Conhecer Libras faz implante coclear ser mais benéfico, diz fonoaudióloga
Michele Toso coordena pastoral dos deficientes auditivos de São Carlos, SP. Decisão da Justiça estendeu cobertura da cirurgia para os dois ouvidos.
Estudos recentes mostram que pessoas que sabem a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e tiveram implantados o aparelho coclear, que ajuda pacientes a recuperar a audição, aproveitam melhor o benefício. A afirmação é da fonoaudióloga Michele Toso, coordenadora da pastoral dos deficientes auditivos de São Carlos (SP).
“Eles têm um aproveitamento melhor, então, uma coisa não exclui a outra. Elas podem ser combinadas, para potencializar o desenvolvimento desse sujeito”, afirmou.
A professora de Libras Fátima Amâncio sempre teve dificuldades para ouvir e há quatro anos perdeu a audição por completo. Como já sabia a língua de sinais, continuou a se comunicar dessa forma. Mas há dois anos, fez a cirurgia e disse ter se surpreendido com o resultado.
“Conseguir ouvir o som do dia a dia é uma conquista. Música, campainha, buzina. Ouvir isso hoje é maravilhoso, muda a vida com a família, eu gosto muito, é muito legal”, revelou Fátima.
O médico otorrinolaringologista Alex Strose explicou que os aparelhos convencionais apenas amplificam o som e não fazem efeito quando a surdez é profunda. Nesses casos, o implante é a única alternativa para que o paciente possa ouvir. “O implante coclear é diferente, ele substitui totalmente a orelha. Ele é um dispositivo eletrônico computadorizado que leva o estímulo diretamente ao nervo auditivo”, falou.
Nos dois ouvidos
Uma decisão da Justiça Federal estendeu a cobertura desta cirurgia. Antes, os planos de saúde cobriam a cirurgia apenas para crianças e em apenas um ouvido. Agora, de acordo com a sentença motivada a partir de uma ação do Ministério Público, os planos devem fazer a cirurgia sem restrição de idade e, se necessário, nos dois ouvidos. O custo do implante é de cerca de R$ 60 mil e ele também pode ser feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para Strose, é importante que a cirurgia seja feita dos dois lados. “É uma questão de segurança. A pessoa que tem o implante de um lado só, que escuta com apenas uma orelha, vai ter dificuldade para identificar de onde vem a fonte sonora”, explicou o médico.
A dona de casa Edineia Lages tem uma filha de 9 anos que não escuta e na primeira vez em que pesquisou sobre o implante, foi informada de que a cirurgia era restrita apenas para crianças mais novas. Com a decisão da Justiça, ela afirmou que vai buscar saber mais sobre o assunto. “Vou procurar me informar. Isso é bom, muito bom, pois é caríssimo se for pagar para fazer”, disse.
Encaminhamentos
Geralmente, os pacientes passam por exames nas próprias cidades e depois são encaminhados para o Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto e em São Paulo ou também para o Hospital da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas.
Fonte: G1