos e os clássicos anéis olímpicos não são o símbolo destes jogos.

No lugar, há o Agitos, três arcos em vermelho, verde e azul que representam o lema Paralímpico, “espírito em movimento”.

2- COI e CPI, entidades diferentes

O Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Paralímpico Internacional (CPI) são entidades diferentes.

Os primeiros Jogos Paralímpicos Internacionais ocorreram em Roma, uma semana depois dos Jogos Olímpicos de 1960, que ocorreram na capital italiana.

Mas em 1968, a Cidade do México, sede dos jogos daquele ano, se recusou a ser a sede dos Jogos Paralímpicos e eles foram realizados em Tel Aviv. A partir daquele ano, os Jogos Paralímpicos ocorreriam em cidades diferentes dos Jogos Olímpicos.

Nos jogos de 1988, a cidade de Seul assumiu a realização também dos Paralímpicos e, desde então, os dois jogos ocorrem na mesma cidade. Em 2001 este arranjo foi oficializado e as cidades que querem sediar os jogos precisam se candidatar para os dois.

3- Classificações

Nos Jogos Paralímpicos um corredor cego não vai competir contra alguém que tenha paralisia cerebral. Mas, uma pessoa com paralisia cerebral poderá competir com alguém que tenha problemas de crescimento.

Os atletas precisam passar por testes de função e movimento com um profissional de medicina esportiva para receberem a classificação para jogar.

Natação, por exemplo, tem 14 classes. As variações classificadas como S1 a S10 cobrem problemas físicos, com o nível 10 sendo o que tem menos problemas e estas variações vão desde pessoas amputadas e que sofreram trauma na coluna indo até pessoas com nanismo.

As variações entre S11 e S13 se referem a atletas com problemas visuais e S14 para os que possuem deficiências intelectuais.

E as categorias se dividem ainda mais quando se levam em conta estilos de natação, como nado costas ou borboleta.

Um dos efeitos destas divisões e subdivisões é que na natação dos Jogos Paralímpicos serão distribuídas um total de 148 medalhas de ouro. Muito mais comparadascom as 34 dos Jogos Olímpicos.

4- Mesmos esportes, porém diferentes

Existem esportes que apenas pessoas com deficiência participam, mas a maioria dos eventos Paralímpicos podem ser reconhecidos por quem acompanha os Jogos Olímpicos.

Natação, ciclismo e atletismo ocorrem de uma forma parecida com os Jogos Olímpicos, porém divididos em várias modalidades diferentes (atletas com próteses, cadeiras de rodas ou guias humanos, por exemplo).

O futebol para cegos é outro exemplo e tem várias diferenças: a bola tem um guizo para que os atletas sigam o som, dois times de cinco jogadores cada disputam o jogo em uma quadra.

A área de jogo é menor e cercada, para evitar que a bola saia de campo e também para refletir os sons da bola e dos passos, o que ajuda na orientação dos jogadores.

O goleiro não é cego mas não tem permissão para sair de sua área. Um “guia”, que também não é cego, fica atrás do gol direcionando os jogadores.

Os jogadores usam comunicação sonora com termos específicos com gritos como “voy”, palavra em espanhol que significa “vou”, que funciona como um aviso que um jogador vai para cima de outro. E, para que tudo funcione, a torcida tem que ficar em silêncio.

5- Esportes exclusivamente Paralímpicos

Um dos esportes exclusivos dos Jogos Paralímpicos é o goalball, jogado por dois times com três jogadores cegos ou com deficiências visuais de cada lado. A quadra é retangular e tem marcações táteis.

O objetivo é atirar uma bola pesada, que tem guizos para orientação dos atletas, na rede do time adversário, enquanto a defesa tenta bloquear o avanço do time adversário com o próprio corpo.

Outro esporte exclusivo é a bocha, praticado de forma competitiva em mais de 50 países. Disputada em uma quadra fechada, pode ser jogada individualmente, em pares ou equipes.

Os atletas rolam, atiram ou chutam as bolas para fazer com que elas cheguem perto do alvo.

Este jogo foi introduzido originalmente para pessoas com paralisia cerebral. Mas, com o passar dos anos, também incluiu jogadores com outros tipos de problemas motores.

6- Acessibilidade

Foram necessários cinco dias para transformar a Vila Olímpica de Londres em uma Vila Paralímpica.

A capacidade de receber cadeiras de rodas nos locais de jogos foi aumentada com a remoção ou transferência de cadeiras. Torcedores cegos vão receber guias em áudio e os que tiverem problemas de audição ficarão sentados em locais com uma visão direta de telões.

Chris Holmes, diretor de integração paralímpica, afirmou que tudo já tinha sido planejado na Vila Olímpica para receber os Jogos Paralímpicos, com banheiros acessíveis, sinalização e pisos adaptados.

7- ‘Tapper’

Um dos elementos mais importantes nas competições de natação com atletas cegos é o “tapper”, um assistente do nadador. Um deles é posicionado em cada ponta da piscina com um bastão longo equipado com uma bola de espuma ou material macio na ponta.

Estes bastões tocam a cabeça do nadador para avisar quando eles se aproximam do fim da piscina, para evitar que eles batam na parede.

“Tocamos o nadador quando eles estão entre dois ou quatro metros do fim da piscina”, disse à BBC Marcelo Sugimori, um dos dois tappers da equipe Paralímpica do Brasil.

Sugimori era o tapper de sua irmã, Fabiana, medalha de ouro nos 50 metros freestile em Atenas, em 2004. Agora ele trabalha com outros dois nadadores cegos e parcialmente cegos.

“É preciso muito treinamento e muita confiança”, acrescentou.

8- Guias e corredores

Corredores cegos ou parcialmente cegos podem competir com um guia. Geralmente eles correm junto com os atletas, em alguns casos atados por um cordão ao atleta e funcionam como os olhos do corredor.

O guia fala com o atleta durante a corrida explicando onde eles estão, alertando sobre curvas e orientando se o atleta deve acelerar ou não. Cada um, atleta e guia, tem uma faixa exclusiva para correr.

Em algumas categorias, como T12, de atletas com alguma visão, os corredores podem escolher se querem ou não o guia.

A maioria das corredoras tem guias masculinos, já que um guia precisa ter a habilidade de correr mais rápido que a atleta.

A regra de ouro é que o guia não pode cruzar a linha de chegada antes do atleta, pois o atleta poderá ser desclassificado.

No entanto, não são apenas corredores que usam os guias. Salto triplo e salto em distância também usam guias, mas estes não correm. Eles apenas gritam os comandos para direcionar os atletas no salto.

9- Idade

Alguns dos melhores atletas paralímpicos não se encaixam no perfil de idade mais comum entre atletas olímpicos.

Um exemplo é o campeão de tênis em cadeira de rodas britânico, Peter Norfolk, tem 51 nos. Ele conquistou a medalha de ouro em Atenas e Pequim, está em terceiro no ranking mundial da categoria.

Alguns atletas ultrapassam os 70 anos.

Uma das razões é que os atletas podem ter chegado ao máximo do desempenho no esporte escolhido mais tarde do que atletas que não tem nenhuma deficiência como resultado de ter escolhido o esporte como parte de um programa de reabilitação, depois de sofrerem algum acidente que gerou a deficiência.

Mas, pode ser mais complicado. O grupo de atletas com deficiência é menor do que o grupo dos atletas olímpicos devido à falta de oportunidade. Seja pela falta de acesso físico a instalações esportivas ou à falta de percepção de professores de educação física ou daqueles que apoiam pessoas com deficiência em geral, que não notam que pessoas com deficiência podem ser extremamente capazes de excelência nos esportes.

10- Doping

Os atletas paralímpicos são submetidos à mesma lista de substância proibidas dos atletas olímpicos. Um atleta que precise tomar remédios para dor ou para algum tipo de tratamento precisa entrar com um pedido de isenção.

Cada pedido vai ser analisado individualmente por um comitê médico, como é feito entre atletas olímpicos.

E a isenção é dada apenas com uma dosagem definida do medicamento e durante um período específico. Os atletas que tomam os medicamentos precisam provar que não existe alternativa.

Fonte: Estadão

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

2 comentários sobre “Conheça dez curiosidades sobre as Paralimpíadas

  • Vera, parabéns pelo seu trabalho de tornar nossa vida mais humana.Um abraço.

    Resposta

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